Pesquisa XP/Ipespe 2022: Bolsonaro tem 31%, Haddad 14%, Moro 11% e Ciro 10%

Hoje vamos analisar uma ampla pesquisa XP/Ipespe, com entrevistas realizadas entre os dias 8 e 11 de outubro, trazendo projeções para as eleições presidenciais de 2022, e os números mais recentes da aprovação do governo Bolsonaro.

Falemos antes das projeções para 2022.

O primeiro destaque é que Bolsonaro voltou a se consolidar como líder das pesquisas, tanto em cenários de primeiro como de segundo turno. A força de Bolsonaro é coerente com o aumento de sua aprovação, que iremos analisar mais abaixo.

Segundo o XP/Ipespe, Bolsonaro tem 31% das intenções de voto, mais que o dobro de qualquer outro adversário. 

Até o momento, temos quatro nomes no jogo eleitoral de 2022: além de Bolsonaro, que parece ter um lugar cativo no segundo turno, temos Sergio Moro, Haddad (ou Lula) e Ciro Gomes. 

A linha de Haddad/Lula deve ser vista com mais cuidado, porque a pesquisa informa que usou os nomes de Lula de janeiro a maio; de junho em diante, o nome do PT é Haddad. A linha vermelha do candidato petista indica um declínio de Lula, que passa de 24% em janeiro, para 17% em maio. 

A partir de junho, a pesquisa passou a usar o nome de Haddad, e não mais o de Lula. O percentual de voto oscila, de lá até hoje, entre 13% e 15%. Agora está em 14%.

Sergio Moro experimentou um forte declínio desde que seu nome foi incluído na série, em setembro do ano passado; seu auge foi ao final de abril, logo após sua saída do governo, quando suas intenções de voto chegaram a 18%. Hoje Moro tem apenas 11%.

Ciro Gomes tem oscilado entre 8% e 12% desde o início da série, em setembro de 2019. Hoje tem 10%.  Tecnicamente, está empatado com Moro e Haddad. 

Os números não são ruins para o trabalhista; ao empatar tecnicamente com Haddad e Moro, ele coloca em xeque a afirmação de que seria impossível vencer sem apoio do PT. Além disso, o percentual também sinaliza que os prognósticos sobre sua morte política (vindos sobretudo do petismo) seriam algo exagerados. 

A pesquisa traz cenários de segundo turno. 

Num eventual (embora improvável) segundo turno entre Bolsonaro e Sergio Moro, haveria um empate de 36% a 35%, com o ponto de vantagem em favor do ex-juiz. Entretanto, o gráfico mostra um declínio tão impressionante de Moro nos últimos meses, o que nos leva até a suspeitar que os pesquisadores não tenham pesado um pouco para o lado do ex-juiz, em função da simpatia que ele goza junto ao “mercado”. Moro chegou a pontuar 58%, contra 24% de Bolsonaro, ao final de abril. Nos meses seguintes foi desidratando, chegou a 35% em setembro e hoje tem 36%.

Moro se demitiu no dia 24 de abril, quando ganhou a atenção, em geral positiva, de quase toda a grande mídia. 

 

 

Entretanto, os cenários mais prováveis de segundo turno, a julgar pela tendência de polarização na reta final das eleições, devem ser entre Bolsonaro X um candidato progressista, seja Haddad ou Ciro.

Bolsonaro ganharia, num eventual segundo turno, tanto de Haddad como de Ciro, com resultados inclusive idênticos: Bolsonaro 43 X 35 Haddad ou Ciro. 

Tanto Haddad como Ciro experimentaram um crescimento de 3 pontos nos últimos meses. 

Uma análise sobre qual o candidato com mais potencial para derrotar Bolsonaro num segundo turno dependeria de mais dados sobre rejeição de cada um, e uma avaliação a mais imparcial e objetiva possível sobre a presença ou relevância do sentimento antipetista junto sobretudo aos eleitores de centro. O candidato progressista que conseguir atrair para si esse eleitorado volátil de centro, que tende ora para um, ora para outro, terá mais chances. 

Como o PT tem sido forçado pelas circunstâncias a procurar aliados em partidos radicais, como PSOL e até mesmo o PCO, isso poderia indicar uma dificuldade maior do partido de conquistar esse eleitorado de centro. Caso isso seja verdade, então o PDT de Ciro Gomes teria uma vantagem, tanto para chegar ao segundo turno em 2018, como para vencê-lo. 

 

 

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A pesquisa também traz a avaliação do governo Bolsonaro, que vive um de seus melhores momentos.

Até mesmo o repúdio na classe média, segundo essa pesquisa, parece ter refluído. 

Entre eleitores com renda familiar acima de 5 salários,  a rejeição (notas ruim e péssimo), que tinha atingido 55% em maior, caiu para 33% em outubro.

Mas a novidade mesmo foi a mudança junto às famílias de baixa renda (até 2 salários), entre as quais o percentual de bom e ótimo chegou a 39%, o maior patamar desde o início da série. 

No Nordeste, onde a rejeição a Bolsonaro havia atingido 63% em abril, caiu pela metade e está agora em 30%. 

Ainda no Nordeste, o percentual de aprovação positiva (ótimo e bom) está em 35%, seu maior patamar nessa região desde o início da série, a partir de julho de 2019.  

A melhora na aprovação de Bolsonaro parece derivar de uma certa sensação (provisória? ingênua) de alívio, por parte da população. Quando a pandemia chegou ao Brasil, as pessoas tiveram muito medo de perder o emprego. Esse medo caiu bastante. Segundo a pesquisa, hoje 57% dos entrevistados responderam ter a percepcão de que a chance de manterem seus empregos é grande ou muito grande, contra apenas 36% que disseram que é pequena ou muito pequena. 

Ou seja, as pessoas voltaram a ter esperanças. Mal ou bem, o país conseguiu se segurar na pandemia, ao menos por enquanto.

    

 

Até a avaliação sobre a atuação de Bolsonaro no enfrentamento ao coronavírus parece estar mudando. Em maio, 58% disseram que era ruim ou péssima; hoje esse percentual caiu para 47%, que é ainda bem superior aos 30% que acham que Bolsonaro teve atuação ótima ou boa. 

 

Tanto as pesquisas de intenção de voto para 2022, quanto de avaliação de governo, mostram que Bolsonaro está numa maré boa. As pessoas se sentem aliviadas por estarem vivas, por terem recebido auxílio emergencial, ou por terem mantido seus empregos. Isso se reflete positivamente em favor do governo. 

Mas essa lua de mel não deve durar muito. Ano que vem será, forçosamente, um ano muito difícil, sobretudo por causa da enorme ressaca provocada pela pandemia este ano. 

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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