Por Gabriel Barbosa
Opositor ferrenho de Bolsonaro em 2019, o líder do Centrão, Arthur Lira (PP-AL), se tornou a “cara metade” do presidente em 2020, ao ponto de se lançar candidato a presidência da Câmara em 2021 com o patrocínio do Planalto. Dessa forma, não tem como negar que foi uma metamorfose e tanto.
Visto pelos colegas do Parlamento como alguém que cumpre a palavra nos acordos, Lira construiu um passe livre em praticamente todas as bancadas da Câmara, incluindo logicamente os setores da esquerda.
Se engana quem diz: “Bolsonaro exerce influência sobre Lira”. No jogo, é Lira quem move o xadrez para sustentar o peso morto do Governo Bolsonaro caso vença a disputa contra Baleia Rossi (MDB-SP).
Em outras palavras, Bolsonaro é apenas uma peça frágil que necessita desesperadamente, pelo apego nojento ao poder, de uma blindagem contra seu próprio governo em queda livre. Até quando isso deve funcionar? É uma incógnita e dependerá muito mais da pressão nas ruas.
Evidentemente com Lira no comando da Câmara, o país deve assistir a sucessivas aprovações de pautas ligadas ao bolsonarismo.
No que diz respeito a economia não é uma boa notícia para Paulo Guedes e a borra do liberalismo, pois não existe comprovação histórica de que o Centrão vestiu a camisa das privatizações (Correios, Eletrobras etc) e muito menos de uma agenda ultraliberal.
Afinal de contas, seria um atentado contra a própria sobrevivência desse grupo que se vende como fator de “equilíbrio” em qualquer governo.
Talvez as únicas propostas que devem ser aprovadas a toque de caixa são as reformas tributária e administrativa. A conferir!
É claro que o futuro do Governo Bolsonaro é desastroso, não existe perspectiva de melhora e deve continuar sangrando até o final de 2022, se sobreviver até lá.
Lira já tem 250 deputados no seu bloco com emendas “extras” (R$3 bilhões) já garantidas por Bolsonaro, é um varejo a céu aberto, mas diferente de uma transação segura, o Centrão não oferece garantias.
Collor e Dilma sabem disso!
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