Por Gabriel Barbosa
A tentativa de intimidação de Jair Bolsonaro contra o vice-presidente Nacional do PDT, Ciro Gomes, além de representar a ousadia de um covarde também mostra que o ex-capitão do Exército pode ter escolhido o seu pior pesadelo político.
Nada de Bolsonaro é feito sem ter um significado, seja macabro ou eleitoral, e desde que assumiu a cadeira da presidência, o inquilino indesejável do Planalto tem sido alvo de fortes críticas do líder pedetista.
Com isso, é fato que ao longo desses 26 meses, Ciro tornou-se uma espécie de pedra no sapato de Bolsonaro, considerado umas das vozes mais ativas da oposição. Os filhos do presidente também se tornaram alvos das investidas oposicionistas de Ciro.
Optar por bater de frente contra um possível adversário em 2022, usando a Polícia Federal, e no momento de derretimento do seu governo pode ter sido uma das piores escolhas políticas de Bolsonaro. No final das contas, o presidente deu uma brecha para que o pedetista, um operador do direito, prove publicamente suas denúncias.
Convenhamos, não é difícil!
Logicamente, Ciro pode ser beneficiado com essa iniciativa de Bolsonaro, apesar do “particularmente, não ligo” do ex-ministro.
E politicamente?
Diferentemente de outros opositores de Bolsonaro o ex-governador, até onde se sabe, não tem ‘teto de vidro’ no que diz respeito a acusações de corrupção e narrativas baseadas somente na negação política.
Sendo assim, não será uma tarefa árdua se defender da perseguição de Bolsonaro. Além disso, o presidente acabou deixando o caminho livre para que o pedetista explore a narrativa da honestidade, qualidade considerada essencial para 35% dos eleitores que responderam a última pesquisa da XP/Ipespe.
De fato, o histórico de processos contra o ex-ministro é longo, mas boa parte dos seus acusadores não são considerados exemplos de moralidade na vida pública.
Um deles foi o ex-presidente da Câmara e todo poderoso, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que atualmente é condenado por 15 anos no escândalo do petrolão e foi um dos líderes ferrenhos do impeachment contra a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), processo classificado como ‘golpe’ pelo pedetista.
Em 2009, Cunha entrou com uma queixa-crime contra o então deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) por injúria e difamação após o parlamentar cearense ter dito em uma palestra que o peemedebista era um “exemplo de pessoa que não presta”.
Dois anos depois, o juiz federal da 12ª Vara Federal do Ceará, Augustino Lima Chaves, arquivou a queixa de Cunha por entender que Ciro Gomes “se referiu a temas nacionais e não no campo da moralidade pessoal”.
Até o momento, o pedetista não deu sinais sobre o que vai fazer a respeito do pedido de investigação feito por Bolsonaro, mas ao longo do dia recebeu a solidariedade de líderes políticos.