A opinião de FHC sobre os principais candidatos

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) tem sido uma espécie de conselheiro político de um grupo que reúne empresários e alguns setores do mercado financeiro que buscam uma alternativa de centro (que também faça um diálogo com a esquerda e direita) para 2022.

“Eu gostaria mesmo que não fosse nem Bolsonaro, nem Lula. Se eu puder, vou trabalhar nessa direção: ter um candidato de qualquer partido do centro que expresse sentimento positivo. Não pode ser um centro morto, tem que ser um centro que tenha lado.”

Para ele, é difícil o PSDB não ter candidato ao Palácio do Planalto em 2022 e citou “líderes competentes” no partido como os governadores Eduardo Leite (Rio Grande do Sul) e João Dória (São Paulo).

Só que até o momento, os três principais nomes que estão na mesa são o ex-presidente Lula (PT), o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) e o próprio Jair Bolsonaro que tenta sobreviver no cargo até o final de 2022.

Sobre Lula, o tucano ponderou em entrevista ao Estadão que o petista não vai assumir o papel de esquerda revolucionária e muito menos do sindicalista dos anos 80. Ainda segundo FHC, Lula nunca teve compromisso com agenda de extrema esquerda.

“Duvido que Lula queira assumir que é a esquerda revolucionária. Aí ele perde. Bolsonaro vai ficar onde está. Lula é esperto, vai para o centro. Vai agradar todo mundo. Lula vai ser construído por Bolsonaro como o perigo do comunismo, mas ele não tem nada a ver com isso. Nunca teve. Não creio que as pessoas vão optar entre esquerda e direita no sentido ideológico.”

Terceiro colocado nas eleições de 2018 com mais de 13 milhões de votos, o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) também está no radar de 2022. Para FHC, o pedetista sabe discursar mas ainda lhe falta um direcionamento ideológico.

“Não acho que seja a pessoa que o Brasil precisa neste momento para abrir um caminho de renovação. Ele sabe falar, mas não sabe para que lado vai. Tenho a sensação que ele pode ir para qualquer lado. Ciro não é de esquerda, de direita nem centro. Ele é ele.”

Questionado sobre Jair Bolsonaro, o tucano afirmou que o ex-capitão ainda tem apoio da classe dominante e que uma fração da classe média ainda se sente representada por ele. Desta forma, FHC ainda não vê razões para um impeachment.

“Não vejo razão para isso. Ele tem apoios. Você tem impeachment quando o Congresso para de funcionar. Não é o caso. Bolsonaro tem mais apoio que Dilma porque é mais competente em lidar com os interesses que o seguram lá”

Passando por um momento de derretimento na sua imagem, o ex-juiz Sérgio Moro ainda se encontra no jogo como possível candidato. Sobre ele, FHC foi objetivo ao dizer que o ex-ministro da Justiça não tem força política.

“Ele simboliza a classe média radicalizada que quer acabar com a corrupção. Não vejo que ele tenha força política real. Pode ser que tenha no Paraná. Esse governo não é especialmente corrompido.” 

No entanto, o ex-presidente ainda aposta no nome de Luciano Huck como alternativa de “renovação” mas fez algumas ressalvas sobre o apresentador.

“O que falta a ele é ser líder político, que é outra coisa. Ser líder político é ter comando sobre o Congresso.”

Redação:
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