Se quiser vencer a polarização, Ciro vai precisa acenar ao eleitor de Centro
Por Luiz Barbosa
“Vamos devolver a política para o debate racional, sem radicalismos, ódios e paixões que estão dividindo a nação brasileira”.
No momento em que escrevo esse texto, o trecho acima acabava de ser postado nas redes sociais do Ciro.
Não há nada de novidade nele, já que o ex-ministro sempre apostou no discurso antipolarização. Mas, como ávido seguidor da política nacional, não poderia deixar de pontuar certas contradições entre o discurso e a prática do potencial presidenciável.
Ciro possui um histórico de críticas inflamadas a seus adversários, com palavras duras e muitas vezes em tom muito além do que se espera de um candidato que quer conquistar o povo se opondo a Bolsonaro.
Não dá para chamar o povo à racionalidade enquanto trata a chegada de uma ex-presidente ao poder como um “aborto político”. Que tipo de racionalidade é essa?
Ninguém é obrigado a entender o contexto das palavras usadas pelo ex-Governador, cabe a ele saber medi-las e se mostrar na prática como candidato da racionalidade e não apenas no discurso.
Ciro quer ser eleito presidente com uma plataforma de centro-esquerda apoiado pelo centro e centro-direita, mas ao mesmo tempo trata a “faria lima” com desdém, exalta a voz em qualquer debate com liberais, baixando em si o espírito de professor do Brasil.
O que o ex-ministro parece desconsiderar é que muitos liberais também querem o melhor para o Brasil, mas enxergam alternativas para resolver os problemas do país que são diferentes da visão dos desenvolvimentistas, e tudo bem!
A questão é que para subir a rampa do palácio presidencial o Ciro precisa se mostrar minimamente confiável para essa parcela da sociedade. Nesse ponto o ex-ministro tem um arsenal gigantesco ao seu lado, que se bem usado seria finalmente reconhecido como o melhor candidato que é.
O primeiro deles é ter um Projeto Nacional escrito, é preciso destacar essa enorme diferença dos outros candidatos, o ex-Governador do Ceará tem um Projeto de nação e está disposto a dialogar e ceder em pontos que não são inegociáveis.
Alçado a isso, é preciso mostrar com mais clareza que sua equipe econômica é composta por profissionais extremamente capacitados e que, diferente do Bolsonaro com Guedes ou agora do Lula com (pasmem) Marcos Lisboa, Ciro não precisa de um “posto Ipiranga” para chamar de seu.
O ex-Ministro sabe por onde anda e não vai prometer alguém na economia apenas para ter votos e quando ganhar fazer o oposto do que prometeu. Em outras palavras, o governo Ciro não vai depender de um só homem na economia, mas sim de uma equipe capacitada, que é o que ocorre no mundo todo.
Ciro precisa convencer a população e especialmente o eleitor de centro/centro direita que pode ser um presidente para todos os brasileiros, instigando com palavras e gestos a esperança do coração das pessoas. O tom dado ao papo no ClubHouse é o caminho.