As eleições municipais de ontem significaram duas coisas principais: a volta da política depois da treva da não-política, que foram as eleições presidenciais de 2018 e resultaram em Bolsonaro, e o nascimento de um novo grande líder popular no Brasil, Guilherme Boulos.
Eu conheci Boulos nas eleições presidenciais de 2014, e fiquei muito impressionado. Ele falava com uma firmeza e uma segurança impressionantes. Disse para mim mesmo, “este jovem tem um grande futuro político; será um ótimo político em um Brasil que precisa muito de políticos”.
Nas eleições presidenciais de 2018 ele se candidatou pelo PSOL. Confirmou, assim, sua vocação política. Não se candidatou para ganhar, mas para começar a expressar e discutir suas ideias.
Nestas eleições ele entrou para ganhar, e deverá ganhar. Foi para o segundo turno com 20 por cento dos votos, e tem todas as condições para vencer o candidato do PSDB e de Dória. Vai precisar de apoios à sua direita e os obterá. Ele sabe que a política é a arte do compromisso.
Boulos poderá ser um grande prefeito de São Paulo, poderá ser um ótimo governador, e mais adiante, depois de ganhar mais experiência, poderá ser presidente da República.
Em 2018 um outro grande líder popular, Ciro Gomes, devia ter chegado à presidência. Ninguém está mais preparado do que ele para esse cargo. Estou apostando que se elegerá em 2022. Boulos o apoiará? Aposto que sim, porque os grandes líderes precisam também fazer política.
Por: Luiz Carlos Bresser-Pereira.