Pesquisas de opinião e eleitorais oferecem sempre a oportunidade de olharmos pela fechadura da realidade e espiarmos uma parte do que vai pela cabeça das pessoas.
Além disso, nos mantém atualizados sobre o perfil dos brasileiros.
Essa pesquisa Exame/Ideia divulgada hoje, por exemplo, nos lembra que 20% dos eleitores brasileiros tem ensino superior, e 49%, ensino médio. Somados, temos 69% de eleitores com nível de instrução acima do ensino médio.
Os evangélicos compõem 21% do eleitorado, contra 56% dos católicos e 14% dos “sem religião”; brasileiros com “outras religiões” formam um grupo de 9%.
No quesito renda, o maior grupo é aquele formado por brasileiros que ganham de 1 a 3 salários de renda familiar, que corresponde a 53% do eleitorado. Brasileiros que ganham de 3 a 5 salários de renda familiar, por sua vez, correspondem a 17% da população em idade de votar. Os que ganham acima de 5 salários, a 10%.
Uma questão interessante dessa pesquisa é que ela perguntou aos eleitores se o atual presidente, Jair Bolsonaro, merece ser reeleito. Metade dos entrevistados, ou 50,3%, responderam que não; 42% responderam que sim, e 7,7%, que não sabem.
A pesquisa Exame/Ideia trouxe avaliação do governo e do presidente, e diversos cenários eleitorais para 2022, em primeiro e segundo turno. Vamos começar pelos cenários.
Curiosamente, o nome de Fernando Haddad não aparece na pesquisa Exame. O candidato do PT é Lula. Isso traz uma vantagem e uma desvantagem. A vantagem é que podemos avaliar a força do candidato petista em sua capacidade máxima, que é representada por Lula ou por um candidato que consiga receber 100% de transferência dos votos lulistas. A desvantagem é que fica mais difícil prever o possível desempenho de um candidato petista que não seja Lula, e Lula ainda está inelegível, em virtude da Lei da Ficha Limpa.
Mas vamos lá.
A pesquisa vem com três cenários de primeiro turno. Todos com Bolsonaro, Lula, Ciro Gomes e Guilherme Boulos. A diferença entre eles é a presença ou não de Doria, Moro e Huck.
Bolsonaro apresentou um avanço notável, a custa do esvaziamento de seus concorrentes à direita. Hoje o presidente teria 32% a 36% dos votos no primeiro turno, e ganharia em todos os cenários de segundo turno.
Apenas Luciano Huck e Ciro Gomes, segundo essa pesquisa, oferecem risco de vencer o presidente no segundo turno. O apresentador da Globo fica apenas 3 pontos atrás do presidente, num eventual segundo turno (41% X 38%). Ciro Gomes, do PDT, fica 7 pontos atrás (41% X 34%). Já o ex-presidente Lula ficaria 17 pontos atrás de Bolsonaro (45% X 28%), e João Doria estaria 15 pontos atrás.
Quanto ao desempenho dos adversários de Bolsonaro no primeiro turno, Lula tem 15% a 17% nos três cenários, tendo perdido alguns pontos em relação a pesquisas anteriores.
Ciro Gomes, por sua vez, avançou 4 pontos nos cenários 1 e 2.
No cenário 3, aparecem os três nomes da centro-direita, Doria, Moro e Huck, e quem fica à frente é o apresentador da Globo, com 8%, embora apenas 1 ponto à frente de Moro, com 7%; neste cenário, Doria tem apenas 3%. Ciro pontua 10% neste cenário.
Outro nome que merece destaque é Guilherme Boulos. O líder sem-teto hoje aparece à frente de João Doria no cenário 1 (8% X 6%), e apenas 2 pontos atrás de Moro no cenário 3 (5% X 7%).
Flavio Dino, por sua vez, pontua 3% no cenário 3. Mas Dino já sinalizou que não tem disposição de disputar uma vaga para presidente, e que deve ser candidato ao Senado pelo Maranhão.
Na avaliação de imagem dos principais adversários de Bolsonaro, o ex-presidente Lula é tem as melhores e as piores notas: 20% dos entrevistados tem imagem positiva do petista, mas o dobro, 40%, tem imagem negativa.
Ciro também tem rejeição duas vezes maior do que sua avaliação positiva: é avaliado positivamente por 17%, mas negativamente por 34%. Ciro já está bem conhecido, visto que apenas 2% dos entrevistados afirmaram que não o conhecem o suficiente para opinar.
Boulos por sua vez, tem 38% de rejeição e 16% de aprovação.
Sergio Moro realmente parece ter perdido um bocado de prestígio. Há pouco tempo, era um dos homens mais admirados o Brasil; hoje apenas 13% afirmam ter imagem positiva dele; ele também parece estar sendo esquecido, já que 34% responderam que “não o conhecem suficiente”.
Quanto a aprovação do presidente Bolsoaro, ele conseguiu recuperar alguns pontinhos, depois de vê-la despencar na semana passada. Ainda assim, continua bastante deficitário, com 42% de rejeição contra 29% de aprovação.
A avaliação do governo segue de perto as notas do presidente: avaliação negativa de 42% contra 30% de positiva.
A íntegra do relatório da pesquisa Exame/Ideia pode ser baixada aqui.