O economista e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Nelson Marconi, criticou a possibilidade do Banco Central aumentar a taxa de juros no auge da pandemia e da crise econômica.
Segundo ele, os indicadores da economia nos meses de fevereiro e março serão piores do que foi em janeiro e por isso aumentar a taxa de juros “não tem nenhuma lógica macroeconômica”.
Leia os pontos apresentados pelo economista na íntegra.
As vendas do comércio caíram em janeiro , segundo o IBGE, e cresceu o número de empresas que atribuíram a queda ao isolamento social, que neste momento está, corretamente , se intensificando.
A inflação dos alimentos, apesar de alta, é declinante desde dezembro. Correspondeu a 0,28% em janeiro. E a inflação de serviços segue bem comportada.
Os indicadores de atividade econômica em Fevereiro e março serão piores que em janeiro , certamente. Retrocedemos um ano no combate à pandemia.
E nesse cenário, vem o mercado dizer que é necessário aumentar a taxa de juros? Não tem nenhuma lógica macroeconômica. Isso aqui parece o Febeapa, do Millor Fernandes.
E, se o motivo for a taxa de câmbio, não vai ser o aumento da taxa de juros que vai segura-la neste quadro. O governo detona diariamente nossa economia, e assim a revoada de recursos para o exterior vai continuar.
O problema é de confiança e inabilidade na gestão econômica. A alta da taxa de juros só vai piorar e derrubar ainda mais o nível de atividade.
Um último comentário sobre o que está ocorrendo estes dias. O tal mercado defende que o Bacen seja autônomo e insulado do governo. Agora, o contrário não é verdadeiro? O Bacen pode se intrometer nas questões fiscais, como vem fazendo?
Torna-se cada vez mais evidente que a única coisa que se deseja , com a independência do BC (a autonomia necessária ele já possui ) , é aumentar o poder dos diretores e daqueles que os indicam . É descarada essa movimentação!