Com 37 votos contrários, 9 favoráveis e uma abstenção, o Plenário do Senado rejeitou nesta terça-feira (15) a indicação do diplomata Fabio Mendes Marzano para a delegação permanente do Brasil em Genebra, na Suíça.
A controvérsia sobre o indicado teve início na sabatina realizada pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) na segunda-feira (14), quando Marzano optou por não responder a questionamento da senadora Kátia Abreu (PP-TO) sobre o Acordo Mercosul-União Europeia e as implicações da questão ambiental como obstáculo à celebração do tratado.
Marzano respondeu que a delegação em Genebra não se ocupa de temas ambientais, tendo apenas as temáticas dos direitos humanos como foco principal, e completou dizendo que “não estaria mandatado para falar sobre esse tema, já que, tampouco, é uma atribuição da minha secretaria”. Kátia protestou, argumentando que deixar de responder às questões colocadas pelos senadores é sinal de que o Itamaraty está virando “uma casa dos terrores”, onde os embaixadores estão impedidos de expressar suas opiniões.
A indicação de Marzano (Mensagem 81/2020), relatada pelo senador Fernando Collor (Pros-AL), acabou sendo aprovada na CRE sob protestos de Kátia Abreu, que criticou o procedimento de abertura do painel de votação antes do fim da sabatina.
Da tribuna do Plenário, o senador Major Olímpio (PSL-SP) fez duras críticas a Marzano por ter-se recusado a responder aos questionamentos de Kátia Abreu. Ao pedir votos contrários ao indicado e cobrar uma nova indicação do governo para o início de 2021, ele chamou atenção para a responsabilidade do Senado nas sabatinas.
— Lamento ter que tomar uma atitude dessa natureza, mas, primeiramente, respeito a uma senadora que, durante todas as sessões, de forma muito responsável, fez o que a maioria de nós não fez: estimular os candidatos a se posicionarem — disse Major Olimpio.
Após a decisão do Plenário, Kátia Abreu avaliou a rejeição de Marzano como um ato de respeito ao povo brasileiro e de afirmação da importância do Senado na política externa brasileira. Ela manifestou esperança de que o país avance na participação em acordos bilaterais.
— Que o Brasil não participe apenas com 2% do comércio mundial, mas que a gente possa sonhar a chegar a 5%, a 7% — disse a senadora.
Fonte: Agência Senado
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