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Retrospectiva internacional 2020 (por Ana Prestes)

Jan – O general iraniano Soleimani é assassinado por norte-americanos no Iraque. Surto de uma doença desconhecida irrompe na China após ter iniciado em dezembro de 2019. Descobre-se que a doença, mais tarde batizada de Covid19, era provocada por um novo tipo de coronavírus e a OMS dá o primeiro alerta mundial de que o […]

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Jan – O general iraniano Soleimani é assassinado por norte-americanos no Iraque. Surto de uma doença desconhecida irrompe na China após ter iniciado em dezembro de 2019. Descobre-se que a doença, mais tarde batizada de Covid19, era provocada por um novo tipo de coronavírus e a OMS dá o primeiro alerta mundial de que o vírus estava matando pessoas em Wuhan, província de Hubei, na China. As bolsas de valores tiveram quedas brutais com as notícias. Naqueles dias, Bolsonaro visitou a Índia e voltou a falar da transferência da Embaixada brasileira em Israel de Tel Aviv para Jerusalém. O Peru realizou eleições legislativas e o fujimorismo foi o grande derrotado. Protestos cresceram na França contra o projeto de reforma da previdência de Macron. O mundo celebrou os 75 anos da abertura dos portões de Auschwitz. A Casa Branca avisou sobre um novo Plano de Paz para Israel e Palestina, logo rechaçado por palestinos e iranianos. Processo de impeachment contra Trump no Congresso. O Brexit foi aprovado pela União Europeia.

Fev – Trump escapou do impeachment e esquentou a corrida para a escolha do candidato democrata à Presidência dos EUA. Bem posicionado, Sanders virou alvo dos democratas mais conservadores. O novo coronavírus se espalhou pela Ásia e chegou à Europa. Brasil, EUA, Hungria e Polônia lançaram a Aliança pela Liberdade Religiosa. O Brasil nomeou novo Embaixador nos EUA: Nestor Foster. Militares tomaram a Assembleia em El Salvador. Os conflitos na Síria, na região de Idlib, criaram tensão entre as potências com interesses na região (Rússia, Turquia, Irã e EUA). Primeiro caso oficial de coronavírus no Brasil. Eleições legislativas no Irã. O aumento vertiginoso dos casos de coronavírus na Itália assustou o mundo inteiro.

Mar – A OMS decretou pandemia global pelo novo coronavírus. Bolsonaro foi aos EUA, desdenhou do vírus como uma “gripezinha” e voltou ao Brasil com vários infectados na comitiva. Começou a narrativa de Trump do “vírus chinês”. Tomou posse no Uruguai o neoliberal Lacalle Pou e logo retirou seu país da Unasul. Lula virou cidadão honorário de Paris. A queda nos preços dos barris levou a uma crise histórica do preço do petróleo. Os EUA assinaram acordo com o grupo afegão Talibã. Ocorreram eleições em Israel. EUA acusam Maduro formalmente por narcotráfico e sua captura passa a valer o prêmio de 15 milhões de dólares. Golpe militar na Guiné-Bissau. O Reino Unido informou que não faria restrições sanitárias e de convívio social com o objetivo de criar uma “imunidade de rebanho” contra o coronavírus. O vírus chegou com força nas Américas.

Abr – Bernie Sanders abandonou a corrida interna dos democratas e assim selou a candidatura de Biden. A CEPAL fez projeções terríveis de queda (9%) da economia na América Latina com o impacto do coronavírus. Após eleições acirradas (terceira em um ano), Netanyahu aceitou dividir o poder com Benny Gantz. Colômbia virou membro da OCDE. O Brasil foi criticado na ONU pela condução na pandemia. Novo Embaixador dos EUA, Todd Chapman, chegou ao Brasil. Na Hungria, Orban usou a pandemia para governar por decretos. No Equador, a cidade de Guayaquil colapsou sem conseguir atender as vítimas do coronavírus e enterrar seus mortos. Grupo de Lima pressionou a Venezuela para criar um governo de transição. Países da União Europeia não conseguiram um acordo sobre medidas a tomar contra a pandemia, econômicas, sobretudo. Boris Johnson foi infectado pelo coronavírus e mudou completamente a política do RU frente à pandemia depois de deixar o hospital.

Mai – O Brasil voltou a pressionar a Venezuela para retirada de funcionários diplomáticos do país, mas STF interviu. O coronavírus chegou à África. Argentina e Paraguai fecharam fronteiras terrestres com o Brasil para se isolar do coronavírus. Cidadãos brasileiros impedidos de voar para vários países do mundo pelo mesmo motivo. Enfermeiros e enfermeiras morreram de Covid no Brasil como em nenhum lugar do mundo. Foi criado um fundo mundial para a vacina (Covax) com intuito de não deixar populações descobertas. Seis ex-chanceleres brasileiros assinaram carta pela reconstrução da política exterior. Aumentou a pressão do governo Trump sobre a Palestina com anúncio do “Acordo do Século”. Homem negro, George Floyd, morreu asfixiado por policiais brancos nos EUA e a imagem rodou o globo. Mercenários armados tentaram entrar na Venezuela pela costa (Guaíra), mas a operação foi frustrada. Os Jogos Olímpicos e Paralímpicos do Japão foram adiados.

Jun – Grandes protestos antirracistas ocorreram nos EUA e se espalharam para a Europa. A força do movimento Black Lives Matter surpreendeu o mundo. Tensão na Líbia e aprofundamento da guerra civil. Autoridades brasileiras começaram uma ofensiva contra o 5G da Huawei. Ataques à diplomacia chinesa por membros do governo Bolsonaro. Protestos contra o governo cresceram no Líbano. Ocorreram conflitos entre as duas Coreias e entre Índia e China na fronteira do Himalaia. Os EUA decidiram disputar a presidência do BID pela primeira vez na história. A Suécia, que não adotou políticas de contenção do coronavírus, destoa dos outros países nórdicos pelo aumento vertiginoso no número de óbitos e infectados. Um desfile em Moscou marcou os 75 anos da vitória sobre os nazistas. África do Sul, Nigéria, Egito e Argélia são os países africanos mais afetados pelo coronavírus. Nuvem de gafanhotos gigante atinge o cone sul (Argentina, Paraguai, Uruguai e sul do Brasil).

Jul – A Alemanha assumiu a presidência da União Europeia. O Uruguai assumiu a presidência do Mercosul. Foi aprovada na China uma nova Lei de Segurança Nacional para Hong Kong. Na Polônia o ultraconservador Andrzej Duda foi reeleito. Referendo popular na Rússia aprova mudanças constitucionais feitas pelo Governo Putin e votadas na Duma (parlamento). O NAFTA foi enterrado e passou a valer o T-MEC (tratado México, EUA e Canadá). O Vietnam virou exemplo no mundo por ausência de mortes e poucos infectados pelo coronavírus seis meses após o início da pandemia na China. Reino Unido bane a Huawei de sua infraestrutura 5G e suspende acordo de extradição com Hong Kong. A República Dominicana elege novo presidente: Luis Abinader. A União Europeia conseguiu aprovação de pacote econômico de reconstrução pós-pandemia. No Irã, Trump e outras 35 pessoas são acusadas pelo assassinato do general Soleimani em janeiro no aeroporto de Bagdá.

Ago – Explosão destruidora no porto de Beirute, no Líbano. Temer foi ao Líbano representando o Brasil. Busca pela vacina virou o tema mundial predominante. Cresceram os conflitos dos EUA com China e Irã. Um supermercado iraniano começou a funcionar em Caracas (depois de navios iranianos terem levado combustível ao país sul-americano). Argentina anunciou a reestruturação de sua dívida. O ex-presidente da Colômbia Álvaro Uribe é preso em caso de suborno e fraude processual e ele renuncia ao cargo de Senador. Kamalla Harris foi a democrata escolhida para ser vice de Biden. A Rússia registrou a vacina Sputnik V. Israel e Emirados Árabes assinaram acordo de estabelecimento de relações diplomáticas sob os auspícios dos EUA. A oposição na Bielorrússia não aceitou o resultado eleitoral que deu vitória a Lukashenko. Golpe militar no Mali.

Set – No Japão, o primeiro-ministro Shinzo Abe renunciou. O Brasil assumiu a presidência do Banco do BRICS. Imagens dos incêndios no Pantanal brasileiro correram o mundo. Começou o julgamento de extradição de Julian Assange. O maior campo de refugiados da Grécia foi incendiado. O jornalista Bob Woodward lançou o livro “Fúria”. China e Índia aplacaram conflito armado no Himalaia. EUA assumiram presidência do BID. Israel assinou acordo com Bahrein. Pompeo visitou a América do Sul e “passou” pelo Brasil (Roraima). Celebrados os 50 anos da vitória de Allende no Chile. A Assembleia Geral da ONU foi marcada por discursos com referências aos seus 75 anos e ao desafio mundial de combater o coronavírus. Carolina Cosse do partido Frente Amplio do Uruguai venceu as eleições para o governo de Montevidéu. Ocorreu o primeiro debate entre Trump e Biden. Anúncio histórico de declaração conjunta das chancelarias da China e da Rússia. Começou a guerra entre Armênia e Azerbaijão pelo controle da região de Nagorno-Karabakh.

Out – Luis Arce do MAS venceu as eleições presidenciais na Bolívia. Chile aprovou em plebiscito popular a realização de uma nova Constituição. Trump teve Covid e foi internado. Caravana de 3 mil centro-americanos marchou em direção aos EUA, mas foi detida na Guatemala. A OMS apontou esperança de chegada de vacinas ainda em 2020. Cuba eleita para o Conselho de Direitos Humanos da ONU. PIB chinês foi recuperado (único país do mundo com curva econômica em “V” em 2020). A China concluiu o debate sobre o 14º. Plano Quinquenal (2021-2025) e anunciou a erradicação da pobreza extrema no país. O Brasil assumiu a presidência da ACNUR. Argentina e Bolívia tomaram medidas para reativar a Unasul. Mujica renuncia a seu cargo no Senado uruguaio. Cessar fogo entre Armênia e Azerbaijão. Professor francês foi decapitado após mostrar charges com alusões a Maomé e cresceu debate sobre o radicalismo islâmico na França. Jacinda Ardern reeleita na N. Zelândia. Aumentou a tensão no mar do sul da China com o reposicionamento de embarcações militares dos EUA.

Nov – Concluídas as eleições nos EUA. Biden venceu e Trump não reconheceu a derrota. A Rússia sediou (virtualmente) a reunião anual do BRICS. Bolsonaro disse na reunião do BRICS que Brasil vende madeira ilegal. Bolsonaro e Fernandez fizeram sua primeira reunião. O Movimento San Isidro tentou desestabilizar o governo cubano. Morreu Diego Maradona na Argentina. Completaram-se 4 anos dos acordos de paz na Colômbia em cenário de violência crescente. Ocorreram manifestações contra o governo na Guatemala e um incêndio suspeito ocorreu no Congresso. O Parlamento peruano cassou o mandato presidencial de Vizcarra, assumiu Merino, que também foi derrubado e substituído por Sagasti. Muitos protestos nas ruas do Peru. Añez e ex-ministros tentaram fugir da Bolívia (alguns conseguiram). A Cúpula do G20 teve foco na Covid e meio ambiente. Protestos na França contra a lei que proíbe filmar operações policiais. Conflito armado na Etiópia (premiê é Nobel da Paz). Evo voltou para a Bolívia. Físico nuclear do ministério da defesa do Irã foi executado e o governo iraniano acusou Israel e EUA pelo crime. Marrocos invadiu o território do Saara Ocidental. Frente Polisário reagiu com levante armado. Conflito armado na Etiópia contra o separatismo da região do Tigré (país é presidido pelo prêmio Nobel da paz, Abiy Ahmed).

Dez – Foi assinado o acordo comercial asiático RCEP. Começou a vacinação contra o novo coronavírus em vários países do mundo (menos Brasil). Argentina assumiu presidência pró-tempore do Mercosul. Nova variante do coronavírus passou a preocupar o mundo. Biden se viu pressionado por setores pró e contra as tratativas para retorno dos EUA ao acordo nuclear com o Irã e países europeus de 2015. Eleições legislativas na Venezuela. A consulta popular de Guaidó fracassou e ele perdeu apoio da União Europeia. O Acordo de relações diplomáticas foi assinado entre Israel e Marrocos e Trump mudou o mapa do Marrocos a seu bel prazer. Toda a oposição se uniu contra Orban na Hungria. Colégio Eleitoral dos EUA ratificou eleição de Biden. O Brasil foi excluído do evento de 5 anos do Acordo de Paris. RU e União Europeia fecharam acordo comercial pós-Brexit no prazo. Argentina aprovou lei do aborto legal na Câmara (votação no Senado em 29 de dez). Faleceu o ex-presidente Tabaré Vázquez no Uruguai. Cuba anunciou unificação de moedas. O Governo de Israel foi dissolvido e novas eleições foram convocadas. Trump fez suas últimas maldades com Cuba antes de deixar o governo. Trump dá indulto a corruptos assassinos de civis em massacre de Bagdá (2007). Pacote de 900 bilhões de dólares foi aprovado pelo Congresso dos EUA e sancionado por Trump.

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Ana Prestes

Ana Prestes Socióloga, mestre e doutora em Ciência Política pela UFMG. Autora da tese “Três estrelas do Sul Global: O Fórum Social Mundial em Mumbai, Nairóbi e Belém” e do livro infanto-juvenil “Mirela e o Dia Internacional da Mulher”. É membro do conselho curador da Fundação Maurício Grabois, dirigente nacional do PCdoB e atua profissionalmente como assessora internacional e assessora técnica de comissões na Câmara dos Deputados em Brasília.

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