Ipea aponta causas da alta no preço do arroz

6/10/2020 10:19

Situação deve durar mais alguns meses, até a chegada de produto dos países asiáticos

Ipea — A pandemia de Covid-19 provocou aumento de 7,77% na alimentação no domicílio, segundo o Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo IBGE, de setembro/2019 a agosto/2020, mais que o triplo do índice geral. O saco de 5 Kg de arroz atingiu R$ 21,19. As causas da disparada nos preços do produto, que é a base da alimentação de muitos brasileiros, são analisadas no estudo O que está acontecendo com o preço do arroz no Brasil?, divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) nesta terça-feira (06/10).

A pesquisa mostra que diversos aspectos influenciaram a alta do arroz. O isolamento mudou os hábitos de consumo e a população passou a estocar alimentos. Paralelamente, o auxílio emergencial e o saque do FGTS provocaram o aumento de consumo de alimentos básicos, favorecendo principalmente a população de renda mais baixa.

Para agravar a situação, a desvalorização do real e a pressão da demanda mundial contribuíram para aumentar as exportações e reduzir as importações. Nos primeiros oito meses do ano, as exportações cresceram 73,5% em volume e 81,4% em valor em relação ao mesmo período, enquanto as importações tiveram queda de 17% em quantidade e 12% em valor. A produção de arroz, por outro, tem permanecido relativamente estagnada, com flutuações ao longo dos anos. A safra deste ano deve ser 6,6% superior à do ano passado, mas 7,4% inferior à de 2018.

Essa não é uma realidade só do Brasil. A redução da oferta mundial se refletiu em variações nos preços internacionais, principalmente na Tailândia e Vietnã. De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o Índice de Preços do Arroz subiu 2,7% em agosto na comparação com julho e 8,7% em relação a agosto do ano passado.

Na tentativa de conter a alta do produto no mercado interno, o governo federal anunciou, em setembro, a suspensão provisória dos impostos de importação do arroz, sem resultados imediatos. “O arroz importado vem dos três países do Mercosul (Argentina, Paraguai e Uruguai) que já têm tarifa zero e não possuem excedentes exportáveis. Sendo assim, o aumento esperado de importação terá que vir da Ásia, que não são fornecedores tradicionais do país”, explica Marcelo Nonnenberg, um dos autores do estudo. Com o mercado mundial aquecido, a situação só deve se normalizar quando forem fechados novos contratos de importação e o arroz chegar da Ásia, o que levará alguns meses.

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