Nesta sexta-feira, 9, a deputada estadual e candidata do PDT a Prefeitura do Rio, Martha Rocha, disse que o formato das Organizações Sociais, popularmente conhecidas como “OS”, alimenta a corrupção na prefeitura.
“Não posso te dizer que toda OS é corrupta, mas depois que eu presidi a Comissão da Covid na Assembleia Legislativa do Rio, tenho convicção que esse modelo que pretendia dar celeridade e eficiência fomenta a corrupção. Nas duas últimas administrações da prefeitura, o Iabas, alvo de investigações no governo Witzel, recebeu R$ 4 bilhões sem prestar contas. Não serei irresponsável de, no primeiro dia, tirar todas as OSs. Mas vou trabalhar para isso acontecer ao longo do tempo”
Em entrevista ao Globo, a pedetista também falou sobre a retomada da educação no Rio e criticou o atual prefeito da cidade, Marcelo Crivella.
“Em 1º de janeiro, temos que sentar com os atores envolvidos para discutir um planejamento, se a ciência disser que é a hora da retomada. Não acho justo o que o atual prefeito fez, transferindo para os pais a responsabilidade dessa decisão”
Como ex-chefe da Polícia Civil (2011-2014), Martha respondeu sobre a melhoria na elucidação dos homicídios após sua saída do órgão.
“Ousaria dizer que essa melhoria posterior na elucidação se deve, em parte, à nossa gestão. Fizemos seis concursos públicos para delegado de polícia, inspetor, perito e cartório. Eu fortaleci a Delegacia de Homicídios, que só existia na capital. Semeei um terreno. Tinha convicção de tudo que estava fazendo ali. Talvez os aplausos não viriam na minha gestão, mas (o trabalho) era importante para a instituição.
Na entrevista, Martha afirmou que houve “esvaziamento das ferramentas de controle da prefeitura” em relação ao combate as milícias.
“A decisão do prefeito da Lei do Puxadinho (que flexibilizou regras urbanísticas), por exemplo, é temerária. Outro ponto: se existe a indicação de participação da Guarda Municipal na milícia, como a investigação da Polícia Civil mostrou, a Corregedoria tem que ser chamada para que isso seja apurado de forma rápida. Madureira é o pulmão do comércio de rua do Rio. Tem que aproximar a prefeitura da polícia para entender que produtos são esses, quem autorizou a venda. Esse é o papel a ser desempenhado, a prefeitura tem que enfrentar a milícia também”
Além de Crivella, a candidata também direcionou críticas ao ex-prefeito Eduardo Paes (DEM), que tenta voltar ao cargo nessa eleição.
“Quando penso no legado (da gestão Paes), penso nas contas da prefeitura. Ele a endividou. A administração não foi tão perfeita quanto a imagem que ele quer passar. Mas ele não deve gostar de ser contrariado por uma mulher”
Na esfera política, Martha foi questionada sobre o possível apoio do ex-presidente Lula (PT) no eventual segundo turno.
“Não me parece que o Lula fará qualquer gesto em direção ao PDT. Nem nós estamos fazendo este movimento. Pelo contrário. Nas eleições de 2018, o Lula fez tudo para desestabilizar a campanha do Ciro Gomes. Eu não faço política com o fígado, mas também não estou aqui buscando apoio dele”
No final, a pedetista falou sobre os votos dos bolsonaristas.
“Quando eu olho para o eleitor, não pergunto se ele votou no Bolsonaro ou se votou no Ciro. Só peço ao eleitor que conheça as nossas propostas e que decida quais são os melhores candidatos. Quem tem que discutir Bolsonaro não sou eu, é o Luiz Lima e o Crivella. Não serei eu que vou nacionalizar esse debate porque a cidade do Rio precisa de muito mais”