Por Gabriel Barbosa
Quem convive no mundo da política compreende que as estratégias se assemelham bastante com um jogo de xadrez. Pois bem, desta vez o xeque-mate foi feito nas cidades do Nordeste. Com as urnas apuradas, temos o seguinte cenário: PDT fechado com DEM em Salvador e com o PSDB em Natal.
A dobradinha PDT-PSB conquistou Fortaleza e Recife com Sarto Nogueira (PDT) e João Campos (PSB). Os socialistas também venceram em Maceió contra um candidato patrocinado por Renan Calheiros (MDB), aliado histórico do PT e onde a legenda resolveu ficar neutra. Em Aracaju, o PDT garantiu mais quatro anos com a reeleição de Edvaldo Nogueira.
Não somente as capitais da região entram no rol de avaliação de PDT-PSB. Ambos os partidos também viram o crescimento nas prefeituras do interior. No Nordeste, os trabalhistas cresceram de 133 para 144 enquanto os petistas perderam 23 prefeituras, caindo de 114 para 91 cidades.
É fato que esses resultados enfraquecem a hegemonia do PT na região, embora o partido tenha quatro governadores (Bahia, Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte).
Em Fortaleza, por exemplo, com Luizianne Lins o partido amargou a terceira derrota seguida. No Recife, a vitória de João Campos sobre Marília Arraes foi relativamente folgada. Enquanto o socialista recebeu 447.913 votos, a petista ficou com 348.126 votos válidos e foi derrotada em todas as zonas eleitorais da capital pernambucana.
Nas 18 cidades do Nordeste com mais de 200 mil eleitores, o PT perdeu em todas e com destaque nas cidades baianas de Feira de Santana e Vitória da Conquista no 2° turno.
Nesta segunda-feira, 30, o próprio senador Jaques Wagner (PT-BA) lamentou o resultado negativo na entrevista concedida a Mário Kertész em Salvador. O congressista cobrou renovação no partido, destacou lideranças jovens e afirmou que “não tem sentido” ficar refém do ex-presidente Lula.
Inclusive na Bahia, PSD e PP foram os grandes vitoriosos nos municípios do interior e isso deu um sinal amarelo para o governador Rui Costa (PT) e ao próprio Jaques que não descartou a possibilidade de ser candidato a governador em 2022.
Evidente que qualquer prognóstico sobre 2022 ao calor desses resultados em 2020 pode ser um equívoco. Porém, as urnas mostraram que o antipetismo ainda é uma corrente muito forte, mesmo na região onde o PT sempre se destacou e que essa corrente antagonica ao partido não cessará tão cedo.
Assim como também é um equívoco subestimar esse fator como um simples adjetivo criado pela cabeça das pessoas. Dito isto, o apurado das eleições municipais no Nordeste abre o caminho para que dois projetos sejam discutidos -centro-direita versus centro-esquerda – e ampliados a partir desta região. Em outras palavras, há chances da região produzir dois nomes visando as eleições presidenciais de 2022.