Nesta segunda-feira, 2, o jornalista especializado em Indústria e editor do site Revolução Industrial Brasileira, Fausto Oliveira, publicou um texto que mostra a complexidade da indústria nacional.
Confira o texto na íntegra!
O jornal Valor Econômico publicou há poucos dias a 20ª edição de seu ranking Valor 1000, com as 1 mil maiores empresas do Brasil.
Obviamente, o ranking inclui uma ampla variedade de setores de atividade e não faz distinção entre empresas nacionais e estrangeiras. Assim, a Revolução Industrial Brasileira se debruçou sobre o resultado (que se refere ao ano de 2019) e encontrou o seguinte fato a destacar.
Das 1.000 maiores do Brasil, apenas 83 são empresas nacionais que atuam em ramos de média ou alta complexidade.
Pela divisão setorial feita pelo Valor, dividimos as empresas nacionais de mais alta complexidade assim: 25 empresas em química e petroquímica; 18 empresas em farmacêutica e cosmética; 16 empresas em TI e Telecom; 10 empresas em veículos e peças; 7 empresas em metal-mecânica; 7 empresas em eletroeletrônica.
Dentro deste grupo, entretanto, uma análise qualitativa releva a presença de importadores de tecnologia para venda direta ou montagem em solo nacional (a exemplo da Multilaser, em TI Telecom).
Assim como também há empresas em negócios industriais de tecnologias elementares (como a Kepler Weber, que faz silos metálicos). Também ocorrem casos de empresas em ramos sofisticados, mas ainda com porte apenas médio (como a Vittia Fertilizantes ou a Cast Informática).
Apenas abrindo mão do critério da complexidade produtiva, a participação industrial sobe no ranking das 1.000 maiores do Valor. O levantamento que fizemos para achar a quantidade de indústrias (considerando toda e qualquer indústria) entre as maiores empresas do Brasil nos deu o resultado a seguir.
Das 1.000 maiores, pode-se considerar 193 delas como “indústrias”. Os setores que incluímos nesta contagem de 193 são (conforme a classificação do Valor): alimentos e bebidas; comunicação e gráfica; eletroeletrônica; farmacêutica e cosméticos; materiais de construção e decoração; mecânica; papel e celulose; plásticos e borrachas; química e petroquímica; TI e Telecom; veículos e peças.
Porém, é necessário aplicar o critério qualitativo novamente. Pois deste total, nada menos que 60 empresas são do ramo de alimentos e bebidas, quase todas processadoras de bens agropecuários naturais ou engarrafadoras.
Também deste total de 193, há 18 empresas produtoras de materiais de construção e decoração. Este é um ramo tipicamente cliente de tecnologias industriais complexas, mas cujo produto é marcado pela baixa agregação de valor via pesquisa e desenvolvimento tecnológico. Nele, figura uma das campeãs nacionais, o Grupo Votorantim.
Outro setor que tipicamente é consumidor de alta tecnologia de produção, mas cujo produto é uma commodity, é o de papel e celulose. Indiscutivelmente, é indústria, mas com produtos de menor intensidade tecnológica. Nele, há 12 empresas nacionais entre as 1.000 maiores.
O mesmo pode ser dito das metalúrgicas, onde o país ainda se sai bem com 31 empresas na classificação do jornal Valor. Dentre elas, grandes nomes como Gerdau e CSN. Para efeitos do nosso levantamento, a Revolução Industrial Brasileira não somou estas 31 metalúrgicas ao grupo de 193 indústrias porque em alguns casos são empresas produtoras de bens metálicos (aços longos ou em chapas, folhas de alumínio etc.) e em outros são apenas fundições de ligas metálicas. Isto cria uma zona de indefinição entre produção industrial de bens e indústria de base. Mas fica o registro das 31 metalúrgicas entre as 1.000 maiores.
O topo da tabela do Valor reflete bem a cara da estrutura produtiva brasileira. A Petrobras é a maior empresa do país, sendo seguida pela JBS e depois pela Vale. Em quarto, fica a holandesa Raízen (etanol e açúcar), e depois vêm a Petrobras Distribuidora, a Ultrapar (gás), a Cosan (etanol, gás e energias), Carrefour, Pão de Açúcar e Ambev.
Das empresas brasileiras de complexidade produtiva mais alta, a que melhor se saiu no ranking do jornal foi a petroquímica Braskem, ficando em 11º lugar. A Embraer é a 35ª da lista. Depois dela, em 56º lugar, ficou a Natura. A WEG ocupa a posição 61. A fabricante de componentes estruturais para veículos Iochpe-Maxion ficou em 77º. A farmacêutica Cálamo ficou em 120º. A Randon ficou em 133º.
A imensa maioria do parque produtivo de mais complexidade e intensidade tecnológica no Brasil ficou abaixo das primeiras 200 colocações.
Hilario
03/11/2020 - 12h26
“Torço pela democracia. Torço por Joe Biden.” (Joao Doria)
Ai esquerdetes…Doria 2022 !! kkkkkkkkkkkkkkkkk