Aprovação do Fundeb é derrota do governo Bolsonaro

Apesar do governo ter cedido às pressões e aceitado o acordo para votar o Fundeb, está claro que a votação de ontem representou uma grande derrota para o núcleo ideológico bolsonarista.

O principal sinal dessa derrota está nos sete votos contrários ao Fundeb, pertencentes ao pequeno grupo que forma a verdadeira tropa de choque do governo federal, como os deputados Bia Kicis (PSL-DF), Felipe Barros (PSL-PR), Luiz P.O.Bragança (PSL-SP) e Marcio Labre (PSL-RJ).

A administração tentou várias manobras para adiar, mutilar, desvirtuar o Fundeb, mas bateu contra uma muralha, a qual, a bem da verdade, não era formada por nenhum interesse ideológico, mas pelo aço inoxidável da realidade concreta: praticamente todos os prefeitos do país dependem dos recursos do Fundeb para complementar o orçamento da educação em suas cidades. 

O governo tentou adiar as novas regras para 2022. Foi derrotado. Depois tentou uma pedalada malandra, deslocando 5% do fundo para um novo programa de assistência social, a ser criado. Perdeu novamente.  

A equipe econômica de Guedes ficou à frente dessas manobras derrotadas. O ministério da Educação virou um figurante, com seu novo titular infectado por Covid.

O ex-ministro Abraham Weintraub, sempre tão falador, manteve-se num maravilhoso silêncio, lá nos Estados Unidos, para onde fugiu com medo de ser preso no Brasil. 

A vitória serviu ainda a outro propósito, tão importanto quanto a educação, que é de renovar a esperança na política: é possível, sim, mobilizar a sociedade e pressionar os governos, mesmo o mais incompetente e antipopular de todos, como o de Bolsonaro, e parlamentos, mesmo esse aí, tão conservador, a seguirem pelo caminho da racionalidade e do interesse nacional. 

 

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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