O Boletim Socioepidemiológico da Covid-19 nas Favelas, da Fundação Oswaldo Cruz, estima que a letalidade da doença em regiões com maior concentração de favelas é o dobro que a letalidade de bairros mais ricos.
A publicação também estima que o vírus é mais letal em homens do que em mulheres e que o maior percentual de óbitos é da população negra nos territórios periféricos.
Para se entender a distribuição da doença na cidade, construiu-se uma tipologia que dividia os bairros em cinco áreas: sem favela, concentração baixa, concentração mediana, concentração alta e concentração altíssima.
Dados do Censo 2010 estimam que 22% dos habitantes do município do Rio de Janeiro moram em áreas de favelas.
A taxa de incidência por Covid-19 mostrou que as áreas classificadas como “sem favelas” e “baixa concentração” são as que apresentaram maiores taxas de incidência da doença, respectivamente, de 115,58 por 10mil habitantes e 74,98 por 10 mil habitantes, ambas acima da média do município do Rio de Janeiro (70,71 por 10 mil habitantes).
Os bairros classificados como “concentração altíssima de favela” apresentaram uma taxa de 23,94 por 10 mil habitantes, de acordo com o boletim.
Já a taxa de mortalidade por Covid-19 apresentou o mesmo padrão da taxa de incidência. O registro foi maior nos bairros “sem favelas” e de “concentração baixa de favelas”, com taxa, respectivamente, de 10,67 e 8,90 por 10 mil habitantes.
Porém, nos bairros considerados de “altíssima concentração de favelas”, a taxa de letalidade da doença é de 19,5%, ou seja, o dobro dos “bairros que não têm favelas” (9,2%) e muito acima da taxa do município (11,7%).
O boletim revela que apesar da ausência de preenchimento da variável raça/cor em 45% das notificações (22.416), a ocorrência da Covid-19 é maior na população negra nos bairros classificados como “concentração altíssima”, “concentração alta” e “concentração mediana” de áreas cobertas por favelas.
Nos bairros de “concentração baixa”, o percentual da população negra (25,6%) é muito próximo a ocorrência na população branca (27,6%).
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