Por razões óbvias, o debate eleitoral em São Paulo vem assumindo uma centralidade cada vez maior.
Duas ou três grandes batalhas estão em jogo.
Há um cabo de guerra entre a direita bolsonarista e a direita tucana.
Há também uma disputa (silenciosa, mas muito agressiva nos bastidores) entre a esquerda petista tradicional, representada por Jilmar Tatto, e a esquerda neopetista, representada por Guilherme Boulos.
Por fim, há o embate entre a esquerda trabalhista, que apoia Marcio França, versus o neopetismo de Guilherme Boulos. Esta batalha parece estar se tensionando bastante nos últimos dias.
Como pano de fundo de todos esses embates, pode-se vislumbrar ao mesmo tempo uma reprise de 2018, e uma prévia de 2022.
Cabe aos comunicadores, de qualquer forma, elevar o nível do debate.
Recebemos de militantes trabalhistas, apoiadores de Marcio França, um texto que tem justamente esse objetivo: apostar numa discussão programática.
Estamos abertos, naturalmente, para a manifestação de militantes petistas (Jilmar Tatto) e neopetistas (Guilherme Boulos).
Os motivos listados abaixos, alinhavados por um membro da Executiva municipal do PDT, sinalizam que o programa político de Marcio França é audaciosamente progressista. Se costurado e implementado com prudência e pragmatismo, poderia representar um modelo de gestão eficaz para melhorar a vida de milhões de paulistanos e, de quebra, ajudar a deter a onda bolsonarista que ainda nos ameaça em 2022.
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- MOTIVOS PARA VOTAR EM MÁRCIO FRANÇA PREFEITO
Por Felipe Augusto Ferreira
1 – Plano Márcio de retomada econômica
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Linha de crédito de até 50 mil reais, sem juros, para reabertura dos pequenos comércios e empresas prestadoras de serviços que fecharam devido à pandemia.
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Programa Aqui Tem Palavra de microcrédito de até 3 mil reais, sem juros, para qualquer cidadão poder empreender e iniciar o seu pequeno negócio, e incentivo a abertura de até 250 mil microempresas.
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Programa Futuro Jovem-Emprego, para contratação de até 60 mil jovens entre 17 e 18 anos para prestar serviços administrativos para a prefeitura com salário de 600 reais, ajuda de custo para transporte e alimentação, e realização de curso técnico gratuito oferecido pela Prefeitura em parceria com o Sistema S. A prioridade do programa será para jovens em situação de vulnerabilidade social, inclusive permitindo a reinclusão social de jovens que tenham cometido crimes de menor potencial ofensivo (em parceria com o Ministério Público).
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Criação de frentes de trabalho em que as pessoas serão contratadas por salário de 600 reais para trabalhar por 3 dias na semana, 6 horas por dia, em serviços de zeladoria urbana, como forma de complementar o fim do auxílio emergencial da pandemia que termina em dezembro.
2 – Projeto Escola do Amanhã – Escolas Inovadoras
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Criação de 8 núcleos de educação de ponta em São Paulo que implementarão aulas de programação e robótica como alfabetização, integradas à Base Nacional Comum Curricular e ensino em tempo integral. A ideia do Projeto é adequar a educação de São Paulo à 4ª Revolução Industrial, abrangendo as novas tecnologias de informação, para a construção de um projeto de Brasil Potência, além de garantir a educação para a democracia e para a cidadania. Nesses centros também se dará a formação continuada dos professores municipais a fim de garantir que o Projeto ganhe escala para atingir todas as crianças no futuro.
3 – Criação da Universidade Digital Municipal (UDM)
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Criação da Universidade Digital Municipal nos moldes da experiência da UNIVESP, como instituição de ensino superior à distância que oferecerá cursos de graduação, pós-graduação, tecnólogos e extensão para garantir que todos os jovens que concluam o Ensino Médio na escola pública tenham oportunidade de ingressar no Ensino Superior, sem vestibular. A UDM também oferecerá cursos de extensão, atualização, aperfeiçoamento e pós-graduação para os servidores públicos municipais.
4 – Tarifa Zero aos domingos e feriados e integração de modais de transporte
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Tarifa zero aos domingos e feriados financiada pela publicidade nos televisores dos ônibus, e manutenção do valor atual da tarifa (sem novos aumentos). Ampliar o tempo de integração do Bilhete Único.
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Possibilidade de se utilizar o saldo do Bilhete Único (Vale-Transporte, Comum ou Estudante) para efetuar pagamento de viagens por táxi ou por aplicativo (Uber e 99).
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Criação de aplicativo integrando SPTrans, Metrô e CPTM para informar o passageiro de dados como lotação, linha, horários de parada, tempo de espera no ponto, e com possibilidade de reembolsar o passageiro com créditos para o transporte se ele adquirir produtos em estabelecimentos parceiros localizados próximos às rotas de transporte.
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Realização de obras públicas para garantir a integração entre os modais de transporte, como ampliação do número de bicicletários e ciclovias, integração dos bicicletários com outros modais de transporte coletivo e ampliação de calçadas em locais de grande fluxo.
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Cobrar das empresas de ônibus a implantação de pontos de Wi-Fi, ar-condicionado e itens de acessibilidade nos ônibus das periferias.
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Aumentar a disponibilidade de ônibus retomando linhas de ônibus que foram extintas na administração Doria/Covas.
5 – Geração de renda para combater as desigualdades
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Criação da Renda Básica Municipal permanente, voltada a grupos vulneráveis da cidade e a profissionais que trabalham com aplicativos de mobilidade.
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Articulação entre Prefeitura, sindicatos e os órgãos de classe de representação dos entregadores e dos restaurantes para a criação de um aplicativo de entregas municipal, de forma a aumentar a renda dos entregadores e incentivar a organização sindical destes.
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Incentivos econômicos para contratação de mães, jovens e outros grupos vulneráveis nos setores público e privado.
6 – Moradia social e revitalização do Centro
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Reforma e revitalização dos imóveis ociosos e abandonados do centro de São Paulo através da emissão de CEPACs para alterar os índices urbanísticos de construção e edificação da região Central, promovendo a construção de moradias, reativando da economia através de empregos na construção civil e assim gerando arrecadação para o município.
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Programa de assistência técnica para autoconstruções de moradia em áreas de Interesse Social, e regularização fundiária de propriedades em áreas seguras com mais de 5 anos de uso localizadas em ZEIS, com taxas sociais de transição.
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Adoção de estratégia de habitação social em que unidades de diferentes valores são integradas no mesmo projeto, para que beneficiários de maior renda possam ajudar a financiar os de menor renda, ajudando assim a aproximar os trabalhadores das áreas com maior emprego.
7 – Políticas de incentivo à agricultura familiar e economia verde
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Refazer o Cinturão Verde da cidade por meio de incentivos para a organização de agricultores em cooperativas, fornecendo cursos técnicos especializados, capacitação e escoamento de produtos para a venda, por meio de uma Coordenadoria municipal que será criada para essa finalidade.
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Criação de um sistema de economia circular e moeda verde que integre reciclagem e banco de alimentos. A ideia é que parte da produção dos agricultores familiares urbanos possam ser comercializada em locais cadastrados com uma moeda verde que será arrecadada pelos cidadãos ao descartarem materiais recicláveis nos pontos de coleta designados. Dessa forma esse sistema permitirá que se integrem políticas de incentivo à agricultura familiar e dos pequenos comércios com políticas de combate à poluição ambiental e ao descarte irregular de resíduos sólidos.
8 – Plano Municipal de Saúde Integrada – Padrão Pérola Byington
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Elaboração de um novo Plano Municipal de Saúde com foco na educação, promoção e prevenção à saúde. A saúde preventiva será em relação não apenas a futuras pandemias, mas também às demais doenças. Os pilares desse Plano serão: formação continuada dos profissionais de saúde, trabalhos de educação comunitária voltada para a saúde individual e ambiental, informatização da saúde, e fomento da pesquisa e ensino operacionais. A organização desse modelo integrado de saúde pública será iniciada através das Unidades Básicas Integradas com foco inicial para a organização do Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher.
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Além disso a Prefeitura pretende garantir a abertura em fins de semana e feriados de todas as unidades de saúde municipais a fim de zerar a fila de exames e consultas agravada pela pandemia, além de concluir as obras dos hospitais municipais que estão paradas.
9 – Políticas de atenção à saúde mental
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Fortalecimento da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) para atendimento das pessoas em sofrimento psíquico (que teve grande aumento em decorrência da pandemia), através de fortalecimento de equipes multidisciplinares de profissionais de atendimento à saúde mental e a formação continuada dos profissionais. Garantir que todas as Unidades Básicas de Saúde tenham estrutura de atendimento em saúde mental, para que após o diagnóstico inicial o munícipe possa ser encaminhado para a Rede de Atenção Psicossocial do município. Além disso, adotar políticas de prevenção ao adoecimento mental em parceria com escolas e a comunidade.
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Tratar a questão das drogas como um problema de saúde pública e de assistência social, e garantir atendimento integrado às pessoas em situação de dependência química, indo da prevenção, cuidado, conscientização, recuperação até chegar à reinserção social.
10 – Valorização do serviço público
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Valorização do servidor público de por meio de cursos de capacitação continuada em gestão e processos pela Universidade Digital Municipal (UDM), implantação de metas de produção individual específicas para cada carreira, melhoria das condições de trabalho do servidor público com equipamentos e sistemas de informação, e redesenho de processos administrativos em sintonia com o programa SP 100% Digital.
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Implantação de um sistema de avaliação permanente da qualidade e eficiência dos serviços públicos por parte dos cidadãos.
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Formação continuada permanente para os professores da rede pública municipal, e obrigação para que os candidatos a concursos de diretores das escolas públicas municipais tenham formação em educação e no mínimo 5 anos de experiência.
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Novo plano de carreira para a Guarda Civil Metropolitana com base em treinamento e desenvolvimento contínuo e em serviço, e valorizar e ampliar o efetivo da Defesa Civil (diminuído durante a gestão Doria/Covas).
11 – Segurança pública integrada e valorização dos espaços públicos
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Garantir por meio do Programa Futuro Jovem-Emprego o remanejamento de pelo menos 800 Guardas Civis Metropolitanos que hoje estão no serviço burocrático para as ruas, além de reequipar e fortalecer a GCM para que ela se torne uma unidade de inteligência e integrada à comunidade.
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Fortalecer os mecanismos municipais para apoiar e acolher mulheres vítimas de violência, assim como facilitar denúncias de abusos perpetrados e criar canais de ação para evitar o feminicídio e a violência doméstica.
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Incentivar a ocupação e a valorização dos espaços públicos por meio do desenvolvimento de uma rede de parques, praças e bibliotecas-parque, integrando praças e parques municipais com equipamentos públicos multifuncionais, e investimento em iluminação pública em áreas deficientes dessa infraestrutura.
12 – São Paulo 100% Digital
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Utilização de ferramentas de TI para ampliar a quantidade e a qualidade dos serviços públicos municipais, através de integração com BIG Data dos sistema de dados dos órgãos municipais, uso de aplicativos municipais para atendimento aos cidadãos, canais digitais de atendimento dos serviços públicos municipais, e redesenho dos processos administrativos da administração com vistas à digitalização total. Isso provocará uma redução em 30% dos custos de TI da prefeitura, e promoverá uma economia de 80% nos custos de atendimento.
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Políticas de inclusão digital dos cidadãos por meio da instalação de novos pontos de Wi-Fi gratuito nas áreas periféricas da cidade, e da criação do Programa de Acesso a Instrumentos Digitais para disponibilização de computadores, tablets e outros instrumentos digitais para alunos e professores.
Essas e outras propostas podem ser encontradas em http://divulgacandcontas.tse.jus.br/candidaturas/oficial/2020/SP/71072/426/candidatos/731435/5_1600986975532.pdf .
Por Felipe Augusto Ferreira, graduado em Relações Internacionais pela USP, funcionário público e membro da Executiva Municipal do PDT de São Paulo.
Paulo Cesar Cabelo
13/10/2020 - 12h16
Como o Boulos disse , progressista num dia , foto com Bolsonaro no outro.
Tirar foto com defensor da tortura basta para encerrar o debate sobre o caráter de um homem.
Espero que se ouver ainda progressistas votando nele , que migrem para Boulos para aumentar a chance da esquerda ir pro segundo turno.
O voto em França é voto inútil.
Sebastião
13/10/2020 - 09h03
Vocês estão fazendo isso com todos os candidatos de SP? Informando os programas de governo?
Alexandre Neres
12/10/2020 - 23h55
Esquerda trabalhista? Neopetismo de Boulos? ” Esta batalha parece estar se tensionando bastante nos últimos dias.” Este blogue tá numa campanha tão deliberada em favor dos seus candidatos, basta olhar os recortes das matérias, os títulos prosélitos, que tá perdendo o senso do ridículo.
Alan C
13/10/2020 - 13h14
Eu vejo isso como algo normal. Nos EUA, “berço” do capitalismo, a Fox é declaradamente Republicana e a CNN declaradamente Democrata. As coisas são às claras, todos sabem e ninguém reclama.
Aqui a imprensa tradicional é notoriamente liberal de direita (à brasileira, mas é), e entre a imprensa progressista de esquerda há os veículos declaradamente petistas (247, DCM, Tijolaço, Forum, GGN, etc). Aqui o editor-chefe tem mais simpatia pelo Ciro e nunca escondeu.
Agora, uma coisa é certa, o Cafezinho nunca expulsou quem não deu amém a Ciro como os citados fazem se não se curvar diante de São Lula da Silva. Eu mesmo já fui expulso 3 vezes.
Ao ver esse lance, se eu fosse juiz de futebol, eu diria: SEGUE O JOGO!!!
Abraço Alexandre!
Alexandre Neres
13/10/2020 - 14h01
Meu caro Alan, a diferença é que na metrópole os veículos jornalísticos assumem sua posição, deixam registrado em seus editoriais, tomam lado. Aqui não, é bem diferente. Não tem uma posição clara, aberta, dizendo quais candidatos o Cafezinho apóia, mas se deixa entrever nas entrelinhas, nas manchetes que fazem o recorte só até o terceiro lugar embora o quarto esteja colado, na única capital em que se registra um favorito, na manipulação para só no caso x dizer que os candidatos estão empatados, na transformação de Márcio França querendo torná-lo um candidato progressista, o que ele não é nem nunca foi (Tabata Amaral que o diga).
Outro ponto, há alianças estratégicas como a do PSDB-DEM, na era FHC, e há alianças táticas como a do PT com o PL do Zé de Alencar. No segundo caso, quem mandava no governo e dava as cartas era o PT, o PL foi pra quebrar o gelo com a zelite. A aliança dos primeiros se dava em nível programático, eu até diria que o governo FHC, à época, tinha mais a cara do DEM do que do PSDB.
Pois bem, a aliança do PT com o PMDB deve ser devidamente contextualizada. Não se pode tirar o coelho da cartola e misturar alhos com bugalhos. O PT precisou se aliar ao PMDB por questões de governabilidade, senão poderia ter sido derrubado ali. Governar o Brasil é difícil, quem já esteve lá sabe que é necessário lidar com deputados e partidos puramente fisiológicos, que estão lá pra isso. Todo mundo sabe, sobretudo quem já transitou por todos os partidos do espectro ideológico, é estranho numa hora destas querer posar de vestal quando já se estava lá desde o governo Itamar. Enquanto o PT teve forças, o governo era do PT, o PMDB ficava lá com suas boquinhas de sempre, sem prestígio, com cargos de somenos importância, o que gerou aquela carta ressentida do temerário. Só que a partir do momento em que Cunha cresceu e passou a inviabilizar o governo, junto com os derrotados na eleição, a coisa se complicou em meio a tantas pautas-bombas.
Agora te pergunto, tendo em vista a campanha vergonhosa que este blogue supostamente progressista está fazendo para o candidato do DEM dos Malvadeza em Salvador, partido porta-voz dos rentistas e dos farialimers (já disse aqui, se o PT apontasse Sarney, votava Dino, se indicasse Cabral, votaria Freixo), quem numa aliança entre o PDT e o DEM em nível nacional, aliança esta que acho difícil de se configurar mas que é o sonho de consumo do neotrabalhismo, daria as cartas? Seria uma aliança tática como as do PT ou estratégica como a do PSDB? Como se daria a correlação de forças entre PDT e DEM?
Um abraço!
Alan C
13/10/2020 - 16h18
Bem, pensamos diametralmente diferente em relação aos veículos que eu citei assumirem posição… No Brasil a resposta para esta pergunta, quando feita a Q-U-A-L-Q-U-E-R veículo destes, será sempre a manjada “somos pró democracia, a favor do bom jornalismo e blá, blá, blá…”. Nenhum assume lado, mesmo sendo mais que evidente a ponto de te expulsar se desconfiarem que vc não é adorador do mito que seguem. É por isso que o Cafezinho é diferente, não expulsa ninguém, aceita o contraditório e, principalmente, não inventa fake news contra os adversários do Ciro como as porcarias do 247 e DCM fazem com certa frequência.
Criou-se, infantilmente, uma “regra” que qq blog de esquerda deve, necessariamente, apoiar o lulopetismo, caso contrário é uma choradeira chata infinita do tipo “Ciro é de direita” e outras imbecilidades semelhantes.
Sobre o França ser progressista, não creio que o progressismo seja algo estanque, mas creio que ele esteja à esquerda da ideologia do PSDB, do DEM e vários outros, assim como Ciro é de centro-esquerda. Assim como tb creio que o França esteja à direita do viajandão do Rui Costa Pimenta, só pra citar exemplos.
Sim, a aliança PT-PMDB deve ser contextualizada, concordo, mas para os lulopetistas essa regra parece que só vale pro PT, pros outros não… Não faz sentido dizer que a aliança do PT precisa ser contextualizada e dizer que Ciro é de direita pq se aproxima do DEM, certo?
A única coisa que eu tenho diversas ressalvas é quando vc disse “Enquanto o PT teve forças, o governo era do PT, o PMDB ficava lá com suas boquinhas de sempre”, pois isso o próprio PT não deveria ter permitido. Não só permitiu como entrou na corrupção tb, não há argumento que negue isso. Petrobrás, empreiteiras… isso foi PT e não PMDB. A corrupção do PMDB era em outras esferas.
Quanto a sua última pergunta, no meu entendimento quem dá as cartas é quem tem a cabeça da chapa, mas há exceções, o impeachment da Dilma foi um exemplo, o PMDB quis assumir e derrubou o PT num grande acordo nacional onde a conduta do PT foi desastrosa, não protegendo o mandato que o povo lhe conferiu. Dilma caiu quieta, um absurdo sem precedentes.
Alexandre Neres
14/10/2020 - 01h46
Prezado Alan, espero não estar sendo enfadonho, mas vou apenas pontuar umas questões pra não pairar dúvida e ir ao que interessa.
“Bem, pensamos diametralmente diferente em relação aos veículos que eu citei assumirem posição”. Não acho que pensamos diferente neste caso, eu apenas fiz uma ponderação que os veículos de imprensa estadunidenses se posicionam politicamente sem subterfúgios, aqui no Brasil tanto a grande mídia quanto os blogues progressistas não se manifestam de forma clara e inequívoca seu apoio, achando que conseguem disfarçar suas preferências que são escancaradas, a começar da Globo.
Acho lamentável que pessoas do campo progressista denominem de “lulopetismo” esse campo político, tal qual os conservadores. O PT foi atacado incessantemente e usurpado do poder, é lamentável ver o campo progressista referir-se dessa forma, mas cada um sabe de si. Precisa do insuspeito Reinaldo Azevedo dizer que Lula é maior liderança popular brasileira de todos os tempos.
“o PMDB quis assumir e derrubou o PT num grande acordo nacional onde a conduta do PT foi desastrosa, não protegendo o mandato que o povo lhe conferiu. Dilma caiu quieta, um absurdo sem precedentes.” Divirjo totalmente deste raciocínio. Mutatis mutandis, é como inculpar uma mulher que foi estuprada porque usava uma saia curta.
O PT demorou bastante a procurar o PMDB e fazer um acordo, mas foi premido pelas circunstâncias, pois o establishment partiu pra cima dele com unhas e dentes. Se não tivesse feito isso, poderia ter caído em 2005. O problema no Brasil é estrutural, como dizia o Dr. Ulysses o congresso seguinte é sempre pior do que o anterior e continua sendo. O bozo resistiu bastante, mas já tá comendo na mão dos caras, apesar de que o bozo veio de lá mesmo, do baixo clero. Não tem como fugir, os gaiatos inventam mil ardis e o governante da vez precisará dos votos desses venais para ver seus projetos aprovados, mesmo o bozo cujo projeto é só destruir o Brasil. Com um sistema político esfacelado, o voto dessa corja será fundamental para qualquer um que queira implementar um projeto consistente.
Pouquíssimos deputados do PT estavam envolvidos com corrupção, a grande maioria estava no PP e no PMDB, mas o PT que ganhou os holofotes. Por que será? O PMDB estava totalmente envolvido com a Petrobras, inclusive em mais diretorias e com as empreiteiras. O PSDB, mesmo fora do governo, também estava. As empreiteiras financiavam todos os grandes partidos. Isso se trata do crime de caixa 2, para ganhar as eleições o candidato precisava desse dinheiro pra se eleger. O PT defendia que o dinheiro das campanhas viesse do financiamento público, mas entrou na roda junto com os outros. Todos faziam isso e sabiam como a banda tocava. Raciocínio similar aos atletas de alto rendimento da natação, por exemplo, pro cara ganhar medalha olímpica tomava bomba e parava de tomar um tempo antes para não ser pego. Se não tomasse, não ganharia.
Se o PT resistindo durante um bom tempo não conseguiu conter os ímpetos e a voracidade dessa turba, imagine quem na largada já se alia ao DEM, por exemplo? As perspectivas são sinistras. O xis da questão é que é na hora de governar que os tratos e as chantagens se fazem mais presentes. A fome do baixo clero é insaciável e você precisa contar com eles e eles sabem disso. Só estão esperando a hora pra dar a bocada.
O que me irrita neste blogue é que ele incita, insufla a briga entre ciristas e petistas. O problema é que estamos em pleno desgoverno bolsonero. Por causa do blogue, depois de 2018 e o que veio depois, a princípio não voto mais no Ciro. Ciro era o meu limite na centro-esquerda, Marina sem chance, pois me considero de esquerda, à esquerda do PT. O que acho mais brochante é que em 1989 Brizola abriu a picada e sinalizou o caminho da grandeza a ser seguido, transferindo maciçamente os votos para Lula. Detalhe: Collor perto de Bolsonaro é um gentleman, um estadista. O que deveríamos estar discutindo nesse momento se este blogue não minasse o diálogo entre nós? O Cafezinho se postou desde o começo contra a candidatura do Freixo, o nome mais viável para a prefeitura do Rio. Eu meti algumas vezes o pau na Marta Rocha, pois nem a conhecia, mas me parece ser uma candidata séria, diferentemente do França que é um fanfarrão. Não gosto de candidata delegada, como não gosto da major do PT em Salvador ou do coronel vice do PSOL no Rio. Acho isso um produto dos nossos tempos que revela nossa miséria. Todavia, acho que os partidos e eleitores da Marta Rocha e da Benedita têm de começar a conversar, pois quem for para o segundo turno tem de contar com o apoio da outra para enfrentar o Paes. Isso já tinha de ser costurado desde já. O mesmo em Fortaleza, deviam parar de birra e selar um pacto pra enfrentar um bolsonarista raiz que tá lá na frente. Se não apararmos arestas, não conseguirmos dialogar e diminuir essa distância que alguns contribuíram para que crescesse, Bolsonaro terá tudo para se reeleger, o que será uma desgraça para o país e diversas gerações vindouras.
Um abraço e vamos mantendo a prosa!
Alan Rabelo
12/10/2020 - 23h48
Muito triste ver seu ocaso, Miguel. Adeus
Alan C
13/10/2020 - 13h17
Ok, pode se dirigir à saída, pegar seu pão com mortadela e seu copo com tubaína que a companheirada te prometeu e TCHAU!
O PT247 é outro blog, não este.
Batista
13/10/2020 - 19h55
Basta pressionar um pouco e revelam logo a imensa ‘criatividade paralela’, replicando as mesmas ‘elaboradas’ ofensas vociferadas pelas falanges bolsonaristas, quando estão a babarem de ódio e raiva, não necessariamente nessa ordem.
O cara vai enfartar sem conseguir entender o significado do PT e por que não conseguem destruí-lo…, pode isso, Redação?
Mas o pior dessa aventura rumo ao fim da linha, sabendo-se que a cada ciclo do narcirismo debandam os desiludidos e troca-se o partido, triste sina essa dos fervorosos devotos ‘trabalhistas progressistas’ da ora, rumo a decepção mais que anunciada, de forma ininterrupta a repetir-se há 4 décadas e 4 ciclos, com hiatos no meio para repaginação do discurso, readequação do plano de governo e recomposição de forças junto aos universitários da vez e a safra de desavisados ‘nem-nem’ desse tempo, para fazer acontecer o novo ciclo, em novo partido.
E vamos que vamos, com Mangabeira junto, enquanto der pra ver-se no espelho, haver amanhã…