Por Monitor Mercantil
Em 1981, após um desgastante processo antitruste levado a cabo pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos que se arrastara por mais de uma década, a IBM, logo após o anúncio de seu primeiro computador pessoal (PC), decidiu procurar uma pequena empresa produtora de softwares para desenvolvimento do sistema operacional (DOS). Evitava, dessa forma, novas acusações de monopólio.
Curiosamente, a Microsoft, a empresa que se desenvolveu exponencialmente a partir dessa parceria e que viria a dominar os sistemas da maior parte dos PCs com seu Windows, não estava presente na audiência que o Congresso norte-americano fez na última quarta-feira para ouvir os executivos das 4 big techs: Tim Cook, da Apple; Jeff Bezos, da Amazon; Mark Zuckerberg, do Facebook; e Sundar Pichai, do Google (Alphabet). Os congressistas interrogaram os quatro diretores sobre como lidam com sua posição dominante no mercado.
Foram ataques diretos e concretos. Cook teve que responder por que exclui aplicativos de sua loja e em seguida colocar à disposição apps da própria Apple. O Google foi acusado de jogar para escanteio em suas buscas uma empresa que reclamara das práticas da gigante que domina a porta de entrada da internet.
Zuckerberg tentou explicar que não compra empresas para evitar concorrência, apesar de documentos internos do Facebook indicarem o contrário. E a Amazon sofreu acusações de obter, em seu dominante market place, informações estratégicas de empresas que lá vendem seus produtos para suplantá-las. São apenas alguns exemplos.
A disposição dos congressistas é jogar pesado. Ação que ganha corpo em ano eleitoral, no qual ataque a trustes e seus donos, que enriquecem enquanto a população empobrece, vai ao encontro do que pensa o eleitorado. E necessária, pois as corporações “grandes demais para serem quebradas” abusam de suas posições dominantes, fazem passeio de faturamento por paraísos fiscais para pagar pouco imposto e destroem a competição.
A disposição dos congressistas é jogar pesado. Ação que ganha corpo em ano eleitoral, no qual ataque a trustes e seus donos, que enriquecem enquanto a população empobrece, vai ao encontro do que pensa o eleitorado. E necessária, pois as corporações “grandes demais para serem quebradas” abusam de suas posições dominantes, fazem passeio de faturamento por paraísos fiscais para pagar pouco imposto e destroem a competição.
A pergunta, porém, é: existe disposição nos EUA, hoje, para fazer o que foi feito com IBM ou AT&T lá atrás? O Império norte-americano desmorona e sofre com a competição de outros países e blocos, especialmente a China. O caso do 5G é emblemático, em que os Estados Unidos se empenham para desbancar a chinesa Huawei, mas não têm tecnologia desenvolvida em seu território capaz de atender às necessidades. Em um momento assim, as autoridades atacariam empresas que permitem aos EUA acesso a dados de praticamente toda a população mundial (exceção, a China)?
Outro fator de resistência é o poderio dessas corporações, que hoje valem mais que o PIB de boa parte dos países e têm uma força inimaginável décadas atrás, capaz de mudar rumos das eleições. Será uma briga feroz. Interessante é que o uso de ferramentas oferecidas pelas próprias empresas que são confrontadas pode mobilizar a população contra elas.