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Nova pesquisa XP/Ipespe traz aprovação do governo e cenário eleitoral para 2022

A nova pesquisa XP/Ipespe é muito ruim para Bolsonaro, embora os números ainda não apontem um cenário propício ao impeachment.  O governo ainda tem 30% de ótimo e bom,  o que representa uma queda expressiva dos 39% que ele chegou a possuir em agosto e setembro. Entretanto, o que há de mais interessante na pesquisa […]

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A nova pesquisa XP/Ipespe é muito ruim para Bolsonaro, embora os números ainda não apontem um cenário propício ao impeachment.  O governo ainda tem 30% de ótimo e bom,  o que representa uma queda expressiva dos 39% que ele chegou a possuir em agosto e setembro.

Entretanto, o que há de mais interessante na pesquisa XP/Ipespe são os cenários de primeiro e segundo turno para as eleições de 2022.

Para o primeiro turno, temos Bolsonaro na liderança, com 28%, seguido de Sergio Moro e Haddad, com 12%, e Ciro, com 11%.

A XP/Ipespe também trouxe sete cenários de segundo turno. Bolsonaro ganha em seis, e perde de Sergio Moro. Mas tirando Moro, o candidato que tem o melhor desempenho é Ciro Gomes, que pontua 37%, empate técnico com os 39% de Bolsonaro (desvantagem de apenas 2 pontos).

Haddad pontua 36% contra 41% de Bolsonaro, uma desvantagem de 5 pontos.

Huck fica 4 pontos atrás de Bolsonaro, pontuando 33%, contra 37% de Bolsonaro.

O governador de São Paulo, João Doria, fica sete pontos atrás de Bolsonaro, com 30%, contra 37% de Bolsonaro.

Há um cenário ainda entre Sergio Moro e Haddad, onde o ex-ministro da Justiça ganha com 14 pontos de diferença (43% X 29%), o que é um péssimo sinal para o PT, em razão de Moro representar – de maneira ainda mais forte que Bolsonaro – o que se convencionou chamar de “antipetismo”.

Abaixo, outros gráficos divulgados pela XP. Eu faço alguns comentários após cada um deles.

O pessimismo da população em relação ao restante do governo Bolsonaro vem crescendo muito.  Isso vai dificultar a vida do presidente. Em meados de junho ou julho, o governo conseguiu conter essa onda de pessimismo através do Auxílio Emergencial de R$ 600 (sendo que dois membros da família podiam receber). Essa cartada não é mais possível, não apenas porque o Auxílio dificilmente voltará a ser de R$ 600, como também provavelmente não terá a mesma extensão. Além disso, já não será novidade.

A aprovação dos governadores é bastante diferente segundo a região. No Nordeste, houve melhora expressiva na aprovação, com as notas de ótimo e bom representante 44%. Ou seja, os governadores do nordeste detêm muito mais aprovação que o presidente Bolsonaro, que tem apenas 30%. As notas ruim e péssimo dos governadores do Nordeste, por sua vez, caiu para 18%.

Os governadores do Sul tem um desempenho ainda melhor, com 50% de ótimo e bom, e apenas 15% de ruim e péssimo.

Já no Sudeste, identifica-se o movimento inverso, o que é um sinal ruim para o governador João Dória. As notas ótimo e bom dos governadores do Sudeste caíram de 32% para 25%, e as de ruim e péssimo subiram de 31% para 32%.

Observe que a população não percebeu melhora expressiva da violência e criminalidade no país: 85% dos entrevistados responderam que esses dois problemas aumentaram muito, ou aumentaram ou permaneceram os mesmos. Um percentual insignificante de 1% disse que “diminuiram muito”, e apenas 12%, que diminuiram.

Outro fator negativo para o governo é o aumento da expectativa de corrupção, que subiu para 48%, o maior nível desde o início do governo. Observe a evolução do gráfico. Ele mostra um processo de erosão constante da imagem do governo Bolsonaro como aquele que iria combater efetivamente a corrupção no país.

Esse é outro gráfico desvastador para o governo. 57% dos entrevistados acham que a economia está no caminho errado.

O gráfico mostra que 58% da população não recebeu auxílio emergencial, ou seja, mesmo que este volte a ser pago (é provável que o seja, embora com valor menor), ainda haverá um largo contingente da população que não o recebe e que, portanto, espera políticas mais efetivas de geração de emprego.

Conforme previsto, o percentual de pessoas dispostas a se vacinar disparou, puxado pelo bom benso, que foi por sua vez despertado pelas imagens na TV das pessoas se vacinando. Segundo a pesquisa, o percentual das pessoas que responderam que “com certeza irão se vacinar” saltou de 69% para 77% em 30 dias.

Nos gráficos sobre a confiança nas instituições, os seguintes fatores chamam a atenção:

  • Os partidos políticos estão na lanterninha do ranking de confiança nas instituições. Segundo a pesquisa, 85% dos entrevistados NÃO confiam nos partidos políticos. São a instituição em que o povo menos confia. Isso é muito ruim para a democracia, e deveria ser motivo de profunda preocupação e reflexão para os dirigentes e estrategistas partidários.
  • A presidência da república também vai mal: 61% dos entrevistados disseram não confiar na presidência. Houve deterioração expressiva nesse índice desde abril de 2019.
  • A Câmara dos Deputados também apresenta números ruins de confiança: 80% disseram NÃO confiar na instituição.
  • As Forças Armadas, por sua vez, figuram em primeiro lugar no ranking, com 62% dos entrevistados dizendo que confiam nelas. Mas os números estão piorando, porque em abril apenas 24% diziam que não confiavam nas Forças Armadas; hoje são 31%.
  • A boa imagem das Forças Armadas também explica porque o governo Bolsonaro tem dado tanto espaço a militares; é uma tentativa, consciente ou inconsciente, de parasitar a confiança popular nessa instituição.

A tabela acima traz os números espontâneos de intenção de voto. Números espontâneos são quando o pesquisador não apresenta nenhum nome, e o entrevistado tem que responder, espontaneamente, qual seu candidato preferido.

O presidente Bolsonaro tem uma presença desproporcional, com 21% das intenções espontâneas de voto. Todos os outros candidatos são “anões”, inclusive o ex-presidente Lula, que aparece com apenas 5% das intenções espontâneas. Empatados tecnicamente com Lula, temos Haddad e Ciro, com 3 pontos, Sergio Moro, com 3 pontos. Boulos, Doria e Huck tem 1 ponto. Os outros candidatos não pontuaram.

No histórico da pesquisa estimulada, temos o seguinte quadro: a pontuação máxima de Bolsonaro foi de 30%, em setembro. Hoje tem 28%.

Moro já chegou a ter 18% em abril; hoje tem 12%.

O nome de Lula foi usado na pesquisa de janeiro a maio de 2020; em sua última aparição, o ex-presidente tinha 17%.

A partir de junho, a XP/Ipespe passa a usar o nome de Haddad, que agora aparece com 12% das intenções de voto, depois de chegar a 15% em setembro.

Ciro Gomes chegou a 12% em novembro e dezembro de 2019, depois caiu para 8% em algumas ocasiões, como em abril e novembro de 2020. Agora tem 11%.

Na tabela estratificada com avaliação do governo Bolsonaro, o que mais me chamou a atenção foi os 56% de ruim/péssimo de Bolsonaro nas periferias das grandes cidades.

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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Comentários

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Mateus Nogueira

09/02/2021 - 15h31

Vixi, pelo que entendi os ciristas vão apoiar Moro pq tem mais chances nas pesquisas

Francisco

09/02/2021 - 13h05

Não sei por que, ao ler o título, veio-me à memória a clássica, “Violada no Auditório”.

Alan C

09/02/2021 - 10h41

Repito o que já venho falando a tempos, essas pesquisas, neste momento, servem pra muito pouca coisa num país cujo povo é, em sua maioria, ignorante e despolitizado.
Como pode um presidente, seja ele qual for, ter oscilação de 9% em 40 dias sem nada importante ter acontecido além do que já estava acontecendo?
Nem dá pra fazer qualquer análise, mês que vem serão outros 9% pra mais ou pra menos.

carlos

09/02/2021 - 09h01

Qual é a eleitoral que exige que os possíveis pretendentes a cargos eletivos, só podem fazer propaganda quando devidamente, registrado no próprio partido? Reforma política/eleitoral já!


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