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Ricardo Cappelli: Lula reorganiza o xadrez

Por Ricardo Cappelli A suspeição de Moro foi o primeiro grande movimento desde a eleição de Bolsonaro. O presidente governava sem oposição, tendo o luxo de poder cometer erros sem correr muitos riscos. Enfrentava um exército de “brancaleones japoneses”. Agora isso mudou. Lula possui forte lastro popular. O Capitão sentiu o golpe. As máscaras entraram […]

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Por Ricardo Cappelli

A suspeição de Moro foi o primeiro grande movimento desde a eleição de Bolsonaro. O presidente governava sem oposição, tendo o luxo de poder cometer erros sem correr muitos riscos. Enfrentava um exército de “brancaleones japoneses”.

Agora isso mudou. Lula possui forte lastro popular. O Capitão sentiu o golpe.

As máscaras entraram na marra no figurino presidencial. O novo ministro da Saúde parece ter uma autonomia que os anteriores nunca tiveram. Até o Zé Gotinha voltou.

Outros movimentos devem ser observados. O “ideológico” Fábio Wajngarten foi exonerado da secretaria de comunicação. O governo federal voltou a veicular bastante publicidade na Rede Globo. Um acordo? Nada indica isso, mas…

A terceira peça mexida pelo Planalto foi a nova reforma ministerial, um movimento claramente defensivo. Bolsonaro pulou de vez no colo do Centrão, colocando uma deputada inexpressiva na Secretaria de Governo.

O capitão mexeu também na Defesa. Ele quer o controle total das Forças Armadas? Claro que sim, mas o rebatimento no ministério foi mais um efeito colateral do que qualquer outra coisa. Braga Neto jamais conseguirá entregar uma aventura golpista.

Os movimentos na Justiça e na AGU foram para fechar ainda mais os flancos, não para preparar uma ofensiva. A saída de Ernesto Araújo era pedida pelo agronegócio há muito tempo.

Contra o Ibis o time joga solto, arrisca. Contra o Barcelona fecha a defesa e joga por uma bola.

O STF fez a alegria do Centrão, que passou a ter um espantalho (Lula) para ameaçar Bolsonaro. Irão com o capitão até o final? Cedo ainda para qualquer afirmação, mas estão fazendo festa com uma iguaria muito apreciada em Brasília: presidente fraco.

Podem ir com Bolsonaro, navegando no governo, até a véspera do casamento. Na hora do altar podem pular no colo de Lula, sem nenhum constrangimento – essa turma tem faro de poder, irão para onde sua excelência, o povo, sinalizar.

E o impeachment? Vez por outra o assunto volta à mesa. O Centrão prefere Bolsonaro no colo ou Mourão marchando? Infelizmente, é improvável que o assunto avance, apesar do inaceitável desastre humanitário e econômico que assola o país.

A volta de Luiz Inácio mexeu também com os “japoneses”, que reagiram assinando um manifesto pela democracia. Apesar dos chiliques de parte da esquerda, Ciro fez a única coisa que lhe resta. Pensando no seu jogo, jogou certinho.

Há uma parcela importante do eleitorado em busca de uma alternativa, é a turma do “nem Bolsonaro, nem Lula”. Mas quem lidera quem? Doria, Leite, Huck e Mandetta apoiarão Ciro? O pedetista abrirá mão de sua candidatura?

Apesar de ser imprescindível para quem deseja um lugar entre os gigantes, é muito improvável que aconteça a junção do “resto do mundo”. Isolados, continuarão “japoneses”.

O establishment sonha com a terceira via. Não quer Bolsonaro e não confia no PT. Vai tentar de tudo para viabilizá-la. Mas, e se não ficar de pé? Quem escolherão? Para onde vai a classe média? Um Bolsonaro “domesticado”? Um Lula ressurgido das cinzas?

O mais provável continua sendo uma batalha épica entre Lula e Bolsonaro. Os cardíacos devem estocar remédios. Tudo indica que será no “fotochart”.

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Comentários

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Valter

05/04/2021 - 13h29

O Capelli está perdidão, não consegue fazer uma análise política fora da sua bolha. Parece o Alberto Carlos Almeida, um eterno Lula Vision.

Marco Vitis

03/04/2021 - 16h05

O único candidato que tem um Projeto Nacional de Desenvolvimento cuidadosamente elaborado para o Brasil chama-se Ciro Gomes. Se eu tivesse algum mágico poder sobre a realidade, colocaria Bolsonaro e sua quadrilha na cadeia. Quanto ao PT, determinaria um retorno à sua grandiosa origem, uma necessária reciclagem, porque é um partido importante para o Brasil, mas fez muitas cagadas que precisam sem higienizadas.

Alexandre Neres

03/04/2021 - 12h20

Concordo com a análise do Capelli. Acho que o Ciro jogou certo no seu jogo, adotou o caminho correto da única opção que lhe resta para tentar ser presidente, seu sonho.

Nós, de esquerda, não tínhamos nada contra o Ciro Gomes. Passamos 4 anos sofrendo ataques desnecessários, inclusive deste blogue, agora o jogo virou e por conta disso devolvemos a provocação. Ciro se deu conta de que para crescer, o PT teria que diminuir de tamanho, pois o partido é muito grande, tem base social e uma longa trajetória. Já nós, do campo progressista, temos a certeza de que nosso adversário é outro, mas não podemos perder a piada. Como essa turba teve a ousadia de mencionar que o Ciro estava à esquerda do PT? Só rindo.

Nada como o manifesto do sexteto para restituir às coisas ao seu devido lugar. Poderiam ter sido 7, aí a zoação seria maior ainda. Quén! Como seis cidadãos que pleiteiam a presidência e não votaram em Haddad têm a pachorra de invocar a democracia sem nem sequer fazer uma autocrítica por serem responsáveis diretos pela eleição desse estrupício?

O critério escolhido para fazer parte do seleto grupo dos arrependidos é não ter votado em Haddad no segundo turno de 2018. O marreco foi convidado, mas Marina Silva não. Flávio Dino nem pensar. Até o PSB foi alijado. Talvez tenha sido levado em conta também a vida pregressa do presidenciável. Se for oriundo de partidos conservadores e neoliberais como PDS, DEM e PSDB, é super bem-vindo. Se não, não é membro efetivo do clube, pois não pertence à casa-grande, à confraria dos quatrocentões e das capitanias hereditárias que dominam o país há séculos. Não faz parte da elite do atraso.

dcruz

03/04/2021 - 09h46

Lula é tão bom que sua sombra já está mobilizando esse governo genocida a fazer algo de útil. A próxima etapa é a fotografia do bozo se vacinando, portando máscara e um frasco de álcool gel na mão em lugar da caixa de cloroquina.

Cainã Simões

03/04/2021 - 00h24

Bolsonaro com o centrão, mas sem Trump na presidência da América do Norte, não tem tanta força, nem tanta popularidade.

Cainã Simões

03/04/2021 - 00h22

As mortes pela pandemia, e o colapso do sistema de saúde são o problema mais grave. Além de todos os danos sociais, pode tirar popularidade de Bolsonaro. Mas nada diz que a economia vai melhorar sem o Congresso agindo, ou um processo de impeachment, ou a renuncia do criminoso que que está na presidência. Os problemas econômicos podem tirar muita popularidade do senhor criminoso. Caso a parceria Ciro-Kalil vingue em Minas Gerais, essa polaridade Lula-Bolsonaro não terá todas as chances que podia. Esse período, 2021-2022, é totalmente diferente de 2018. Só em dezembro-janeiro poderemos saber melhor como a Ciro, Lula e Bolsonaro estarão fortes para chegar no segundo turno e vencer.

Paulo

02/04/2021 - 19h47

A utilização do termo “japoneses” como “todos iguais” poderia facilmente ser vista como racista, ou, quando menos, poderiam se sentir ofendidos. Aposto que o articulista não utilizaria “iguais como dois pretos no escuro”. Por aí se vê a hipocrisia da esquerda e sua política de cotas raciais…

    Tony

    02/04/2021 - 21h34

    Acho que o Ernesto Araujo hackeou a conta do Paulo, só pode…

Punter

02/04/2021 - 19h22

A terceira via seria o novo PSDB com Amoêdo, Dória, Huck….?

Kleiton

02/04/2021 - 19h19

Lula é anacronistico, ficou parado nos anos 90.

    Ronei

    02/04/2021 - 21h31

    Sério mesmo que vcs estão com esse medo todo do barba??

Danilo

02/04/2021 - 19h15

Queremos ver Lula em praça pública sem aviso prévio…bora ver o que acontece…?!?!

Uganga

02/04/2021 - 19h13

Pois é mas salvo engano Lula não quer se candidatar.


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