Por Leonardo Giordano
O Prefeito de São Gonçalo, Capitão Nelson, começa seu governo extinguindo a Secretaria de Cultura de seu município.
É um erro tacanho e uma decisão lamentável. Este é um momento decisivo onde políticas culturais são fundamentais, para o desenvolvimento, a alma e saúde mental do povo de qualquer cidade – certamente – mas também para a economia.
Volta e meia encontramos esse tipo de defesa lamentável, onde destruir as políticas públicas e relegar à cultura um papel secundário em governos tenta soar como “economia de gastos”.
Caso não fosse suficiente argumentar que todos os países e cidades desenvolvidas só chegaram lá após intensos investimentos culturais como parte de sua estratégia de futuro (sem excessões, puxe pela memória), a estupidez redonda é também tiro no pé quando o problema central do momento é a manutenção de empregos e resistência à pandemia.
Sem meias palavras, é burrice ou má fé: a cultura e toda sua cadeia produtiva tem papel decisivo na preservação e retomada dos empregos. Poucos setores econômicos respondem tão rapidamente em distribuição de renda quanto a cultura. Cultura é desenvolvimento econômico e social, na veia.
Ao invés de espelhar-se em iniciativas como a Lei Aldir Blanc (relatada pela Deputada Jandira Feghali), que procuram exatamente proteger este setor estratégico, o governo de São Gonçalo começa com uma agressão direta e uma manifestação de desinteresse pelo tema.
Na retomada econômica, assim que vencermos a pandemia, a Cultura terá papel fundamental. Em São Gonçalo, tudo aponta, estará desmontada.
Depois da extinção da Secretaria de Cultura, a segunda medida anunciada pelo Prefeito da nossa cidade irmã e vizinha foi a nomeação do próprio filho.
Podia ter feito o contrário: nomeado alguém competente para a Cultura, cuidado do setor, protegido as inteligências culturais, os empregos e sua cadeia produtiva – e extinto, alternativamente, o nepotismo em seu próprio município e em si mesmo.
Toda minha solidariedade aos agentes culturais e ao povo de São Gonçalo, que não merecem isso.
Leonardo Giordano, de Niterói