Foto: Jorge Mamani/AP
– Tomou posse ontem (8) na Bolívia o presidente eleito com 55% dos votos, Luis Arce, e seu vice David Choquehuanca. Ambos são do partido MAS-IPSP (Movimento ao Socialismo – Instrumento Político para a Soberania dos Povos). O clima nos dias anteriores estava tenso, especialmente na região de Santa Cruz e acabou se agravando com um atentado ao local de concentração da campanha presidencial do MAS em La Paz na sexta (6). O presidente eleito Luis Arce estava dentro da casa que foi atacada com dinamite. Felizmente, ninguém saiu ferido do ataque. Devido a esse fato, a segurança do ato de posse foi reforçada e o evento teve a participação popular bem mais limitada e contida pelas barreiras de proteção ao local da cerimônia. O centro do discurso de posse de Arce foi a economia. A economia boliviana decresceu 11% só no primeiro semestre de 2020. De imediato será oferecido à população mais pobre um bônus ou uma bolsa no estilo auxílio emergencial que tivemos no Brasil por conta do coronavírus. Esse apoio já havia sido aprovado pelo parlamento boliviano ainda no governo de transição de Añez, mas nunca foi implementado.
– Os Estados Unidos caminham para ter uma nova composição na direção da Casa Branca. Praticamente todos os votos já foram contados e o país que tem a vitória eleitoral anunciada pelas maiores e mais ricas redes de televisão já dá como certo que Joe Biden e Kamala Harris serão empossados no próximo dia 20 de janeiro de 2021. Até lá, os estados tem até 8 de dezembro para fechar seus resultados consolidados, o Colégio Eleitoral se reúne em 14 de dezembro e sua decisão é ratificada pelo Congresso no dia 6 de janeiro. Embora o próprio presidente dos EUA, Donald Trump, não tenha reconhecido ainda a eleição do adversário, muitas lideranças mundiais já reconheceram a vitória de Biden, como o primeiro ministro indiano Narendra Modi, o premiê israelense Benjamin Netanyahu, a chanceler alemã Angela Merkel, o presidente francês Emmanuel Macron e praticamente todos os presidentes da América do Sul, com exceção do Suriname e do Brasil. Aliás, as movimentações internas do governo Bolsonaro sobre o tema tem sido interessantes de serem observadas, há entre os militares e diplomatas o desejo de que o Brasil se pronuncie logo e entre Bolsonaro, filhos, Araújo e olavistas o desejo de ser fiel a Trump até o fim. Outros líderes mundiais que ainda não se pronunciaram foram López Obrador, do México, Vladimir Putin, da Rússia e Xi Jinping, da China. Praticamente todos eles informaram através de suas chancelarias que vão aguardar a proclamação dos resultados eleitorais oficiais pelas autoridades estadunidenses.
– A equipe de Biden e Harris já organizou um time que comandará a transição de agora até 20 de janeiro. Eles criaram um site chamado “Build Back Better” (Reconstruindo Melhor) que pode ser lido em inglês e espanhol. A página diz logo no início que se trata da visibilização da preparação das medidas mais urgentes a serem tomadas logo no primeiro dia de mandato que eles estão chamando de “Day One”. Segundo eles, a transição quer liderar o país para a reconstrução de uma forte e inclusiva classe média e a construção de uma economia para o futuro. Os quatro eixos escolhidos foram a crise pandêmica, a crise econômica, a justiça racial e os desafios do cambio climático.
– No Peru será votado hoje (9) o impeachment do presidente Martín Vizcarra. São necessários 87 votos entre os 130 membros do Congresso peruano. O presidente é acusado de aceitar subornos no montante de um milhão de soles ou 300 mil dólares de uma empresa de infraestrutura de irrigação quando era governador de Moquegua, ao sul do país, entre 2011 e 2014. A instituição da delação premiada também anda forte por lá e foi uma dessas delações que detonou esse novo processo de impedimento com relação à Vizcarra. Todos os últimos presidentes peruanos saíram da presidência para entrar em julgamentos por corrupção, Alberto Fujimori, Alejandro Toledo, Alan García, Olanta Humala e Pedro Paulo Kuczynski, de quem Vizcarra era vice e renunciou em 2018 acusado de corrupção com a Odebrecht.
– Notícia da semana passada que passou batido aqui nas Notas por conta das eleições americanas foi a do referendo da Argélia, ocorrido no domingo 1º. de novembro. Com uma abstenção recorde, somente 23,7% das pessoas votaram, a população argelina que se dispôs a votar aprovou a reforma da Constituição da Argélia com 66,8% dos votos. A participação popular no referendo foi a menor desde a independência do país em 1962. Muitos analistas e estudiosos da política argelina tem apontado para uma sabotagem popular em resposta à condução do país pelo presidente Abdelmadjid Tebboune (atualmente hospitalizado na Alemanha). O presidente anterior Abdelaziz Bouteflika renunciou em 2019 após uma onda de protestos contra sua tentativa de renovar seu mandato pela quinta vez.
– Mais de 50 milhões de pessoas em todo o mundo já foram ou estão infectadas pelo novo coronavírus desde o primeiro surto foi descoberto em dezembro de 2019. Os dados são da Johns Hopkins University dos EUA. Só no país norte-americano o número de infectados já passou dos 10 milhões. A nova onda da Covid, doença provocada pelo vírus, na Europa é fortíssima. Na Alemanha, por exemplo, um dos países que melhor enfrentou a primeira onda da doença no primeiro semestre, agora teme que seus 6 mil leitos de UTI sejam rapidamente preenchidos caso mantenha-se a taxa de 20 mil novas infecções por dia. Um detalhe importante é que após o Japão, a Alemanha possui a população mais idosa do mundo com 23 milhões de pessoas com mais de 60 anos, segundo o ministro da saúde alemão, Jens Spahn em entrevista amplamente divulgada pela imprensa. O país tem vivido também uma série de protestos contra as restrições geradas pelas medidas de contenção da propagação do vírus. Só neste final de semana cerca de 20 mil pessoas estiveram em protestos nas ruas de Leipzig e muitas sem máscaras.
– Há muita celebração nas redes e na imprensa hoje por conta de resultados anunciados com relação à vacina contra o coronavírus produzida pela Pfizer e a BioNTech e que apontam para mais de 90% de eficácia do imunizante. A partir de um universo de 43 mil voluntários participantes dos testes da vacina foram registrados 94 casos de manifestação da doença. O nome da vacina é BNT162b2 e usa material genético do vírus para induzir uma resposta imune do corpo humano. Os dados ainda não estão publicados em revista científica especializada. Segundo notícias da imprensa há negociações abertas entre os executivos das farmacêuticas e o governo brasileiro para a venda da vacina, mas ainda com poucos progressos. Já existem acordos firmados para a compra da vacina pelos EUA, Japão, Canadá, Chile, Peru, Costa Rica e outros. Será mais uma disputa geopolítica que obrigará o Brasil a se posicionar, afinal as vacinas mais promissoras são produzidas por farmacêuticas chinesas, americanas e russas.
– O primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, aquele mesmo que ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 2019, ordenou na semana passada o lançamento de uma operação militar contra a região norte do país, em Tigray, dirigida pela TPLF – Frente de Libertação do Povo de Tigray. A decisão foi tomada após o grupo separatista que dirige o Tigray atacar uma base do exército do país com perdas fatais. A tensão entre o governo central e o governo da região separatista aumentou com o adiamento das eleições nacionais previamente agendadas para agosto. No último sábado (7) a Câmara Alta do país aprovou um dispositivo legal que permite a intervenção federal na região por ter “violado a Constituição e colocado em perigo o sistema constitucional”.
– O ex-presidente Evo Morales já está em solo boliviano e foi recebido por uma multidão na cidade de Villazón. Antes de atravessar, ele se despediu do presidente argentino Alberto Fernández na cidade argentina de La Quiaca. O governo argentino garantiu a integridade e segurança de Evo ao longo de seu período de exílio. Há exatamente um ano, no dia 10 de novembro de 2019, ele renunciou à presidência da Bolívia após um golpe de Estado orquestrado por civis, militares e organismos internacionais, como a OEA. Do sul da Bolívia ele deve seguir em caravana formada por quase mil carros até Cochabamba onde iniciou sua carreira política.
chichano goncalvez
10/11/2020 - 11h03
Estava certo o Chavez que formou uma milicia, para proteger o povo bom e honesto, os CDRs de Cuba, se a Bolivia não criar uma milicia , pode acontecer de novo, pois milicos quase todos ( 99,99999 % ) são anti-patriotas .E a Bolivia como bem disse o Pepe Mujica, chama-se Litio ( querem roubar), pois 90 % das reservas estão lá.
Paulo
09/11/2020 - 19h59
Povo da Argélia provando o valor da abstenção e do voto nulo para deslegitimar os canalhas…Enquanto isso, por aqui, nego paga de “votante útil”…
Tony
09/11/2020 - 13h42
“Segundo eles, a transição quer liderar o país para a reconstrução de uma forte e inclusiva classe média e a construção de uma economia para o futuro”.
Os EUA viajavam para o pleno emprego com a economia e todos os indices bombando…o que seria hoje de Bidet sem o coronavirus e a grande imprensa ?
O Trump vinha cortando as asinhas da China que com o coronavirus ganhou a guerra sem soltar nenhum um tiro de espingarda.