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Cláudio Moreira: Precisamos falar sobre Eduardo Leite (PSDB)

Por Cláudio Moreira “Precisamos Falar Sobre Kevin” é o nome da perturbadora obra de ficção da brilhante Lionel Shriver, que desdobra a relação entre uma mulher armênia que não queria ser mãe e um filho psicopata, responsável pelo massacre de 11 pessoas em uma escola, aos 15 anos de idade. Do bebê irritante até o […]

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Por Cláudio Moreira

“Precisamos Falar Sobre Kevin” é o nome da perturbadora obra de ficção da brilhante Lionel Shriver, que desdobra a relação entre uma mulher armênia que não queria ser mãe e um filho psicopata, responsável pelo massacre de 11 pessoas em uma escola, aos 15 anos de idade.

Do bebê irritante até o jovem internado em um instituto correcional, passando pela criança cruel que aterrorizava babás, o livro – que virou filme em 2011 sob a direção de Linne Ramsay, perpassa todas as emoções possíveis de uma maternidade controversa, da indiferença mútua ao fardo parental.

O gancho para esse artigo, longe de qualquer associação do político em questão com a psicopatia do personagem de Shriver, é tão-somente o senso de urgência do título.

Do mesmo modo que a mãe da ficção precisava falar, tinha urgência, necessidade de elaborar um assunto que todos evitavam, está mais do que na hora do campo progressista passar a levar a sério o personagem Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul – e aqui, não emprego o termo “personagem” no sentido tradicional de farsa, mas sim do papel, persona de quem busca evidente protagonismo rumo às eleições de 2022.

Sim, porque João Dória, embora seja mais visado pelos holofotes da grande mídia como governador do Estado mais rico da federação, está longe de ter a predileção e influência do paulista junto ao partido de ambos, o PSDB. Não somente porque Dória seja “conservador demais” para quem manda no ninho dos tucanos, mas porque Leitte caiu nas graças de ninguém mais ninguém menos do que FHC, quase tão caudilho quanto Lula no petismo, porém à moda de um “déspota esclarecido”.

E goza também de estreita proximidade pessoal com a família de Tasso Jereissati, dona de grande capital político em um Estado influente que – tudo indica – também terá um candidato à presidência, o ex-governador Ciro Gomes. Os laços de Leitte com os Jereissatti se dão através do filho Carlos, dono do Grupo Iguatemi e membro da Governança da ONG Comunitas, de cujos cursos de capacitação Eduardo Leite volta e meia participa no exterior.

A relação umbilical entre o governador e a Comunitas vem desde os tempos de quando foi prefeito de Pelotas, tendo inclusive rendido uma investigação do Ministério Público. Não por acaso, o quase-talvez-presidenciável Luciano Huck espalhou para seus contatos na mídia que desejaria muito ter Eduardo Leitte como companheiro de chapa.

Huck é comunicador televisivo há mais de trinta anos, e um craque do marketing sabe reconhecer outro. Sem dúvida, Leitte é dos mais hábeis de sua geração na arte da publicidade favorável. Influencers do bolsonarismo já perceberam seu potencial, e tem caído na armadilha de lhe atacar, o que o ajuda sua estratégia de posicionamento de marca.

Afinal, Leitte quer se apresentar ao Centro do país não somente como o avesso de Bolsonaro, mas do próprio Bolsonarismo. Se Jair Messias não usa máscaras, fala de modo tosco, incentiva aglomerações e gasta milhões com cloroquina, Leitte é educado, sorridente, mantém a barba rigorosamente bem aparada e se manifesta sempre defendendo a ciência.

Coerentemente, a “Alma Mater” por trás de seu Plano de Distanciamento Social Controlado é a Universidade Federal de Pelotas, sua terra natal. Evocando a importância da ciência para o combate á pandemia e falando platitudes sobre o direito dos casais homoafetivos e da causa LGBT, Leitte seduz até mesmo parte da esquerda, a tal ponto que nem mesmo a bancada do PT lhe faz oposição efetiva na Assembleia Legislativa.

Mas quanto desse discurso aparentemente progressista é efetivo, e quanto é parte do seu cálculo político para preencher um vácuo de liderança num setor do eleitorado onde os nomes tradicionais, de Haddad a Ciro Gomes, apresentam alto índice de rejeição nas pesquisas? No Rio Grande do Sul, o Plano de Distanciamento Social Controlado que Eduardo Leite executa com mão de ferro, muito mais do que um estudo efetivamente científico, é um laboratório de experiências de burocratas.

Desde a semana passada, todas as regiões do Estado estão na chamada “Bandeira Preta”, fechando o comércio e mantendo apenas os “serviços essenciais”, que mudam a toda hora. No dia 8, até as floriculturas viraram serviço essencial, por causa do Dia Internacional da Mulher. Tudo muito científico, obviamente.

O “progressismo” de Leite não vai além da pauta identitária. Em termos econômicos, Leitte aposta na mesma cantilena das “reformas” que penalizam o serviço público – aquelas mesmas que, depois de não darem certo, sempre haverá um economista pra dizer que faltou mais um pouquinho de “remédio amargo” – até matar de vez o paciente.

Leitte mantém tal arrocho sobre os servidores públicos que mandou para casa professores contratados em licença médica para tratamento oncológico. Quando questionado pelo bolsonarismo sobre o uso de recursos federais da pandemia para colocar em dia a folha do funcionalismo – problema crônico do Estado – se evade da pergunta e sorri, o que, estranhamente, tem funcionado a seu favor.

O desejo de um nome viável que antagonize com o bolsonarismo e tudo o que ele representa, não pode fazer com que o campo democrático caia em nova armadilha. O jovem governador que hoje não perde uma oportunidade de criticar o presidente da República, não hesitou em deixar de lado seu apreço pelas bandeiras identitárias para declarar apoio ao atual presidente no segundo turno de 2018.

No livro de Schriver, referido no começo, a mãe de Kevin, escrevendo para o ex-marido, fala dos presentes que costumava lhe trazer de suas viagens ao exterior de uma forma curiosa. “como aquelas bagatelas que os japoneses trocam entre si — num saquinho dentro de uma caixa num saquinho dentro de uma outra caixa —, o brilho das minhas oferendas de paragens longínquas era apenas invólucro”.

Cabe à mídia progressista do centro do país analisar atentamente se esse novo presente que vem de paragens longínquas – esse pampa gaúcho sempre estranho ao resto do país – não é apenas embalagem contendo outras embalagens.

Cláudio Moreira é escritor, Pastor da Igreja do Evangelho Quadrangular, Diretor de Comunicação Social da Prefeitura de São Gabriel (RS) e presidente da Comissão Executiva Provisória do Movimento Cristãos Trabalhistas (CT/PDT) no Rio Grande do Sul.

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Comentários

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Andre

24/05/2022 - 14h10

Pastores estão tendo fama de malacos picaretas sanguessugas de dinheiro dos fiéis não é atoa, pois estão se tornando maioria como um irresponsável desse que homoafetivamente elogia a barbicha do bicha e chama com desrespeito a fala de nosso presidente de asquerosa. Asqueroso é voce falso pastor

Ze do Embau

22/07/2021 - 14h56

Q texto mais asqueroso,mentiroso,tendencioso-pura propaganda para essa farsante ai de barbinha bem cuidada.He um lula gay.

andre

19/04/2021 - 14h40

CARALHO QUANTO ÓDIO, TADINHO DELE
CADE A EMPATIA????

Yheko

02/04/2021 - 20h49

E EU VIM PERDER TEMPO LENDO UMA BABAQUISSE DESTAS, PQP!

Glauco

09/03/2021 - 21h36

Olha… Incrível a dificuldade que algumas pessoas têm em interpretar textos, até mesmo os mais claros. Refiro-me ao comentário do Sr. Juan Pablo. Será que é somente fruto da má qualidade da educação nas escolas ou também há uma dose grande de viés na leitura e talvez até mesmo má-fé?
De toda forma, parabenizo ao autor Cláudio pela abordagem clara e direta que infelizmente não encontra espaço dentro do jornalismo atual.

Galinze

09/03/2021 - 21h22

PSDB é a velha/nova esquerda.

Juan Pablo

09/03/2021 - 12h28

Quem escreveu o texto é obviamente um PSDB-fã e/ou um Eduardo Leite-fã. Um texto laudatório, que só aponta os atributos cheirosos do rapaz. Agora, chamar Lula de caudilho de déspota não esclarecido é de doer. Site progressista? De esquerda? Nossa, acho que alguém está lidando com conceitos errados, e não sou eu. Um texto que só poderia vir de um evangélico, que são a massa apoiadora do bolsonarismo, essa praga que está destruindo o Brasil.

Netho

09/03/2021 - 11h26

Voltamos a 1989. Leite é um Collor envernizado dos Pampas.

    Jacob Binsztok

    10/03/2021 - 13h52

    Mais perigoso que Collor e os tempos são outros. É preciso ficar de olho em Eduardo Leite e seus oportunistas avanços na pauta identitária.


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