A pesquisa sem pé ou cabeça do Poder 360

Eu costumo ser extremamente liberal com pesquisas, mas para tudo há um limite. 

Todos os institutos de pesquisa já erraram feio no passado. Quase todos já flertaram inclusive com graves crimes eleitorais. 

Dos institutos conhecidos, nenhum escapa. 

Entretanto, alguns institutos extrapolam. Alguns mais que outros, ao se vincularem explicitamente a um lado dos próprios campos políticos presentes na pesquisa. 

A última pesquisa eleitoral do Poder 360 peca, por sua vez, por um quadro estratificado completamente sem pé nem cabeça. 

Examine o quadro abaixo e tente identificar uns 70 erros básicos. Volto em seguida. 

 

Pela pesquisa, Bolsonaro tem 37% de intenções de votos no Nordeste e 36% no Sudeste. Não faz sentido. 

Haddad, candidato do PT que chegou ao 2o turno das eleições de 2018, e que, portanto, tem um expressivo recall (ou seja, está na memória do povo), tem mais votos no centro-oeste (14%) e sudeste (16%) do que no nordeste (13%).

Doria tem a mesma pontuação no Sudeste (6%) e no Nordeste (5%). Flavio Dino tem três vezes mais votos no Sul e Sudeste (3% em cada) do que no Nordeste (1%), onde é governador e, evidentemente, muito mais conhecido?

Haddad lidera (21%) entre os mais ricos, com renda acima da 10 salários, mais que Moro, Bolsonaro e Doria?

Não é a primeira vez que denuncio a pesquisa Poder 360. Em novembro de 2017, escrevi um post apontando números totalmente bizarros da mesma fonte. 

Não se trata de desmerecer uma pesquisa apenas porque Bolsonaro está muito à frente, mas simplesmente de apontar números que contradizem o mais básico bom senso. 

 

 

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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