Bolsonaro vem perdendo apoio nas grandes cidades, na classe média, e entre eleitores mais instruídos.
Essa tendência, que vinha aparecendo nas pesquisas desde algum tempo, foi confirmada pelas eleições municipais de novembro.
E as pesquisas feitas após as eleições, como a realizada pelo Ibope na segunda semana de dezembro, a pedido da CNI, reforçam o recado das urnas.
Segundo o Ibope, a maioria dos brasileiros perdeu a confiança no presidente da república: 53% afirmam que não confiam no presidente, contra 44% que afirmaram confiar, e 3% que não responderam.
Uma característica do apoiador de Bolsonaro ainda não mudou, todavia: entre homens, o presidente tem confiança de 49%, contra 40% entre mulheres. Mas outros 49% dos homens dizem não confiar no presidente, percentual que cresce para 56% entre mulheres.
Entre os segmentos sociais que mais rejeitam Bolsonaro estão: jovens até 24 anos (64% não confiam); eleitores com nível superior (58% não confiam); residentes em capital (63% não confiam); residentes em cidades com mais de 500 mil habitantes (62% não confiam).
Quanto às regiões, a rejeição a Bolsonaro parece ter descido para o Sudeste, hoje a região onde o presidente tem seus piores índices. No Sudeste, apenas 42% confiam no presidente, contra 55% que não confiam; o que é um índice pior do que o registrado no Nordeste, onde 43% dizem confiar em Bolsonaro, contra os mesmos 55% que dizem não confiar.
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É interessante verificar ainda que, para 55% dos brasileiros, o governo Bolsonaro é pior ou igual ao de Michel Temer.
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Quanto às notas de avaliação do governo, há maior polarização junto às famílias com renda média acima de 5 salários: neste segmento, 17% acham “ótimo” o governo Bolsonaro, nota maior do que se vê em faixas de renda inferiores, mas outros 29% dão nota “péssimo”, o que também é superior ao visto em outras faixas. Como se vê, porém, a rejeição é maior do que a aprovação.
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A aprovação à maneira como o presidente Bolsonaro governa o país também está negativa. Segundo o Ibope, 49% desaprovam Bolsonaro, contra 46% que aprovam. Mais uma vez, há grande diferença entre os gêneros: entre homens, a aprovação ao governo é de 53%, contra 40% de desaprovação, ao passo que, entre mulheres, os números se invertem, com 44% de desaprovação e 54% de desaprovação.
Conclusão: o grande desafio da oposição será ampliar a rejeição a Bolsonaro junto ao eleitorado masculino, pessoas com mais de 55 anos, e menos instruídas.
Entretanto, a dinâmica da popularidade de Bolsonaro se mostra pouco promissora para o presidente, porque a perda de apoio nas grandes cidades, na classe média e entre eleitores mais instruídos, significa que Bolsonaro também perde força no setores sociais que detêm hegemonia nas redes sociais. O Brasil não é Estados Unidos, que tem uma população vivendo no interior relativamente independente, politica e financeiramente, com renda de classe média, capaz de se articular razoavelmente pelas redes sociais. Aqui temos um interior muito depauperado, além de uma grande concentração populacional – inclusive pouco saudável – nas grandes cidades. Esse forte declínio do apoio a Bolsonaro nas grandes cidades, confirmado pelas urnas, abrirá espaço para crescentes manifestações políticas contra o governo, assim que a vacinação contra a Covid-19 permitir.
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