Por Julio Leão
Nos EUA o Boston Consulting Group apresentou relatório1 em setembro de 2020, apontando que a estimativa de crescimento da indústria de semicondutores na década de 2020/30 é de 50%.
Este relatório também mostra que o governo americano deve investir de US$20B a US$50B para reverter o declínio na fabricação de semicondutores pelos EUA nos últimos 30 anos.
Tais investimentos repercutiriam em um aumento da participação americana de 14% a 24% no mercado, respectivamente e além disso gerariam 70 mil empregos diretos de alta qualificação.
Ao assumir o governo dos EUA em 2021, Biden apresentou a agenda2 para a área de semicondutores com um planejamento de US$300B em investimentos, sendo que destes, US$50B seriam para investimento em fábricas.
Em função da participação dos países europeus em apenas 10% do mercado anual de semicondutores que é de US$400B, 19 países europeus assinam uma declaração3 conjunta em dezembro de 2020 para investir 145B€ nos próximos 2 a 3 anos no desenvolvimento de semicondutores. E no Brasil? O que acontece?
O programa de formação de projetistas de circuitos integrados foi encerrado em 2019, um programa que necessitava de um investimento anual de cerca de R$2,5M e formou centenas de pessoas em mais de 10 anos de existência.
A construção da fábrica de semicondutores Unitec em andamento em Minas Gerais foi estagnada, faltando cerca de US$80M para sua conclusão, uma parceria público privada que não conseguiu ser finalizada pelos atores envolvidos.
A extinção da Ceitec, única empresa com centro de projetos e fábrica de circuitos integrados da América Latina, foi decretada em dezembro de 2020 pelo Presidente da República.
Foram investidos R$1B ao longo de 11 anos na Ceitec que está prestes a se tornar viável financeiramente e o governo sem discutir com especialistas, decide liquidar a empresa.
A empresa NXP, uma das 10 maiores empresas de semicondutores do mundo, anunciou o encerramento das atividades do centro de projetos em Campinas em janeiro de 2021, que atuou por 23 anos no Brasil e que empregava mais de 100 projetistas.
Uma mudança imediata de atitude por parte do governo federal é necessária para evitar a destruição dos investimentos já realizados na área de semicondutores e evitar que o Brasil se torne um grande fazendão, ou pior ainda para uma grande roça, como já foi caracterizado por vários economistas.
Texto publicado originalmente no blog do economista Paulo Gala em 29 de janeiro de 2021.
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