Martha Rocha, o novo alvo das fake news do “bem”

Crédito: Twitter Martha Rocha

Sobre as novas fake news contra a candidata do PDT à prefeitura do Rio, Martha Rocha, como a mentira de que ela mandou prender o ativista Rafael Braga ou outros ativistas, durante as jornadas de junho de 2013, ou ainda de que é “punitivista”, seguem algumas considerações.

Martha Rocha era então chefe da Polícia Civil do estado, posição a que chegou após décadas servindo a instituição.

Em primeiro lugar, é bom deixar claro: as acusações são inteiramente fictícias e mentirosas, e disseminar fake news é repugnante.

Não existe fake news “do bem”. O fato de seus emissores se autointitularem de esquerda ou progressistas é um agravante moral.

Quem estava responsável pelo ordenamento, controle, contenção e consequente repressão das manifestações durante as “jornadas de junho” de 2013, era a Polícia Militar, orgão inteiramente autônomo e independente em relação à Polícia Civil.

Se é para acusar injustamente e espalhar mentiras, haverá outras vítimas, como o prestigiado coronel Ibis Pereira, hoje vice na chapa de Renata Souza, do PSOL. Ibis era um dos oficiais mais influentes na PM durante o governo Cabral, inclusive em 2013, a ponto de exercer o cargo de Comandante Geral da instituição entre o final de 2014 e de 2015 – nomeado aliás pelo ex-governador Sergio Cabral.

Ibis Pereira, é bom ressaltar, não é nenhum fascista ou “punitivista”, tampouco tem envolvimento com as falcatruas de Cabral, assim como Martha também não tem; ambos são servidores de carreira, que foram conquistando espaço em suas respectivas instituições através de seus méritos, que são muitos.

Martha Rocha tem apoio entusiástico de um dos policiais mais progressistas (diria mesmo, revolucionário) do Rio de Janeiro, fundador do movimento de policiais antifascistas no Brasil, Orlando Zaccone.

O apoio de Zaccone à Martha Rocha é a prova mais contundente de que a delegada é alguém comprometida com direitos humanos, e não com o “punitivismo”.

Importante ainda observar que muitos dos “ativistas” conduzidos às delegacias eram, de fato, suspeitos de diversos atos de violência contra o patrimônio público. Muitos estavam vinculados aos black blocs, e a esquerda adulta sabe que houve excessos também por parte desses manifestantes, durante aquele período. Sem hipocrisia, por favor.

Se for para apontar dedos para algum tipo de autoritarismo policial, então é preciso fazê-lo aos ministros da Justiça do PT, e ao governo Dilma, que defenderam e sancionaram leis contra o terrorismo, mesmo após o alerta de quase todos os especialistas em direitos humanos, que advertiram que essa legislação poderia ser usada contra movimentos sociais.

Era a PM (e não a Polícia Civil comandada por Martha Rocha) que – com ou sem razão – abordava os manifestantes e os colocava em ônibus.

A Polícia Civil entrava em ação quando os manifestantes chegavam às delegacias, onde os casos eram encaminhados para equipes de investigação da Polícia Civil, que deliberavam, juntamente com o Judiciário, sobre o seu destino.

Quanto a Rafael Braga, o seu caso foi apreciado pela chefia da Polícia Civil e encaminhado aos investigadores da própria Civil e a um delegado, que trabalham com bastante autonomia, sob supervisão do MP e do judiciário. Sua ordem de prisão veio de um juiz, não de Martha Rocha.

A mesma esquerda que hoje chama Martha Rocha de “punitivista” é dividida em duas: uma, na oposição, organizava atos em apoio ao juiz ultraautoritário e punitivista Marcelo Bretas e em favor da Lava Jato; outra, no governo, sancionava a lei da delação premiada, nomeava punitivistas para o STF e aprovava uma lei antidrogas que fez a população carcerária feminina aumentar em quase 500%.

Essas fakes news se intensificaram freneticamente após pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira (22/10/2022), que mostra a deputada com 13% das intenções de voto, empatada com Crivella, que tem os mesmos 13%; e, sobretudo, ganhando de Paes no segundo turno, com 4 pontos de vantagem (ao passo que Benedita, por exemplo, fica 20 pontos atrás de Paes num eventual segundo turno).

É claro que, para passar ao segundo turno, é preciso antes chegar lá. Mas ter um pouco de responsabilidade política com nosso povo, e trabalhar estratégias que possibilitem a vitória eleitoral e o exercício de governo, ao invés de brincar de “chegar ao segundo turno”, não faz mal nenhum!

Atualização 1: A própria Martha veio a público hoje esclarecer essa fake news, munida de todos os documentos necessários:

Atualização 2: em entrevista ao rockeiro Tico Santa Cruz, a delegada pôs um ponto final às fake news. Assista. Ela explica melhor do que ninguém.

Publicamos no Twitter, em duas partes:

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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