A segunda pesquisa Exame/Ideia para as eleições de 2022, com entrevistas realizadas entre os dias 5 e 8 de outubro, trazem o presidente Jair Bolsonaro ainda na liderança, com 30% das intenções de voto, seguido de Lula, com 18%, Sergio Moro, com 10%, e Ciro Gomes, com 9%.
Outros candidatos tem 5% para baixo.
Houve poucas variações em relação a pesquisa anterior, realizada ao final de agosto: Bolsonaro oscilou um ponto para baixo, Lula um ponto para cima, Sergio Moro perdeu 3 pontos, e Ciro ganhou igualmente 3 pontos.
O fator mais surpreendente da pesquisa é a consolidação de Bolsonaro junto à população mais pobre, menos escolarizados e no Nordeste.
No parágrafo final da reportagem da Exame sobre a pesquisa, informa-se que “no extrato mais pobre da população, após o presidente [Bolsonaro], Ciro Gomes e o apresentador Luciano Huck seriam os mais votados no primeiro turno e receberiam cada um 18% das intenções de voto”.
É lamentável que a revista não divulgue um relatório completo da pesquisa, para que esses números possam ser examinados de perto.
Caso estes dados sejam confirmados por outras pesquisas, então o lulismo estaria experimentando um impressionante processo de deslocamento, perdendo apoio entre mais pobres.
O fundador do instituto Ideia, Mauricio Moura, atribui essa mudança ao Auxílio Emergencial. Entretanto, como o Auxílio já foi reduzido pela metade, e tem data para acabar, fica a dúvida se esse deslocamento seria apenas provisório.
A pesquisa traz ainda alguns cenários de segundo turno, todos com a presença de Bolsonaro, contra Lula, Moro e Doria. Bolsonaro ganha de todos com larga vantagem.
Não foi apresentado um cenário com Ciro, o que seria interessante, visto que Lula permanece inelegível e há dúvidas se conseguirá recuperar seus direitos políticos até 2022.
Outro ponto que merece destaque na matéria da Exame é a recuperação da aprovação de Bolsonaro, que agora está em 39%, contra 42% de desaprovação.
Abaixo, a íntegra da reportagem da Exame:
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EXAME/IDEIA: Bolsonaro vence Lula, Moro e Doria nas eleições de 2022
Em um primeiro turno, o presidente tem 30% das intenções de voto. Ele tem a preferência dos menos escolarizados e evangélicos
Por Gilson Garrett Jr.
Publicado em: 09/10/2020 às 07h05
Se as eleições presidenciais fossem hoje, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) seria reeleito em qualquer cenário. No primeiro turno, o presidente receberia 30% das intenções de voto, contra 18% de Luiz Inácio Lula da Silva e 10% do ex-ministro Sergio Moro. Na sondagem ainda aparecem Ciro Gomes, com 9%, Luciano Huck, com 5%, e João Doria, com 4%.
No caso de uma disputa de segundo turno, Moro seria o candidato com mais chances de enfrentar Bolsonaro. O ex-ministro aparece com 35% das intenções de voto, e o presidente com 41%. Já contra Lula, Bolsonaro receberia 43% das preferências, diante de 33% do candidato do PT. Contra o governador de São Paulo, o presidente tem uma vantagem maior, com 42% das intenções de voto, e Doria com 21%.
Os dados fazem parte da mais recente pesquisa exclusiva EXAME/IDEIA, projeto que une Exame Research, braço de análise de investimentos da EXAME, e o IDEIA, instituto de pesquisa especializado em opinião pública. A cada quinze dias, EXAME/IDEIA traz pesquisas de opinião exclusivas com foco no cenário político.
Os números gerais da pesquisa oscilaram dentro da margem de erro, de 3 pontos percentuais para mais ou para menos, em relação ao registrado na sondagem EXAME/IDEIA do final de agosto. O novo levantamento foi realizado com 1.200 pessoas, por telefone, em todas as regiões do país, entre os dias de 5 e 8 outubro.
“Os cenários das duas pesquisas estão muito semelhantes. Mas destaco que nesta rodada Bolsonaro tem uma ampla maioria entre aqueles que se declaram evangélicos (45%). Também se consolida entre os mais pobres, principalmente por conta do auxílio emergencial”, destaca Maurício Moura, fundador do IDEIA.
A pesquisa também estratificou os votos por escolaridade e região. Bolsonaro vence em todos os cenários, com vantagem mais significativa entre aqueles com ensino fundamental (37%). Por região, a maior margem é registrada no Norte (38%), no Centro-Oeste (35%) e no Nordeste (31%). As recentes idas do presidente a estados nordestinos estão surtindo efeito em puxar votos em um treduto antes de maioria petista.
Analisando o critério de renda, Bolsonaro também tem maioria em todos os estratos. A vantagem está na classe C, em que 31% disseram que votariam nele se as eleições fossem hoje. Nas classes A e B o presidente tem 27% das intenções de voto. Já entre os mais pobres, das classes D e E, ele tem 24%.
No extrato mais pobre da população, após o presidente, Ciro Gomes e o apresentador Luciano Huck seriam os mais votados no primeiro turno e receberiam cada um 18% das intenções de voto.
Aprovação
A pesquisa também quis saber dos eleitores se eles estão satisfeitos com a maneira como o presidente governa. Após uma quebra na sequência de alta, a aprovação do governo Bolsonaro voltou a subir e chegou a 39%. Os que desaprovam a gestão do presidente somam 42%.
“Isso mostra como a população brasileira está altamente dividida entre os que apoiam e os que não apoiam o governo. A popularidade de Bolsonaro mostra que ele já está no segundo turno e a oposição está muito diluída”, diz Moura.