Ernesto Araújo terá de explicar olavismo no Itamaraty

Foto: reprodução.

Ernesto Araújo, ministro das Relações Exteriores, terá de esclarecer formalmente o eventual papel de Olavo de Carvalho e do “olavismo” diante da formulação da política externa brasileira.

Requerimento enviado ao Itamaraty pela bancada do PSOL na Câmara dos Deputados cobra esclarecimentos do ministro.

O documento, obtido pela coluna de Jamil Chade, lembra a referência a Olavo de Carvalho feita por Ernesto Araújo: “um homem que, após o presidente Jair Bolsonaro, talvez seja o grande responsável pela imensa transformação que o Brasil está vivendo”.

“Pergunta-se: em que bases e em que sentido seria Olavo de Carvalho o grande responsável pela transformação do Brasil?”, indaga o documento, questionando a influência do olavismo na formulação ideológica da política externa brasileira.

“O Sr. Olavo de Carvalho exerce algum papel na formulação e na execução da atual Política Externa Brasileira? Em caso afirmativo, descrever de que modo e em que termos”, solicita a bancada, liderada por Fernanda Melchionna.

“Solicita-se o envio de uma lista exaustiva de todas as atividades da FUNAG realizadas desde janeiro de 2019 até a presente data, discriminadas por tipo e data, acompanhadas de uma breve descrição dos objetivos de cada atividade, acompanhadas da relação exaustiva de todos os custos e a lista de eventuais convidados, especificando para cada um deles seus respectivos cargos, qualificações profissionais e acadêmicas”, continua, sobre o uso da Fundação Alexandre de Gusmão (FUNAG) para a promoção de eventos com discípulos de Olavo.

“Qual a avaliação deste Ministério sobre eventuais danos à sua credibilidade à credibilidade da política externa brasileira em virtude da participação em eventos da FUNAG de blogueiros bolsonaristas sob investigação do Supremo Tribunal Federal no inquérito sobre disseminação de notícias falsas (“fake news”)?”, segue o documento.

O PSOL justifica o requerimento apontando que “diariamente a sociedade brasileira e a comunidade internacional se veem surpreendidas com posicionamentos do Brasil junto a organismos internacionais tanto por sua forma quanto por seu conteúdo”.

“Há algumas semanas, o Brasil não assinou um pacto ao qual mais de 130 países aderiram contra a propagação de informações falsas no contexto da pandemia de Covid-19; e votou contra uma resolução da ONU que recomenda a aplicação do Direito Internacional na questão dos assentamentos impostos por Israel no território palestino. No ano passado, o país também alterou drasticamente sua posição em relação ao embargo econômico imposto à Cuba pelos Estados Unidos da América (EUA), votando contra uma resolução que condenava a medida, acompanhado apenas por Israel e os EUA, abandonando um posicionamento de quase três décadas”, cita o documento, como exemplos do que gera surpresa acerca da política externa.

“Neste contexto de afastamento da respeitada tradição diplomática brasileira, de ataques ao multilateralismo e de um aparelhamento ideológico extremo, acientífico e inconsequente das relações exteriores, urge que este Parlamento e a sociedade em geral tenham acesso às informações aqui solicitadas”, conclui, exigindo explicações sobre o eventual olavismo presente na política externa nacional.

Redação:
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