Nos Estados Unidos, as placas tectônicas da política se movem. O presidente eleito Joe Biden deve ser certificado hoje pelo Senado, apesar dos esperneios de Donald Trump.
Trump convocou manifestação hoje diante da Casa Branca para protestar contra o mesmo processo eleitoral que lhe deu a vitória em 2016. Ele pressionou publicamente seu próprio vice, Mike Pence, para que desse um jeito de sabotar a certificação de hoje. Como nos EUA, o vice-presidente é também presidente do Senado, ele tem algumas prerrogativas importantes. Mas Pence já declarou que não tem o que fazer.
Trump supporters got into fights with the Capitol Police after they tried to enter the Capitol Building. pic.twitter.com/ZQjn3fOVtL
— Julio Rosas (@Julio_Rosas11) January 6, 2021
Um escândalo sacudiu a política americana por esses dias. Um secretário de Estado da Georgia, responsável pela organização das eleições (nos EUA, não há justiça eleitoral, e os pleitos são organizados pelos governos estaduais), vazou uma conversa de mais de uma hora que teve com o presidente Donald Trump, na qual o presidente faz ameaças veladas ao secretário, para que ele revertesse o resultado presidencial no estado. “Você precisa encontrar 11 mil votos [para ele, Trump]”, afirmou Trump, ao mesmo tempo em que o ameaçava envolver em acusações de fraude.
Outro grande acontecimento em curso nos EUA, neste exato momento, é a eleição para duas vagas para o Senado, também no estado da Georgia. Os dois senadores republicano do estado tentam a reeleição, mas estão perdendo. Uma vaga já está consolidada para o democrata Raphael Warnock, primeiro negro a ocupar uma vaga pelo estado, que tem tradição republicana, conservadora e… racista.
A outra vaga também está, até o momento, indo para o democrata Jon Ossoff. O resultado ainda não está fechado, mas Ossof está na frente, com alguns milhares de votos de vantagem, e a maioria dos especialistas estão dando vitória a ele.
Caso estas duas vitórias se confirme, os democratas terão 50 cadeiras, contra 50 dos republicanos. Como a vice-presidente Kamala Harris preside o Senado e tem direito ao voto de Minerva, então na prática o Senado estará sob controle dos democratas, assim como a Câmara dos Deputados e a própria Casa Branca. Será uma derrota completa do trumpismo.
Segundo os blogs políticos americanos, como o Político, vem crescendo o número de lideranças do partido republicano que atribui a derrota do partido ao presidente Trump.
De qualquer forma, a postura de Donald Trump é absolutamente vergonhosa, sob qualquer ponto-de-vista. Em discurso hoje, ele disse que não vai ceder e insiste que ganhou as eleições. Na verdade, porém, Trump perdeu no voto popular por uma diferença de quase 7 milhões de votos. E perdeu no Colégio Eleitoral, por 306 X 232.
Não tem o que discutir. Apesar da apuração agonizante, ao cabo a vitória de Biden foi bastante expressiva.
No dia 20 de janeiro, Trump terá que desocupar a Casa Branca. E os americanos já estão se organizando de todas as maneiras para que nunca mais ela seja ocupada por alguém tão irresponsável e insano como ele.
É evidente que tanto a derrota de Trump, como o seu teatro patético, se refletem na política brasileira, especialmente no presidente Bolsonaro e família, que procuraram se mostrar, o tempo inteiro, como muito próximos de Trump. Um dos filhos do presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro, que o pai tentou indicar para a Embaixada dos Estados Unidos, posou para fotos com boné de Trump, e deu o nome de Georgia para sua filha recém-nascida, dizendo que era uma homenagem a um estado que sempre dava vitória aos republicanos…
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