Por Gabriel Barbosa
Não me surpreendo com a relação entre chefe e subordinado, o que me causa certa ojeriza é o grau de ‘sabugice’. Pois bem, a relação de Lula com Haddad é baseado unilateralmente nas decisões praticamente inquestionáveis do primeiro.
Assumindo o papel de figurante e sem apelo popular, o liberal Fernando Haddad disse na CNN que ‘Lula me pediu para colocar o bloco na rua’. Mas qual bloco?
Ao longo dos 25 meses do desastroso Governo Bolsonaro, qual foi o papel central de Haddad na oposição? Qual seu projeto apresentado nesses últimos meses?
O petismo tal qual como conhecíamos perdeu seu encanto e hoje se limita a um grupo de militantes que usam repetidamente o slogan “maior partido da América Latina” sem ter uma capital para governar.
Justamente, podem questionar sobre os quatro governadores do Nordeste, é fato, mas quantos destes se identificam realmente com o tal ‘bloco de rua’ do Haddad? Quantos deles se manifestaram publicamente sobre a preferência pelo nome do colega?
A única carta que Haddad tem na mesa é a memória dos governos petistas, mas nem isso poderá ajudar o professor do Insper na sua solitária empreitada.
Ao longo das possíveis investidas de Bolsonaro nas camadas sociais mais vulneráveis, através da ampliação do Bolsa Família, a predisposição ao voto petista vai diminuindo cada vez mais.
No Nordeste, reduto eleitoral do PT, os antigos aliados considerados inseparáveis do partido como Ciro Nogueira, Benedito de Lira (pai de Arthur Lira), Renan Calheiros, José Sarney e o próprio Eunício Oliveira movem seus liderados no Congresso Nacional para receberem mais recursos do governo Bolsonaro para carimbarem obras e programas sociais na região.
Dito isso, qual será o recurso simbólico e político que restará ao indicado por Lula?
O racha provocado na esquerda pelo lançamento de sua candidatura é reflexo do seu pouco engajamento com as bases. Praticamente, Haddad teve apoio somente da bancada do seu próprio partido e da CNB, com direito ao “vão se catar” de Alberto Cantalice sobre os críticos da decisão de Lula.
Flávio Dino, Guilherme Boulos, Jandira Feghali, Marcelo Freixo, Orlando Silva e Perpétua Almeida estão corretos nas suas análises, é necessário definir um projeto em comum antes de tutelar uma candidatura sem apelo popular, onde a única serventia é aperfeiçoar o antagonismo contra todo o campo progressista.
Sendo assim, Haddad já começa sua pré-campanha rachada no nascedouro.