Por Gustavo Castañon
Recém apuradas as urnas se consolida a tendência do primeiro turno de derrota do PT e do bolsonarismo por todas as capitais. Tanto a direita quanto a esquerda, pelo centro, parecem ter novos protagonistas.
Ao vencer Recife, Fortaleza, Aracajú e Maceió, a bem-sucedida aliança PDT-PSB se consolida como a nova liderança do progressismo brasileiro. O PDT é o partido com maior número de prefeitos, vereadores e governados no campo, o segundo, o PSB. Mantendo a hegemonia no Ceará, o PDT, junto com o PSB que manteve a hegemonia em Pernambuco, oferecem uma base mais sólida para a candidatura Ciro Gomes em 2022. Ainda é necessário lembrar que esta aliança ensaiou frente ampla em BH com Khalil e em Salvador com ACM Neto, vencendo ambas em primeiro turno.
O PSDB continua o maior partido do país em número de governados, e a candidatura Dória em 2022 ganha força contra Huck e Moro. Partidos como o PP, o MDB e o PSD mostraram que a centro-direita despolitizada continua a maior força municipal do país.
Lula foi o grande derrotado das eleições. Teve que ser escondido da campanha até em seu estado natal, Pernambuco. Não apareceu lá para fazer campanha para Marília. Entregou a cabeça de Tatto na manhã da votação do primeiro turno em São Paulo. Tudo para depois ser diluído na propaganda de Boulos. Ainda assim, não adiantou. O PT, que disputava 17 cidades neste segundo turno, até quando escrevo este artigo, perdeu em 12. Não levou capital alguma.
O que é mais grave, no entanto, é o resultado das opções eleitorais do PT para 2022. Haddad se acovardou e não se lançou candidato em São Paulo, e o PT perdeu as eleições na capital para o Mamãe Falei, ficando em sexto lugar. Apostando em Boulos no segundo turno, um candidato no extremo do espectro político atual, colheu outro resultado desastroso. Flávio Dino viu o PDT se tornar o maior partido em prefeituras no Maranhão, e seu candidato no primeiro turno em São Luís não chegou a 10% dos votos. Apostando em Duarte no segundo, perdeu de novo, para o bolsonarismo, na capital do Guaraná Jesus. Ruy Costa perdeu no primeiro turno a capital para seu adversário ACM Neto e no segundo turno a segunda e a terceira maiores cidades da Bahia. Foi um desastre de proporções bíblicas.
No PCdoB o ambiente é de desolação. Perdendo Maranhão e Porto Alegre o partido se encaminha para um processo de fusão com o PSB por pura sobrevivência, não só política, mas mesmo física de seus quadros. A associação ao PT se mostrou mais uma vez tóxica. A derrota de Manuela no segundo turno, esperada por todos os políticos brasileiros há dois anos, mostra cruamente os limites da repaginação de uma candidata que vergou nos últimos anos a um discurso identitário e tentou o caminho de volta a um discurso universalista nas eleições. Casos semelhantes são os de Marília em Recife e Boulos em São Paulo.
A derrota do bolsonarismo é real, mas deve ser olhada com prudência. Seus candidatos demonstraram fôlego no segundo turno em eleições perdidas como Belém e Fortaleza. Venceram onde disputaram contra o PT, como em Vitória. O bolsonarismo se expandiu para o interior do Brasil. Em clara decadência, o poder político de Bolsonaro ainda pode ser suficiente para chegar ao segundo turno em 2022. E como vimos, se for contra um candidato do PT, pelo jeito, vencerá novamente.
É dever de todo brasileiro progressista fazer a autocrítica agora passadas as eleições. O bolsonarismo perdeu, mas a esquerda também. Só o PDT manteve seu tamanho, o PSB, o PT e o PCdoB encolheram. O trabalho em redes sociais do Boulos não nos fará mágica. A frente de esquerda não nos fará mágica. Se perdemos na maioria das capitais, imaginem no interior. Candidatos com a marca do PT não foram de novo a lugar algum esse ano. É a terceira eleição seguida de desastre. O PT não pode seguir com o crime continuado de seu hegemonismo, que está matando a pátria brasileira. Para salvar o país precisamos de um ato de grandeza de seus melhores quadros, ou, de tirar o PT da frente da porta de saída.
O Brasil está destruído, e entrará em chamas em 2021.
Vamos salvá-lo.