O site Revolução Industrial Brasileira (RIB), editado pelo jornalista Fausto Oliveira, publicou um texto hoje que traz um alerta importante contra o projeto de Reforma Administrativa enviado pelo governo ao Congresso.
Trata-se de uma armadilha mortal para a indústria nacional, que já vem sofrendo uma de suas piores crises de sua história.
A proposta de alteração do artigo 173 da Constituição introduz um impedimento constitucional do governo fazer política industrial. Com isso, beneficia os grandes grupos industriais norte-americanos, europeus e chineses, que assim garantem que o Brasil nunca desafiará o seu domínio em setores produtivos de maior complexidade e mais valor agregado, permanecendo um dos maiores compradores globais de manufaturados e exportador de produtos primários.
Segue trecho do artigo publicado no RIB:
(…) Se precisavam de uma chance para unir o setor privado contra a agenda de Paulo Guedes, chegou a hora. O conjunto de péssimas intenções reunidas na redação do parágrafo 6º do artigo 173 nesta reforma não é do interesse de ninguém. Muito menos do setor privado nacional.
Uma vez aprovado tal como está redigido, de pronto ele significará o fim definitivo do fomento público por meio de instrumentos como BNDES e Finep, dado que qualquer agente privado estrangeiro poderá acionar o STF afirmando que a concessão de uma linha de crédito especial, ou financiamento de projeto, é uma medida de reserva de mercado.
Sem estes instrumentos, o empresariado nacional estará para sempre na chuva em seu próprio território, visto que seus concorrentes estrangeiros não terão qualquer tipo de barreira de entrada no Brasil. Com a diferença de que eles virão financiados com gordos créditos públicos a fundo perdido ou a juros zerados da parte de bancos públicos e privados de seus países.
No longo prazo, o artigo 6º tal como se propõe significa a renúncia completa ao desenvolvimento de capacidades tecnológicas de maior valor na economia nacional (o que atingiria todos os setores, embora a indústria fosse sofrer mais). Isto porque, como se sabe, o financiador por definição de pesquisa e desenvolvimento de longo prazo é o setor público.
Para dar concretude ao comentário, pensemos o seguinte: se este artigo existisse desde o final dos anos 90, não teria sido possível fazer a Lei dos Genéricos por meio de quebra de patentes, e nem o ProFarma do BNDES. E assim o Brasil não teria hoje uma nascente indústria farmacêutica capaz de sintetizar medicamentos genéricos (EMS, Aché, Neoquímica e outras).
Portanto, é o caso da clássica pergunta: a quem interessa esta excrescência? A quem interessa a renúncia completa à política industrial? Obviamente, interessa aos grandes agentes econômicos internacionais. E o empresariado brasileiro, o que diz? Veem nisso a possibilidade de alienar suas empresas mais à frente a preço vil?
Urge que o Congresso Nacional rejeite sem pestanejar o parágrafo 6º do artigo 173 da reforma administrativa. Cabe às forças de oposição liderar um alerta contra esse atentado à independência econômica do Brasil.
carlos
07/09/2020 - 09h59
Se isso se confirmar, só vai restar os rentistas, como vamos fazer!
Luiz
04/09/2020 - 21h46
Quais serão os efeitos da judicialização juridicamente descompromissada com a cidadania ?
Paulo
04/09/2020 - 18h03
É incrível como não temos mais uma elite nacionalista. Ao contrário…
João
04/09/2020 - 21h06
Nacionalismo é só mais uma forma de populismo. No final das contas não serve pra nada.
Paulo
04/09/2020 - 21h46
Então você prefere os entreguistas? Esses são bons?
João
07/09/2020 - 10h15
O q seriam entreguistas?? A favor de privatizar?? Sim, sou a favor de privatizar tudo o q for possível.
adevir
04/09/2020 - 12h51
Como o citado artigo não foi mostrado aqui, é bem provavel que nao seja tudo isso. Se for, é por isso q agora tramita pelo congresso, bastando retirá-lo. Parlamento serve pra isso mesmo.