Por Gabriel Barbosa
Nada mais oportuno para as conveniências políticas do momento do que uma bela camuflagem de narrativa para tentar encapar algo que já está tão cristalino quanto água ou tão sujo quanto lama, a figura de extrema-direita representada por Sérgio Moro.
A possibilidade da candidatura de Huck ao Planalto já é ventilada e não é de hoje. Até aí, sem anomalias no jogo político, pois o comunicador deixa explícito, mesmo com maquiagens, sua ânsia em ser candidato e, claro, a defesa de uma agenda liberal a la Guedes. Porém, o malabarismo verbal para incluir Sérgio Moro num espectro de “centro” é no mínimo, desleal aos fatos.
O juiz de Maringá foi um dos grandes responsáveis pelo trunfo de Jair Bolsonaro, com participação ativa no governo como ministro da Justiça. Antes disso, patrocinou o caos no mundo político usando de forma pusilânime métodos punitivistas durante a Lava-Jato.
No início deste ano, veio ao Ceará para “negociar” com um líder de amotinados da Polícia Militar. Como a opinião pública local e nacional repudiou com veemência o movimento ilegal, voltou atrás. Não há malabarismo verbal que esconda o fato de Moro ter defendido a excludente de ilicitude para policiais que cometeram algum crime em ação.
De dentro do governo, foi conivente com portarias que aumentavam o poder de fogo da população. Sendo assim, a única camuflagem que o “morismo” carrega em si, na sua essência, é a flor do lodo.