Os dados do desemprego até janeiro foram divulgados hoje pelo IBGE. A situação é dramática.
A pandemia não ajudou, naturalmente.
Mas uma breve comparação internacional nos oferece exemplos de diversos países, inclusive em nosso continente, que enfrentaram o vírus e, ao mesmo tempo, controlaram suas taxas de desemprego.
A pandemia encontrou o mercado brasileiro de trabalho numa posição vulnerável, tanto por razões estruturais (baixa complexidade de sua economia, alto índice de analfabetismo funcional, entre outros), como por razões mais contingentes, como um governo incompetente, indiferente ao problema social, e desprovido de qualquer projeto de desenvolvimento e geração de emprego.
Países com economias similares não vem passando por um drama tão intenso como o Brasil.
O desemprego no México, por exemplo, encerrou o ano de 2020 menor do que 5%.
Na Venezuela, segundo dados do Banco Mundial, o desemprego está em torno de 9%, o maior de sua história.
Nos Estados Unidos, cujo enfrentamento ao Covid-19 foi considerado um desastre por especialistas, em virtude de um presidente desequilibrado como Donald Trump, o desemprego registrou um salto, fechando o ano em 8%, ainda assim quase a metade da taxa vista no Brasil.
O drama do Brasil confirma, portanto, que o lema de Bolsonaro – Brasil acima de todos -, que já vimos ser uma verdade no que toca ao número de mortes diárias por coronavírus, também vale para o desemprego.
Com 14% de desempregados, o Brasil realmente está “acima de todos”.
Abaixo, separei alguns gráficos divulgados pelo IBGE.
Um gráfico que chama a atenção é o percentual de subutilização da força do trabalho. Esse componente junta desemprego e subemprego. Segundo essa classificação, 29% da força de trabalho no Brasil está hoje subutilizada, o que corresponde a 32,4 milhões de brasileiros!
Um fator triste dessa pandemia é que ela causou uma devastação no emprego informal, que às vezes costuma ser mais resistente. No gráfico abaixo, pode-se ver o estrago nos empregos sem carteira de trabalho assinada. Foram destruídos milhões de empregos informais. Foi pior até do que o visto em 2016, ano de terrível instabilidade política.
Em janeiro, tínhamos 15% menos empregos informais no país do que no mesmo período de 2020.
Outro gráfico do IBGE mostra que o contingente de trabalhadores no setor privado, com carteira assinada, nunca foi tão baixo. Hoje temos apenas 29,79 milhões de trabalhadores com carteira assinada no setor privado. É o menor nível da história recente brasileira.
Quando olhamos para a totalidade das pessoas ocupadas, igualmente nunca tivemos tão pouca gente trabalhando, mesmo com o aumento da população.
Em janeiro deste ano, havia 86 milhões de pessoas trabalhando, mais de 8 milhões a menos do que no mesmo período do ano anterior. Nenhum outro país do mundo registrou uma performance tão ruim no mesmo período.
O número de desempregados no Brasil já é de 14,27 milhões, um recorde histórico!
A recuperação vista nos últimos meses está vindo quase que inteiramente do setor informal, responsável por 81% dos novos postos de trabalho gerados.
Segundo o IBGE, já temos 34,11 milhões de pessoas ocupadas no setor informal.
Para efeito de comparação, o setor privado emprega formalmente apenas 29,7 milhões de trabalhadores.
O setor público, por sua vez, emprega 12 milhões de pessoas.
Abaixo o texto divulgado pelo IBGE:
Desemprego fica estável em 14,2% no trimestre encerrado em janeiro
Editoria: Estatísticas Sociais | Umberlândia Cabral
31/03/2021 09h00 | Última Atualização: 31/03/2021 11h00
Agência IBGE — O número de pessoas desempregadas no Brasil foi estimado em 14,3 milhões no trimestre encerrado em janeiro, o maior contingente desde 2012, início da série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada hoje (31) pelo IBGE. Embora a taxa de desocupação tenha ficado estável em 14,2% frente ao trimestre anterior, é a mais alta para um trimestre encerrado em janeiro. Já o contingente de pessoas ocupadas aumentou 2% e chegou a 86 milhões. Isso representa 1,7 milhão de pessoas a mais no mercado de trabalho em relação ao trimestre encerrado em outubro.
“Apesar de perder força em relação ao crescimento observado no trimestre encerrado em outubro, a expansão de 2% na população ocupada é a maior para um trimestre encerrado em janeiro. Esse crescimento ainda tem influência do fim de ano, já que novembro e dezembro foram meses de crescimentos importantes”, explica a analista da pesquisa, Adriana Beringuy. Com o aumento no número de ocupados, o nível de ocupação, que é o percentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar, ficou em 48,7%.
A maior parte desse aumento na ocupação veio da população informal. O número de empregados sem carteira assinada no setor privado subiu 3,6% em relação ao trimestre anterior, o que representa um aumento de 339 mil pessoas. Já os trabalhadores por conta própria sem CNPJ aumentaram em 4,8% no mesmo período, totalizando 826 mil pessoas a mais. Os trabalhadores domésticos sem carteira, após crescerem 5,2% frente ao trimestre anterior, somam 3,6 milhões de pessoas.
“A perda de força no crescimento da ocupação vem principalmente da menor expansão na Indústria, no Comércio e na Construção. E em relação à posição na ocupação, o trabalhador por conta própria e o empregado no setor privado sem carteira permanecem sendo aqueles que estão contribuindo mais para o crescimento da ocupação no país”, diz a pesquisadora. Com isso, a taxa de informalidade no trimestre encerrado em janeiro foi de 39,7%.
Os trabalhadores do setor privado com carteira de trabalho assinada e os empregadores foram duas categorias que mantiveram estabilidade frente ao trimestre encerrado em outubro. Mas na comparação com o mesmo período do ano anterior, o cenário é de queda. São 3,9 milhões de trabalhadores com carteira assinada a menos no setor privado. Já a queda no número de empregadores foi de 548 mil pessoas.
Houve queda de 1,1% na população fora da força de trabalho na comparação com o último trimestre. Essas pessoas que não estavam nem ocupadas nem desocupadas na semana de referência somaram, no trimestre encerrado em janeiro, 76,4 milhões de pessoas. Quando comparado ao mesmo período do ano anterior, esse contingente cresceu 16,2%.
Na comparação com o último trimestre, 720 mil pessoas saíram da força de trabalho potencial, que soma as pessoas em idade de trabalhar que não estavam nem ocupadas nem desocupadas, mas que tinham potencial para estar na força de trabalho. Esse grupo foi estimado em 11,3 milhões de pessoas.
Entre eles estão os desalentados, grupo de pessoas que não buscaram trabalho, mas que gostariam de conseguir uma vaga e estavam disponíveis para trabalhar. Após uma variação de 2,3%, o que representa estabilidade frente ao trimestre anterior, eles foram estimados em 5,9 milhões de pessoas, o maior número desde o início da série histórica da pesquisa, em 2012. Em relação ao mesmo período do ano anterior, quando havia no Brasil 4,7 milhões de pessoas desalentadas, houve um acréscimo de 25,6%. São 1,2 milhão de pessoas a mais nessa situação.
Ocupação aumenta nos Serviços domésticos e na Agricultura
Apenas três entre os dez grupamentos de atividades pesquisados pela PNAD Contínua cresceram na ocupação no trimestre encerrado em janeiro. Houve aumento de 4,8% no número de ocupados dos Serviços domésticos, o que representa 228 mil pessoas a mais no mercado. Já o aumento do setor da Agricultura foi de 2,7%, ou mais 225 mil pessoas. No mesmo período, cerca de 313 mil pessoas passaram a trabalhar no setor de Informação, Comunicação e Atividades Financeiras, Imobiliárias, Profissionais e Administrativas, que teve a sua ocupação aumentada em 3,1%. Os números dos demais grupamentos ficaram estáveis.
“A Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura foi uma das atividades menos atingidas pela pandemia. Esse resultado pode estar associado à mecanização da produção em larga escala. Além disso, é uma atividade desenvolvida principalmente fora da área urbana, não sendo tão impactada pelas medidas de isolamento social para o controle da pandemia, uma vez que não há grandes concentrações de trabalhadores, como ocorre nos serviços e no comércio”, explica Beringuy.
Na comparação com o mesmo período do ano anterior, houve queda de 2 milhões de pessoas no contingente de ocupados do Comércio (-11%), de 1,6 milhão em Alojamento e alimentação (-28,1%), de 1,3 milhão na Indústria (-10,3%), de 1,3 milhão em Serviços Domésticos (-20,8%), de 938 mil em Outros Serviços (-18,4%), de 702 mil em Transportes (-14,1%) e de 693 mil na Construção (-10,2%).
Massa de rendimento fica estável
A massa de rendimento real habitual ficou estável na comparação com o trimestre anterior, sendo estimada em R$ 211,4 bilhões de reais. Já na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, a queda de 6,9% representa uma redução de R$ 15,7 bilhões.
O rendimento médio habitualmente recebido caiu 2,9% frente ao trimestre encerrado em outubro de 2020 e foi estimado em R$ 2.521. Na comparação com o mesmo período do ano anterior, houve estabilidade.
Partagas
31/03/2021 - 22h21
Se o PR emitir decreto para liberar todas as atividades economicas os Prefeitos e os Governadores não o aplicam pois o STF deu plenos poderes aos mesmos.
O resto são narrativas as quais ninguém acredita mais…o monopólio da informação já era.
Tony
31/03/2021 - 19h03
Governo ridículo, economia uberizada, os jovens vendendo pano de prato nas feiras e entregando comida.
Governo miliciano e incompetente.
Ronei
31/03/2021 - 15h57
CAGED: Fevereiro 2021 + 401.000 postos de trabalho que governadores e prefeitos estão destruindo desde março.
Os brasileiros querem trabalhar e não ficar em casa inutilmente.
Alguém viu a esquerda, os sindicatos e outras inutilidades defendendo a classe trabalhadora ?
Tony
31/03/2021 - 15h53
Procurem outra narrativa pois é notorio que se dependesse do Presidente da República hoje ninguém seria obrigado a ficar em casa inutilmente, nem hoje e nem nunca.
Essas medidas trogloditas que estupram os direitos humanos fundamentais não possuem demostração científica nenhuma mas pelo contrário extrerminam empregos e vidas a curto e longo prazo. Quem dos governadores e prefeitos possui a comprovação científica e inconfitavel da eficácia do isolamento social a apresente…caso contrário deveria ser processado.
O resto do texto é desonestidade intelectual de quem tem tempo e dinheiro para fazer lives inúteis com Freixo e Mongolon.
Janster
31/03/2021 - 22h18
Não só Prefeitos e Governadores, os tribunais também metem o bico nessas medidas, concedem liminares, depois derrubam… essa porcaria de Brásil é uma zona.