Por Leonardo Aragão
O Brasil segue sua marcha de morte e caos em meio à pandemia da Covid-19. Hoje já somos o país com mais vítimas diárias pela doença no mundo, superando os EUA, que reorganizou o comando federal da contenção do vírus depois da posse de Joe Biden.
Enquanto isso, Bolsonaro segue seu discurso sob medida para provocar confusão e desmobilização institucional do combate à Covid-19: deslegitima o isolamento social, faz pouco caso dos enlutados, questiona o uso de máscaras.
Apesar de tudo isso, o presidente da República segue tendo cerca de 40% de aprovação da sua gestão em pesquisas de institutos sérios. Por outro lado, a Oposição continua com seu discurso chamando Bolsonaro de genocida e denunciando seu desprezo macabro pela vida da população. Tem adiantado alguma coisa?
É preciso ter em mente que o Brasil caminha para uma situação sem precedentes nas últimas décadas. Afinal de contas, vivemos muitas crises econômicas seríssimas nas últimas décadas, mas nenhuma delas simultaneamente a uma pandemia global que mata vorazmente.
Diante desse quadro grave, com morticínio da população, desemprego em massa, população sem renda e o Estado afundando em instrumentos de ajuste fiscal e dissolução do patrimônio público por meio de privatizações, chegaremos a um nível de extrema pobreza e de indicadores sociais que nos farão voltar a patamares da primeira metade do século XX.
Portanto, pensar em quem será candidato na eleição de 2022 é infrutífero porque não sabemos se teremos Brasil em 2022. Denunciar e apontar as contradições é fundamental, mas é tão importante quanto um diálogo franco entre figuras públicas do país para encontrar soluções.
A força institucional e econômica da máquina federal é imensa e tem poder de minimizar ou bloquear esforços dos demais entes. Bolsonaro tem usado todo esse poder para instigar a desinformação e o caos. No entanto não temos o direito de ficarmos inertes.
Chegou a hora de forças progressistas, seja nos partidos políticos, organizações, movimentos sociais e personalidades políticas iniciarem um movimento de pressão coordenada por saídas que superem o projeto de morte dirigido por Bolsonaro e levado a cabo pelo general Pazuello na área da Saúde.
Proponho a criação de um gabinete nacional de crise que envolva todos os governadores não alinhados ao bolsonarismo, os prefeitos de capitais e todo o pensamento nacional que classificamos como sendo de bom senso, que reconheceu a importância da ciência na superação do vírus, ainda que tenha tomado medidas questionáveis durante a pandemia.
Esse grupo reuniria, por exemplo, figuras como os ex-presidentes Collor, Sarney, Lula, Dilma e Temer, candidatos à Presidência da República em 2018, como Ciro Gomes, Fernando Haddad, Marina Silva, Geraldo Alckmin e João Amoêdo; autoridades do Poder Judiciário, especialistas do quilate de Natalia Pasternak, Átila Iamarino e Miguel Nicolelis, economistas, grandes figuras do empresariado nacional, além dos já citados governadores e prefeitos
A ideia desse fórum não seria fazer diagnósticos e unificar um coro de ataques e xingamentos de genocida a Bolsonaro. Essa tática esgotou. Defendo que este grupo se reúna para criar consensos e estabelecer um cronograma concreto de ações que estejam na alçada de suas funções. Tenho a certeza que um movimento coordenado encabeçado por ex-presidenciáveis e governadores de estilos diferentes como João Dória e Flávio Dino produziria sínteses importantes para a opinião pública e possivelmente encontraria alternativas para compensar a inação de Bolsonaro.
Pode soar utópica a pretensão de tal fórum, mas acredito que a gravidade do momento exige algo com essa magnitude. É uma espécie de Frente Ampla para enfrentamento da Covid-19, com foco no vírus, deixando de lado os ataques morais a Bolsonaro, focando na sua incapacidade política de produzir respostas.
Este espaço tem potencial de criar uma nova narrativa que sirva como um antídoto à justa desconfiança de parte dos brasileiros com tudo que venha do sistema político da forma como está, em acelerado apodrecimento desde 2013 e que leva uma parcela dos brasileiros, senão apoiar irrestritamente Bolsonaro, a duvidar destes que fazem o debate polarizado e no qual o presidente nada de braçada.
Netho
08/03/2021 - 14h53
Aragão foi um procurador petista de quatro costados. Quem leu o livro de Janot sabe o quanto operou para ocupar uma vaga no STF. Ao falar em Frente Ampla, logo no dia seguinte à entrevista de Lula ao El País, não deixa dúvida de qual ”Frente” está falando. A Frente Lulo-Petista.
Lula é candidato nato e não deixa dúvida de que 2022 é, para ele e o PT, não mais do que um acerto de contas, como se o PT e Lula nada tivessem a ver com o estado da situação catastrófica em que se encontra o país, por conta de seus rematados e repisados erros crassos.
Vê-se, pela entrevista ao EL PAÍS, que Lula persistirá nos seus erros crassos.
A mosca azul nunca saiu da sua cabeça e a serpente da vaidade continua enrolada nos seus calcanhares.
Basta ler um trecho da entrevista, transcrito abaixo, para identificar o lançamento da candidatura, já batizada pelo petismo, intra-muros, com o bordão: “Volta!, Lula”.
O PT botou sua Chapa Puro=Sangue na Rua.
A candidatura foi lançada no EL PAÍS, hoje:
LULA:
“”””Na hora que tiver que decidir, vamos ver quem tem mais condições de ganhar. A única possibilidade que eu tenho de ser, porque eu não disputarei com ninguém, é se as pessoas entenderem que eu sou o melhor nome. Se não, me contentarei em ir para a rua fazer campanha para um aliado nosso. Pedi ao Fernando Haddad começar a lutar pelo Brasil, porque ele tem um passaporte diplomático de 47 milhões de votos conquistados em 2018, ele não pode ficar parado em casa. Tem que ir pra rua conversar sobre educação, emprego, sobre salário, custo de vida””.
EdsonLuiz.
08/03/2021 - 12h34
Perfeito!
Para mim, perfeito!
Uma ação prática de fato, e forte o suficiente para contrapor o absurdo bolsonarista. E sem viés, sem ‘dono’ que afaste adesões. Eu tenho certeza de que
Flávio Dino acompanha este ‘ocafezinho’ : fica a provocação de que ele procure o Sarney (sim, Flávio Dino/Sarney, Maranhão) e procure o governador João Dória para iniciar essa articulação totalmente ampla que você propõe.
Daqui a pouco vão começar a desabar aqui os xingamentos contra sua proposta, porque não gostam de pluralidades (dessa vez desejo que isso não aconteça: por favor, deixem o ódio para lá, ao menos dessa vez!).
Estamos em mais de 250.000 vidas perdidas. Estamos com uma contaminação a cada 50 segundos. Temos mutações do vírus que aumentaram muito sua virulência, provocando maior gravidade da doença e maior velocidade de disseminação. Tratamentos que ocupavam UTI por dez dias estão agora ocupando por 30 dias. Com as mutações, a faixa etária da letalidade abaixou muito e está matando cada vez mais os mais jovens.
E quanto mais o vírus circular, maior a probabilidade de mutação. Pode vir a surgir uma mutação bem mais fatal. Caso surja uma cepa do vírus com velocidade de mutação impossível de ser acompanhada por alguma vacina, o problema já não terá mais solução.
Esta sua proposta de uma frente total para propor e fazer, com poder suficiente não para xingar, mas para contrapor bolsonaro é o que tem força prática suficiente para evitar o pior.