A pesquisa XP/Ipespe divulgada hoje traz um cenário ainda bastante instável em São Paulo, com pouca definição sobre quem será o nome a disputar o segundo turno com o prefeito Bruno Covas (PSDB).
O prefeito tem 26% e parece ter alcançado seu teto: depois de várias semanas de crescimento contínuo, agora oscilou 1 ponto para baixo.
Celso Russomano (Republicanos) continua despencando; em uma semana, perdeu 3 pontos, e agora tem 19% das intenções de voto.
A vantagem de Russomano sobre o terceiro colocado (Boulos) caiu de 6 para 4 pontos, e configura-se um empate técnico.
A queda de Russomano abre espaço para a Boulos (PSOL) assumir uma vaga no segundo turno, mas a pesquisa mostra que o ativista também pode ter atingido um teto; ele oscilou um ponto para baixo.
Com isso, Marcio França (PSB), que aparecia quase fora do jogo na última pesquisa XP, volta a ter chances: o ex-governador cresceu 2 pontos e diminuiu sua distância para Boulos, que havia chegado a 8 pontos na semana passada, para 5 pontos agora.
Boulos e França agora estão tecnicamente empatados.
Um detalhe interessante é que Marcio França foi o único candidato que apresentou variação positiva. Todos os outros caíram.
O XP também apurou a “probabilidade de voto” dos candidatos, onde se pergunta ao entrevistado se ele “votaria com certeza”, se “poderia votar”, ou se “NÃO votaria com certeza” em determinado candidato.
Os percentuais do gráfico do “votaria com certeza” são muito parecidos com a votação estimulada.
Os dois gráficos seguintes, porém, trazem novidades.
O primeiro gráfico que trata do voto potencial (“poderia votar”) tem a importância de sinalizar o segundo voto dos candidatos, e, com isso, também indicar quem tem maiores chances de crescer, seja recebendo votos de outros candidatos (principalmente de Russomano, que continua desmanchando), seja tornando-se a opção de quem antes ainda estava indeciso.
Neste gráfico, Marcio França encontra-se em primeiro lugar, com 33% das intenções, seguido de Bruno Covas, 29%, Matarazzo, 20%, Jilmar Tatto 16%, Russomano 15%, e Boulos 12%. Esses números parecem confirmar a tese de que Boulos pode ter atingido um teto, e que França, ao contrário, ainda pode crescer bastante.
O outro gráfico trata da rejeição. Entre os candidatos com chance de chegar ao segundo turno, as maiores rejeições são de Jilmar Tatto (53%) e Guilherme Boulos (52%), cujos números tem crescido semana a semana. As rejeições a França e Covas caíram para 44% e 40%, respectivamente (oscilaram alguns pontos para baixo nas últimas semanas).
A XP/Ipespe também divulgou o relatório com os dados estratificados, por sexo, idade, escolaridade, renda e recall do voto no 2o turno de 2018. Com base nesses dados, fizemos algumas tabelas e gráficos.
Na tabela por idade e renda, constata-se, por exemplo, que Boulos lidera entre eleitores jovens, até 24 anos, entre os quais ele tem 29%, contra 13% de Covas, 21% de Russomano, e 7% de Marcio França.
Boulos cai muito a partir do eleitor com mais de 45 anos: ele tem 11% entre eleitores com 45 a 59 anos e 7% entre aqueles com mais de 60 anos.
Entre eleitores com mais de 60 anos, Bruno Covas tem 39%.
Nas colunas de renda, o maior entrave para o crescimento dos candidatos progressistas está na votação entre as famílias de baixa renda. Tanto Boulos como França tem apenas 7% entre eleitores com renda familiar abaixo de 2 salários.
Por outro lado, Boulos lidera a pesquisa entre famílias com renda acima de 5 salários, com 28% das intenções de voto.
No cruzamento das intenções de voto com o recall do segundo turno das eleições presidenciais de 2018, os destaques são os seguintes:
- Bruno Covas tem votos de eleitores de Bolsonaro, mas consegue morder 15% dos eleitores de Haddad.
- Russomano tem 28% dos eleitores de Bolsonaro, e apenas 9% dos eleitores de Haddad.
- Boulos conseguiu convencer, até o momento, apenas 1% dos eleitores de Bolsonaro.
- França morde 12% dos eleitores de Bolsonaro, mas está muito fraco entre eleitores de Haddad, entre os quais tem apenas 5% dos votos.
Conclusão: esses dados acima ajudam a entender algumas coisas. A razão pela qual Boulos cresceu tão rápido é sobretudo seu recall como candidato a presidente em 2018 e sua participação ao lado de Haddad no segundo turno. Boulos foi o principal cabo eleitoral de Haddad em São Paulo, e o eleitor reconhece esse fato. Essa vantagem, porém, também cria um obstáculo, que é não ter voto de nenhum eleitor de Bolsonaro. Como Bolsonaro tem sido mal avaliado em São Paulo, e aliás a pesquisa mostra que sua rejeição aumentou para 50% dos eleitores paulistanos, esse “obstáculo” pode ser superado.
Marcio França, por sua vez, tem poucos eleitores de Haddad, o que se explica por estar espremido entre Boulos e Jilmar Tatto. Mesmo assim, como França já foi identificado, nas eleições para governador de 2018, como alguém do mesmo campo de Haddad, ele tem potencial para crescer junto a esse eleitorado, e isso deve explicar o seu alto percentual de votos potenciais.
A situação dos “padrinhos” políticos não está boa em São Paulo. Os três principais, Bolsonaro, Lula e João Dória, são mais rejeitados do que queridos pelo eleitor paulistano. E sua rejeição está aumentando.
Eu destacaria dois pontos: a forte rejeição a Doria, e sobretudo, a Bolsonaro, junto a classe média paulistana (o que também explica o voto em Boulos neste segmento), e a deterioração do prestígio de Lula junto às famílias de baixa renda.
Entre famílias com renda acima de 5 salários, 61% responderam que o apoio de Bolsonaro a um determinado candidato diminuiria a chance de votar nele.
Já entre famílias com renda até 2 salários, apenas 36% disseram que o apoio de Bolsonaro seria negativo.
O apoio de Lula é visto como negativo (diminui a chance de votar no candidato) por 43% das famílias com renda até 2 salários.
Um número positivo para Marcio França tem sido o crescimento de seu recall junto ao eleitor paulistano. Segundo a pesquisa, 36% dos eleitores se lembram de ter votado nele para governador em 2018.
A pesquisa também trouxe vários cenários de segundo turno. Um embate entre Marcio França e Boulos – que é um cenário impossível, e portanto serve apenas como curiosidade estatística, e para se especular sobre o potencial de voto de cada um – daria vantagem para o primeiro, que pontuaria 39%, contra 28% de Boulos.
Um embate entre Covas e Russomano daria folgada vitória para o tucano: 49% X 32%.
Um embate entre Covas e Boulos também daria larga vantagem para o primeiro, que pontuaria 50%, contra 28% de Boulos (22 pontos de vantagem).
Um confronto entre Covas e França igualmente daria uma vantagem expressiva ao tucano, que pontuaria 50%, contra 32% para França (18 pontos de vantagem).
Netho
05/11/2020 - 16h27
O problema mais grave de Boulos é se comportar como papagaio de pirata de Lula com o PSOL, sob sua liderança, também aceitar a cortinha lusitana de ‘puxadinho do PT’. Sem falar no fato político incontornável de Lula ter se tornado uma mala sem alça na pauliceia desvairada e no fato eleitoral de que receber o apoio do PT em São Paulo é igualzinho a ‘abraço de afogado’. São Paulo é a Terra da Direita e a pátria da Extrema-Direita desde Martim Afonso de Souza. Os tucanos ainda terão vida muito longa nos colégios eleitorais que mais deram votos a Jânio Quadros e Collor de Mello. Quanto ao PT e Lula há muito tempo, marcadamente a partir de junho de 2013, também já foram varridos do mapa. A estrela caiu e, como se sabe, não aprendeu a levantar porque continuou a repetir seus erros crassos que levaram dois filhotes da ditadura ao Alvorada e ao Jaburu, desgraçadamente, eleitos.
Tadeu
05/11/2020 - 12h27
Ou seja, o apoio de Doria é tóxico, porém o candidato dele está em primeiro e deve se eleger. Pesquisa eleitoral nunca foi a coisa mais confiável do mundo, mas nos últimos 5 anos têm se revelado completamente incapazes de retratar com fidelidade o que passa na cabeça do eleitor.
Gilmar Tranquilão
05/11/2020 - 12h46
Já os candidatos do patético bozo tá perdendo no CE, no Rio, em SP, no ES e nos EUA!! kkkkkk
Tony
05/11/2020 - 11h15
Isso é bom para Bolsonaro, nao chgea a ser um verme do nivél do Cabral que o Lula elegeu no Rio mas esse Russomano é um cretino.