Cerca de 440 estações de rádios comunitárias receberam autorização do presidente Jair Bolsonaro para funcionar. Grande parte das emissoras estão nas regiões periféricas e rurais do Brasil e uma fatia considerável terão suas concessões renovadas.
As autorizações foram despachadas por Bolsonaro para o Congresso Nacional, o número supera as liberações feitas em 2013 pelo governo Dilma. Na época, a petista enviou 302 autorizações para registro.
Porém, o Estadão/Broadcast apurou que existem suspeitas de que as emissoras liberadas por Bolsonaro tenham influência e exerçam atividades políticas. Segundo o levantamento, os donos dessas emissoras tiveram ou possuem vínculos com partidos do Centrão como PL, PSD, PSC, PROS, PP, Patriota e Republicanos. Alguns desses dirigentes já disputaram eleições para vereador e prefeito.
No total, são 4,6 mil rádios comunitárias em atividade no Brasil. O último recorde para liberação dessas emissoras aconteceu em 2009 no governo do ex-presidente Lula (PT) que despachou 630 pedidos de funcionamento.
Na campanha, Bolsonaro denunciava que as rádios comunitárias seriam supostamente uma espécie de porta-vozes dos governos petistas. Porém, a narrativa mudou e agora o Planalto tenta superar às liberações de Lula. Contudo, o governo Bolsonaro busca formar uma rede de emissoras comunitárias que sejam simpatizantes do governo. Por isso que a liberação de outorgas também é visto como moeda de troca com parlamentares.
A lei que autorizou o funcionamento das rádios comunitárias foi sancionada pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Na teoria, as rádios teriam o controle das associações comunitárias, mas na prática são manipuladas como cabos eleitorais e fogem do conteúdo comunitário e popular. Vínculos comerciais também são recorrentes nestas emissoras, mesmo que a legislação proíba a propaganda.