“Sem capacidade econômica, produtiva e tecnológica na saúde, não teremos direito à vida”. Essas são as palavras do líder do grupo de pesquisa Desenvolvimento e Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Carlos Grabois Gadelha.
Recentemente foi lançada pela própria Fiocruz o projeto Desenvolvimento, saúde e mudança estrutural: O Complexo Econômico-Industrial da Saúde 4.0 no contexto da covid-19 com o objetivo de formular políticas para o setor de saúde.
Na entrevista concedida ao Valor, Gadelha defendeu que o Brasil tenha um complexo Industrial da Saúde e deu suas razões.
“A saúde é uma das áreas mais críticas para as perspectivas de futuro em termos globais e para a inserção do Brasil. É um complexo econômico que representa 10% do Produto Interno Bruto [PIB]. Nos países mais desenvolvidos, essa parcela do PIB se aproxima de 15%, caminhando para 20%. No Brasil, são R$ 700 bilhões em termos de valor adicionado por ano”
O pesquisaador também ressaltou que é necessário reacender no país um grupo que trate especificamente desse assunto.
“A primeira questão é recuperar institucionalidade perdida quando foi encerrado o grupo executivo que tratava do complexo da saúde. É preciso uma política sistêmica para articular ações de governo, isso não é blá-blá-blá. Sem isso, a área social vai para um lado, a industrial, para outro, assim como a econômica e a de ciência e tecnologia”.