Nature, a principal revista científica multidisciplinar do mundo, publicou um estudo que reitera a ineficácia da cloroquina no tratamento do novo Coronavírus.
O estudo afirma que a hidroxicloroquina não apresenta quaisquer atividades antivirais substanciais em macacos cynomolgus infectados com o Covid-19.
Segundo o artigo, efeitos positivos da droga estão ausentes independente do momento em que se inicie o tratamento, seja antes do contágio, imediatamente após o contágio ou tempos após o contágio.
Os resultados contrariam em peso a defesa da droga conduzida pelo presidente Jair Bolsonaro.
Bolsonaro vem testando positivo para Covid-19 e afirma que toma cloroquina para se tratar.
Milhões de reais foram gastos na produção em massa da droga no Brasil, que utilizou as Forças Armadas para aumentar a produção.
Além disso, os Estados Unidos enviaram ao Brasil milhões de doses da substância.
Essas doses enviadas pelos Estados Unidos ainda devem render mais custos ao orçamento público.
O Governo Federal quer que os governos estaduais cuidem da fracionação da droga em cada estado, distribuindo “doses para o tratamento da Covid-19”.
A cloroquina é também o remédio mais citado em peças de desinformação no mundo.
Segundo o Coronavirus Facts Alliance e o CoronaVerificado, checadores de informações sobre a Covid-19, 161 conteúdos falsos sobre remédios foram desmentidos de janeiro até o dia 20 de julho.
Desses, 31,7% envolviam a cloroquina e a hidroxicloroquina.
O paper publicado na Nature piora a já deteriorada percepção que se pode ter da resposta de Bolsonaro à pandemia: reafirma que sua maior aposta é absolutamente inútil, isso quando não serve para lesar ainda mais o quadro nacional.