Gabriel Barbosa: O centro político é necessário para se reconectar com o Brasil

Imagem: Reprodução/Brasil em Movimento

Por Gabriel Barbosa

Faltando 18 meses para a eleição já existe um determinado ufanismo por parte da esquerda a respeito de uma suposta vitória em 1° turno do ex-presidente Lula que está de volta ao xadrez político após a decisão correta do ministro Edson Fachin (STF) que anulou as condenações da Lava Jato contra o líder petista.

Em discurso histórico, Lula voltou ao jogo em grande estilo e deixou claro que não sente mágoas mas que está disposto a tomar posições radicais e pediu para que “não tenham medo de mim”. Essa última mensagem foi uma sinalização clara e evidente ao centro político.

Já o vice-presidente Nacional do PDT, Ciro Gomes, partiu para a ofensiva ao falar sobre os esquemas e escândalos ocorridos durante os governos petistas e tem ganhado, até o momento, espaço na mídia tradicional e canais na internet como do historiador Marco Antonio Villa.

É bom lembrar que o pedetista já mantém diálogo com o centro, mas devido a volta de Lula, teve que “engrossar o caldo” contra os esquemas para tentar afastar esse segmento do petismo.

Até o momento, o pedetista mantém conversas com o PSD de Gilberto Kassab (ex-ministro de Dilma e Temer) e o DEM de ACM Neto (ex-prefeito de Salvador e presidente Nacional da legenda). Se o deputado federal Rodrigo Maia embarcar no MDB, o partido presidido por Baleia Rossi também pode entrar no rol de conversas.

Do ponto de partida, Lula e Ciro estão corretos ao desejarem o centro. Mas embora o ‘timing’ de Ciro seja um pouco mais vantajoso nos bastidores, Lula tem um peso político-eleitoral muito relevante. Apesar de todo o desgaste, o petista ainda é o maior líder popular do Brasil.

Todo esse movimento é realmente necessário, pois o centro político sempre foi um fator decisivo numa disputa eleitoral, seja local ou nacional.

Esse segmento envolve uma série de categorias na sociedade, desde os mais vulneráveis nos rincões do Brasil, profissionais liberais, o médio e pequeno empresário e a classe média. São recortes da sociedade que estão sofrendo como nunca com a pandemia e a falta de sensibilidade por parte do Governo Bolsonaro.

Tratá-los como inimigos ou “fascistas” é apenas ‘peleguismo’ de quem vive na sua fantasia ideológica.

Mas felizmente, tanto Ciro Gomes quanto o ex-presidente Lula não cometem esse erro. Vale lembrar que o próprio petista só chegou ao poder em 2003 graças ao apoio do centro representado pelo empresário mineiro José Alencar que foi vice de Lula pelo PL.

A grande questão é que tanto PT quanto PDT estão buscando o mesmo objetivo político, trazer o centro para seus palanques.

Mas o que Ciro tem a oferecer além do seu Projeto Nacional de Desenvolvimento?

Seus 13 milhões de votos conquistados em 2018 sem ter uma estrutura de campanha sofisticada, e os 38% que não querem nem Lula e nem Bolsonaro comandando o país a partir de 2023, segundo a pesquisa Exame/Idea.

Esses dois primeiros fatores deixa Ciro numa posição que o centro não vai jogar fora.

Além disso, o seu distanciamento cada vez mais evidente do PT também agrada uma parcela do centro ligada ao agronegócio e a mídia.

E Lula? O que tem a colocar na mesa além do passado de glória dos seus dois mandatos na presidência?

O seu poder de voto, estrutura partidária, sua arte de conciliar interesses tanto do dito mercado quanto dos trabalhadores, propondo assim uma espécie de grande pacto nacional e carregando como portfólio os seus dois governos, pois é evidente que Lula passou a borracha no Governo Dilma Rousseff (2011-2016), isso ficou claro no seu discurso no Sindicatos dos Metalúrgicos em São Bernardo do Campo (SP).

Um adendo

Se ao longo desse período de pré-eleição houver um diálogo profundo entre forças de esquerda, incluindo logicamente Lula e Ciro, o primeiro passo para que esse campo comece a renascer é assumir as derrotas consecutivas desde o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e a partir disso patrocinar um rearranjo de forças na sociedade, de baixo para cima e junto com o centro para reconstruir o Brasil da tragédia Bolsonaro.

Gabriel Barbosa: Jornalista cearense com pós-graduação em Comunicação e Marketing Político. Atualmente, é Diretor do Cafezinho. Teve passagens pelo Grupo de Comunicação 'O Povo', RedeTV! e BandNews FM do Ceará. Instagram: @_gabrielbrb
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