Lira defende despolitização da pandemia e adoção de critérios técnicos

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), descartou a adoção de lockdown geral no País para conter a pandemia de coronavírus ou mesmo a tomada de medidas mais restritivas em regiões mais atingidas pela Covid-19. A declaração foi dada nesta segunda-feira (15) em conferência online promovida pelos jornais Valor Econômico e O Globo, que também contou com a participação do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco.

“Não há necessidade neste momento de medidas mais duras. Todos os extremos neste momento são complicados. Extremos não ajudam”, apontou Arthur Lira. “Precisamos despolitizar a pandemia. Já sofremos isso com remédios, na vacina, e agora com a pandemia atingindo nível mais crítico.”

“Casos pontuais merecem ser tratados de maneira diferenciada. O Brasil é um país continental, como se fosse a Europa. Não podemos defender um lockdown em toda a Europa, sem diferenciar a Itália de Portugal. Um lockdown de 100% é uma loucura. Vai causar mais instabilidade do que estabilidade no País. Um lockdown zero é falta de racionalidade”, disse.

Arthur Lira declarou ser otimista por natureza, e considera ser possível deixar funcionar a economia a partir de critérios técnicos. “Medidas protetivas de fechamento da economia são perigosas”, alertou. “Temos de vacinar e buscar alternativas. A população já sabe o que pode e o que não pode.”

CPI
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, afirmou que o Congresso poderá instalar em um outro momento uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para apurar erros e eventuais crimes cometidos no combate à pandemia. “A solução não virá por uma CPI”, ponderou. Pacheco ainda afirmou que o sistema remoto de trabalho no Congresso dificulta o funcionamento de uma CPI.

O presidente da Câmara apontou para a necessidade de diminuir as diferenças sobre o combate à crise do coronavírus. “Não é hora de encontrar culpados. É hora de curar quem está doente e prevenir com a vacina quem ainda não adoeceu. Temos a obrigação de nos posicionarmos sempre com muito equilíbrio, para trabalharmos todos juntos”, apontou.

Reforma tributária
O presidente da Câmara lembrou que a reforma tributária será discutida em uma comissão mista de senadores e deputados, presidida pelo senador Roberto Rocha e com relatoria do deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB). “Vamos ter uma gestão compartilhada, uníssona, sem vaidades, para que a discussão seja a mais ampla possível”, defendeu. Ele espera que a proposta seja aprovada em até oito meses pelas duas casas do Congresso. “É a mais importante das reformas”, apontou. “Teremos menos burocracia e maior previsibilidade para as empresas, com menos custo. Será a melhor resposta para a crise.”

Arthur Lira reconheceu as dificuldades para aprovar a reforma tributária, especialmente porque a pandemia dificulta a discussão da proposta. “A questão mexe com interesses gigantescos”, observou. Mesmo assim, ele considera possível que a reforma avance com diálogo e transparência.

Rodrigo Pacheco apontou para os conflitos entre o iniciativa privada e o setor público, que não quer perder arrecadação no período da pandemia. “Há dúvidas dentro da iniciativa privada e divisão entre União, estados e municípios. Não é fácil, mas temos de buscar o possível”, propôs.

Eleições
Arthur Lira ainda condenou as discussões sobre as eleições de 2022, e afirmou ser um erro discutir as candidaturas neste momento de crise. “É tempo de aprovar reformas e tratar de problemas urgentes da pandemia. Se perdermos o tempo em discussões de 2022, se não atravessarmos hoje, não chegaremos em 2022”, alertou.

Impeachment
Lira, afirmou que não teve tempo de analisar os quase 60 pedidos de impeachment apresentados contra o presidente Jair Bolsonaro. “Não tive o tempo que o presidente anterior teve”, declarou, em referência ao ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia. “Em quase cinco anos de mandato, ele não achou motivação para que nenhum pedido seguisse em frente.”

Pauta do governo
Segundo o presidente da Câmara, a pauta de prioridades do governo será tratada “paulatinamente”, quando for formada maioria na reunião de líderes. Ele disse que não tem preconceito com nenhum tema. “Se estiver amadurecido com a sociedade e alcançar maioria, vai para pauta do Plenário. Não podemos fazer da Casa um guarda-roupa de esqueletos, ficar-nos negando a discutir assuntos”, disse.

Fonte: Agência Câmara de Notícias

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