– Enquanto escrevo as notas dessa terça 20 de outubro, já foram computados os votos de 56% das atas eleitorais na Bolívia. Neste momento, Arce aparece com 49,08% dos votos, Mesa com 32,94% e Camacho com 15,88%. No dia de ontem houve uma série de manifestações em reconhecimento da vitória inconteste do MAS. Entre elas, a do principal adversário, Carlos Mesa e de Luis Almagro, secretário geral da OEA. Mesa reconheceu que as pesquisas de boca de urna publicadas na madrugada de domingo para segunda (19) deixaram “claro triunfador no primeiro turno” e que seu partido Comunidad Cidadã (CC) será “cabeça da oposição”.
– Segundo Arce, em entrevista à Cadena A, a primeira tarefa do governo será pagar o auxílio emergencial contra a fome para milhares de bolivianos. O auxílio foi aprovado pelo legislativo, mas o governo Añez não executou. Segundo a presidente do Senado, Eva Copa, o ato de posse do novo presidente deve ser realizado no dia 5 de novembro. Há rumores de que Añez não participará do evento. Há expectativa também quanto às investigações de responsabilidade pelos massacres de Sacaba e Senkata em 2019 que estão em curso no legislativo. Segundo o deputado Victor Borda, presidente da comissão que investiga os massacres, já há um relatório final a ser apresentado e a Assembleia Plurinacional vai indicar as responsabilidades pelas mortes de 37 pessoas. Añez, seus ministros, chefes de polícia e militares podem estar implicados e vir a ser julgados.
– Entre os chanceleres da região, o da Argentina, Felipe Solá e o do México, Marcelo Ebrard, foram os primeiros a se pronunciar sobre a vitória do MAS na Bolívia. Ebrard disse em sua conta no twitter: “a lição que o povo boliviano deu em defesa de sua autodeterminação e democracia perdurará em nosso continente”. Enquanto isso, o chanceler brasileiro não disse palavra e anda por onde? Nos EUA.
– O chanceler brasileiro, Ernesto Araújo, está nos EUA e ontem (19) participou de um evento à margem da Assembleia Geral da OEA que começou hoje (20). O evento em que esteve Araújo se chamou “Evento à margem da Assembleia-Geral da OEA sobre as causas estruturais da crise na Venezuela”. E o próprio secretário geral da OEA deu a manchete da reunião em sua conta no twitter: “devemos recuperar a democracia na Venezuela. É um regime criminoso que afeta a estabilidade regional e gera crise humanitária, crise migratória, apoia o terrorismo, o narcotráfico e comete crimes de lesa humanidade”. Enquanto, o mundo se admira do exercício da democracia popular na Bolívia, Almagro, Araújo e a Casa Branca seguem tramando contra a Venezuela que tem eleições parlamentares marcadas para 6 de dezembro próximo. A 50ª Assembleia Geral da OEA – Organização dos Estados Americanos começa hoje e há indicativos de que sairão declarações duras com relação aos governos da Venezuela e da Nicarágua.
– Ainda sobre a agenda de Araújo nos EUA, também no dia de ontem (19) ele assinou o Protocolo ao Acordo do Comércio e Cooperação Econômica entre os Governos do Brasil e dos EUA Relacionado a Regras Comerciais e de Transparência. Segundo o Planalto e a Casa Branca trata-se de medidas para acelerar e desburocratizar o comércio entre os dois países, envolvendo facilitação de comércio, boas práticas regulatórias e anticorrupção. Muito longe de ser o sonhado acordo de livre comércio de Bolsonaro. E por falar nisso, o comércio do Brasil com os EUA na verdade caiu neste ano de 2020, teve queda de 25% de janeiro a setembro e recuo das exportações em 31,5%. (infos do Valor). Enquanto Araújo está lá, o conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Robert O’Brien, está no Brasil e se reúne hoje com o Presidente Bolsonaro.
– O próximo e último debate entre os presidenciáveis dos EUA será na próxima quinta (22). A moderadora será Kristen Welker da NBC e segundo a imprensa ela terá direito a cortar o áudio do microfone de Trump e Biden, caso não respondam às questões apresentadas ou interrompam o adversário. Hoje Trump aparece cerca de 9 pontos atrás de Biden nas pesquisas de opinião. Muitas pessoas já votaram pelos correios e centenas de milhares já fazem fila em todo o país para depositar o voto. Aliás, o que se comenta na imprensa que cobre as eleições é que o discurso de Trump que acusa de fraudulento o voto pelo correio tem estimulado ainda mais o voto físico antecipado nas seções eleitorais que já estão abertas. Além dos correios, outra “instituição” que tem sido alvo da ira de Trump é o infectologista Anthony Fauci que já trabalhou com cinco presidentes americanos (Reagan, Bush pai e Bush filho, Clinton e Obama). Mais de 8 milhões de estadunidenses já foram infectados pelo coronavirus e mais de 220 mil faleceram, mas segundo Trump “as pessoas estão cansadas da Covid, de ouvir Fauci e esses idiotas (sic)”.
– Na Tailândia seguem ocorrendo manifestações gigantescas, é normal, por exemplo, ter mais de 100 mil pessoas nas ruas a cada jornada, tanto na capital Bangkok como no restante do país. As marchas ocorrem desde agosto deste ano, mas nos últimos dias ganharam muito volume e contundência. As principais demandas defendidas pelos que protestam: reforma da monarquia, dissolução do parlamento com novas eleições, nova Constituição e fim da censura aos críticos do governo. A Tailândia teve eleições em março de 2019, foram as primeiras após um golpe militar ocorrido em 2014. No entanto, as eleições foram muito contestadas e reconduziram ao poder o primeiro-ministro Prayut Chan-ocha que já dirigia o país desde 2014. Atualmente o país está sob estado de emergência decretado pelo governo e as regras possibilitam que direitos básicos sejam “totalmente restringidos a serviço da segurança nacional”. O monarca do país, Vajirlongkorn tem sua residência formal na Alemanha e é conhecido por mal ficar na Tailândia.
– Na França, seguem as mobilizações após o assassinato do professor de História e Geografia, Samuel Paty, no último dia 16. O professor foi encontrado decapitado na rua, perto do colégio Bois-D’Aulne em Yvelines, oeste de Paris. Seu assassino, um jovem de 18 anos de origem chechena também terminou morto pela polícia logo após seu assassinato. O presidente francês Emmanuel Macron qualificou o atentado como um “ataque terrorista islâmico”. O professor teria usado caricaturas de Maomé em uma de suas aulas. A polícia encontrou comunicação via telefone entre o assassino e um pai de uma aluna que teria pedido a demissão do professor. Dezesseis pessoas estão presas e entre elas quatro estudantes e o pai da aluna que teria mensagens trocadas com o assassino. Os parlamentares participaram hoje de um ato nas escadarias da Assembleia Nacional em memória do professor. Amanhã (21) Macron realizará uma homenagem na Universidade de Sorbonne ao professor. O assassinato do professor levantou novamente o debate na sociedade francesa sobre o radicalismo islâmico.
– Na Armênia, ocorreu ontem uma marcha na capital Ierevan em protesto contra os fracassos das tentativas de paz na região de Nagorno-Karabakh. No domingo (18) mais uma tentativa de cessar fogo foi frustrada após novos ataques dos azeris. Desde 27 de setembro pelo menos 760 pessoas já morreram no conflito que começou com um ataque do Azerbaijão apoiado pela Turquia. A Rússia tem jogado papel na mediação da guerra. Na noite de ontem (19) houve um chamado do Conselho de Segurança da ONU às lideranças dos dois países por um cessar fogo.
– Em entrevista à FSP, o presidente da Huawei no Brasil, Sun Baocheng, disse que a empresa já está presente no mercado brasileiro há 22 anos como fornecedora de praticamente todas as redes de telefonia móvel. Começou com o 2G, passando pelo 3G, o 4G e agora se prepara para a implantação do 5G, caso não seja banida do país como quer o presidente Bolsonaro. O leilão do 5G no Brasil foi adiado para 2021. A empresa também presta serviço para a indústria de energia, instituições financeiras e setor público em geral. Segundo ele, sem a Huawei, a evolução da tecnologia de quinta geração pode demorar até quatro anos para começar porque todas as teles brasileiras teriam que trocar praticamente todos seus equipamentos e isso tornaria a telefonia mais cara no país. Perguntado sobre a segurança cibernética oferecida por sua empresa, o executivo disse: “operamos em mais de 170 países há mais de 33 anos e nunca ocorreu nenhum incidente de hacker”.