Segundo a pesquisa XP/Ipespe, 60% dos brasileiros desaprovam a maneira de Bolsonaro governar o país. O aumento da rejeição tem crescido de maneira rápida e consistente nos últimos meses.
A avaliação do governo chegou a 48% de ruim e péssimo, de maneira que está claro que o elemento mais rejeitado da esfera federal é o presidente da república.
Mas não é apenas Bolsonaro.
A linha econômica determinada pelo ministro Paulo Guedes, o “posto Ipiranga” do presidente, é igualmente reprovada pela maioria esmagadora dos eleitores. Segundo a pesquisa, 65% acham que a economia está no caminho errado.
A expectativa do governo Bolsonaro, que se inicia bastante elevada nos primeiros meses do mandato, com até 63% dos eleitores com pensamento positivo, hoje se reduziu a 28%, ao passo que 45% consideram que, daqui para a frente, será um governo ruim ou péssimo.
O pessimismo com a manutenção do próprio emprego, que havia refluído ao final do ano passado, voltou a crescer. Hoje temos menos da metade (47%) da população com esperança de manter o emprego nos próximos seis meses.
No gráfico abaixo vemos ainda o que é um dos motivos principais para o desânimo e pessimismo da população: 55% dos entrevistados disseram estar com “muito medo” do coronavírus. Apenas 17% responderam que não estão com medo. Parece que ficha da gravidade da pandemia finalmente caiu, e caiu com força.
Ao mesmo tempo, a maioria esmagora da população, ou 58%, consideram que a atuação de Bolsonaro para enfrentar a pandemia é ruim ou péssima.
A tentativa de Bolsonaro de empurrar o ônus da crise para os governadores não está dando certo. A avaliação que a população tem feito é que Bolsonaro é o principal responsável, tanto que as notas de governadores e prefeitos, no combate à pandemia, são bem melhores: 21% acham que a atuação dos prefeitos é ruim e péssima; 31% que a dos governadores é ruim e péssima; ao passo que 58% acham que atuação do presidente é ruim e péssima.
A imagem da Lava Jato ainda é positiva na população. Segundo a pesquisa, 64% acham que a operação foi “importante contribuição a moralização da política brasileira”.
A pesquisa também traz números relativos à imagem de algumas personalidades políticas.
Os que tem imagem mais positivas e mais negativas são Lula e Bolsonaro. Lula é o campeão de imagem positiva, com 39%, mas também tem 41% de imagem negativa, enquanto Bolsonaro é o número 1 em imagem negativa, com 46% de negativo, contra 33% de imagem positiva.
Para a próxima eleição, 53% desejam que se “mude totalmente a forma como o Brasil está sendo administrado”.
A evolução da opinião negativa das personalidades mostra que Bolsonaro foi o que experimentou a maior variação negativa.
Outro ponto interessante da pesquisa está na tabela estratificada. O governo Bolsonaro hoje tem rejeição muito elevada nas capitais, de 60%.
Importante notar ainda que Bolsonaro hoje tem mais rejeição que aprovação entre evangélicos: 28% de ótimo e bom contra 30% de ruim e péssimo.
O Sul do país, também não é mais o bunker bolsonarista de antigamente: o governo Bolsonaro tem 36% de ótimo e bom na região, mas 45% de ruim e péssimo.
No Sudeste, por sua vez, onde se concentra o eleitorado mais numeroso do país, o governo tem 28% de ótimo e bom e 47% de ruim e péssimo.
Conclusão: os números mostram uma tendência bastante sólida de deterioração do prestígio do presidente da república e do governo. Quando essa rejeição se consolidar nos “grupos de whatsapp”, adeus Bolsonaro.