No último relatório da Petrobras, há a informação que o setor de gás foi o único que apresentou resultados positivos para a estatal, gerando um lucro líquido de cerca de R$ 5 bilhões antes dos impostos, e de R$ 3,4 bilhões após os impostos, no período acumulado de 9 meses (jan/set) deste ano.
A receita de venda do setor de gás da Petrobrás, nos últimos nove meses, foi de R$ 27,1 bilhões.
Outros setores da Petrobras apresentaram prejuízo, por razões óbvias: a redução drástica do consumo de combustíveis causada pelas medidas de isolamento social.
Mas ninguém parou de cozinhar, então o setor de gás passou pela pandemia sem prejuízos.
É curioso que o governo Bolsonaro tenha decidido vender o único setor da Petrobras que deu lucro.
Segundo o site Poder 360, a operação de venda da Liquigás, líder no mercado nacional de distribuição de gás de cozinha, custou R$ 3,7 bilhões.
Outro problema da venda é que ela acentuará a concentração do mercado, deixando o consumidor mais vulnerável aos caprichos do setor privado.
Um dos principais compradores da Liquigás é o Itaú (através do Itausa), o que significa que o setor financeiro está ampliando ainda mais o seu controle sobre a economia nacional.
Lembrando que o Itaú foi um dos compradores da BR Distribuidora, um dos segmentos mais lucrativos e seguros da Petrobras, por estar menos sujeito às oscilações dos preços do petróleo.
O governo Bolsonaro também pretende vender as refinarias da Petrobras. O setor de refino gerou uma receita de vendas de R$ 177 bilhões de janeiro a setembro deste ano. Quem irá comprar essas refinarias? O Itaú, novamente?
Abaixo, trecho de matéria publicada há pouco no Poder 360:
Cade aprova venda da Liquigás com restrições
Negócio movimentará R$ 3,7 bilhões
Operação foi autorizada com restrição
18.nov.2020 (quarta-feira) – 19h15
O Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) aprovou com restrições, nesta 4ª feira (18.nov.2020), a venda da Liquigás, subsidiária da Petrobras e líder no mercado nacional de distribuição de gás de cozinha. A decisão foi unânime.
O negócio envolveu 3 atos de concentração distintos, autorizados mediante assinatura de ACC (Acordo em Controle de Concentrações). A medida serve para evitar concentração no mercado. O negócio abrange 3 operações distintas envolvendo as empresas Copagaz, Itaúsa, Nacional Gás Butano e Fogás. Foi anunciado no fim do ano passado e movimentou R$ 3,7 bilhões.
As empresas informaram ao Cade que a Copagaz passará a ser a nova controladora da Liquigás, junto com a Itaúsa – que deterá de 45% a 49,99% do capital social e votante da Copagaz. Já a participação da NGB e da Fogás no negócio, segundo as requerentes, teria como objetivo solucionar possíveis preocupações concorrenciais observadas em alguns estados brasileiros.
A estrutura do mercado brasileiro de distribuição de GLP consiste em 1 oligopólio formado por 4 empresas: Liquigas, Ultragaz, NGB e Supergasbras. Segundo o Cade, elas dominam cerca de 80% do setor há mais de uma década.