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Comentários sobre o debate Estadão/FAAP com candidatos à prefeitura de São Paulo

Assisti a boa parte do debate entre os candidatos à prefeitura de São Paulo de hoje, organizado pelo Estadão/FAAP. Vou fazer breves comentários sobre o que achei de cada candidato e instigo os leitores a complementarem a análise com suas observações nos comentários. Vamos lá: Arthur do Val – Mamãe Falei (Patriota) – Franco atirador […]

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Foto: Patrícia Cruz

Assisti a boa parte do debate entre os candidatos à prefeitura de São Paulo de hoje, organizado pelo Estadão/FAAP. Vou fazer breves comentários sobre o que achei de cada candidato e instigo os leitores a complementarem a análise com suas observações nos comentários. Vamos lá:

Arthur do Val – Mamãe Falei (Patriota) Franco atirador que mescla provocações, discurso liberal e, por vezes, propostas mais amenas do que as tradicionalmente defendidas pelo seu grupo político, o MBL – o que parece uma moderação do discurso radical de direita para conseguir alguns votinhos. É curioso vê-lo vociferar coisas como “o prefeito não conhece a vida real da cidade”, como se fosse um calejado militante das causas sociais ou um cara oriundo da periferia com uma vida pregressa sofrida. Mirou sobremaneira em Bruno Covas e protagonizou, com Celso Russomano, os embates mais encarniçados do debate, com golpes abaixo da cintura que comentarei à frente.

Jilmar Tatto (PT) Fez uma boa defesa do governo Haddad e de seu papel como secretário dos transportes. Em um embate com Márcio França, perguntou se este estaria “do nosso lado no enfrentamento ao fascismo”, em uma provocação relacionada ao encontro de França com Bolsonaro. França saiu-se bem na resposta, dizendo que falaria com qualquer um que fosse o presidente, inclusive Lula. Ainda no mesmo embate, Tatto mencionou que São Paulo deveria ser “a cidade da resistência”, um discurso que fica positivamente ridículo na boca de um candidato do PT, um partido que não pratica exatamente uma resistência revolucionária quando chega ao poder.

Márcio França (PSB) – Conseguiu detalhar algumas propostas interessantes, como a do passe livre aos domingos financiado por propaganda dentro dos ônibus. Além do embate com Tatto teve momentos quentes com Bruno Covas, como na discussão sobre o quanto do orçamento é direcionado ao problema dos moradores de rua e quanto vai para cargos comissionados, mas não conseguiu encurralar o atual prefeito.

Celso Russomano (Republicanos) – Partiu para o ataque, pressionado pela queda em todas as pesquisas, mas sua postura soou destemperada/desesperada. Foi o pior do debate. Muitas de suas propostas foram platitudes como “dar saúde para as pessoas”. Atacou Boulos, seu adversário direto na disputa para ir ao segundo turno, com o argumento pueril de que o candidato do PSOL “invade casas e toma as coisas das pessoas”. Boulos respondeu bem e o resultado não pareceu positivo para Russomano. Mas este teve ao menos um ponto alto: depois de questionado por Arthur do Val sobre os gastos do seu mandato com telefone, disse que o apelido do candidato do Patriota na assembleia legislativa é “Mamãe Faltei” e perguntou se seu oponente já havia contado “pra mamãe que falta ao trabalho”. Eu ri.

Guilherme Boulos (PSOL) – Bem preparado, apresentou números e caminhos orçamentários para colocar em prática suas propostas. Saiu-se bem quando fustigado por adversários como Russomano e Arthur do Val. Porém, assim como Márcio França, não conseguiu, na minha opinião, encurralar o prefeito Covas, e a seguir explico o porquê.

Bruno Covas (PSDB) – Para mim, o “vencedor” do debate – se é que isso existe. Um desavisado que ouvisse suas falas pensaria se tratar de um candidato situado no campo progressista, e não um tucano. Acolhimento humanizado a moradores de rua e pressão sobre empresas de transporte para diminuir a emissão de gases que provocam o efeito estufa, por exemplo, foram duas bandeiras levantadas pelo candidato. Sua estratégia parece ser a de neutralizar, com um discurso mais progressista, seus adversários à esquerda, potencialmente mais perigosos em um segundo turno que o decadente Russomano. No debate, funcionou bem: ninguém conseguiu posicioná-lo como um candidato totalmente antipático às causas sociais. Perguntado sobre a proximidade com Dória, também foi bem, reivindicando seu grupo político mas dizendo que não faria sentido o governador deixar de fazer seu trabalho para apoiar Covas – uma maneira marota mas eficiente de explicar o apagamento de Dória da campanha. Justificou seu favoritismo para ganhar a eleição.

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Pedro Breier

Pedro Breier nasceu no Rio Grande do Sul e hoje vive em São Paulo. É formado em direito e escreve sobre política n'O Cafezinho desde 2016.

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Comentários

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Bula

21/12/2020 - 19h37

Linda publicacao!! Obrigada e Parabens!!!

https://remediopara.com.br/bula

carlos

11/11/2020 - 07h29

Eu concordo vdd, trocar covas por França equivale trocar 1 por 1,e o placar permanecer inalterado.

Alexandre Neres

10/11/2020 - 22h42

Entrementes, estava vendo hoje um programa da GloboMews. BolsoFrança foi citado. Espero que por aqui tal canal não seja tratado como de esquerda. Estavam lá Natuza Nery, Maju Coutinho e Júlia Dualibi. O papo era reto. Estava se comentando sobre o apoio de Bolsonaro a Márcio França após o naufrágio de Russomano. As jornalistas confirmaram que perfis bolsonaristas estavam apagando posts e anunciando o apoio a França, daquele jeito que lhes é peculiar. Mais: o emissário desse arreglo era o Skaf, o industrial sem indústria que não é nada industrioso. Como apoiador roxo de Bolsonaro e devido às últimas campanhas em que esteve ao lado de França, ninguém poderia ser mais indicado. A propósito, Pedro, tu leste hoje a Coluna Painel da Folha sobre a picaretagem de França a respeito do Instituto Badra, do qual inclusive já foram divulgadas pesquisas neste blogue? Na boa mano, se liga. Como diria o saudoso Brizola, tu costeou o alambrado. Como bem disse o Gregorio Duvivier, “trocar Covas por França é trocar seis por meia-dúzia”. Eu ainda acho que o Covas esteja à esquerda do França, conquanto jamais votaria em nenhum dos dois.


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