De uma coisa não podemos reclamar dos chineses. Eles são absolutamente pragmáticos. Se precisam da nossa soja e da nossa carne, vão importá-las do Brasil, aparentemente sem dar importância às diatribes diplomáticas do governo Bolsonaro contra o país.
De qualquer forma, assim como fizeram com os EUA, de quem se tornaram os principais detentores de títulos do tesouro, a China amplia sua influência sobre outros países com seu poder financeiro cada vez maior.
Enquanto Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, posa ao lado de propaganda de Taiwan, tentando enfurecer a diplomacia chinesa, e ataca o país em suas redes sociais, o Brasil está se tornando, sob a gestão de Bolsonaro, mais dependente da China do que nunca.
Em jan/jun de 2020, a China respondeu por 34% de nossas exportações, segundo o Comexstat, banco de dados dinâmico do governo brasileiro.
O Brasil exportou US$ 34,5 bilhões à China no primeiro semestre, alta de 15% sobre o ano anterior.
É o caminho contrário dos Estados Unidos, que já respondeu por 24% das nossas exportações, no inicío dos anos 2000, e este ano teve participação inferior a 10%, a menor da história.
Segundo o Comexstat, a China foi o destino de mais de 70% da soja brasileira exportada no primeiro semestre.
O comércio exterior brasileiro sob a administração Bolsonaro é o retrato do neocolonianismo que marca os novos tempos. Com a descoberta do pré-sal, conseguimos ampliar expressivamente as exportações de petróleo, mas o fazemos apenas sob a forma bruta. Em Jan/Jun, exportamos mais de 10 bilhões de dólares em petróleo bruto, mas gastamos quase a metade disso apenas com a compra de plataformas… de exploração de petróleo.
Gastamos outros US$ 2,15 bilhões (em jan/jun) com a importação de diesel, mas US$ 1,1 bilhão com máquinas de perfuração. Se somarmos a importação de gasolina, ureia (usado para fertilizantes), o superávit da nossa balança comercial de petróleo é quase nulo.
O pré-sal está virando um novo pau brasil: estamos trocando, mais uma vez, nossas riquezas por miçangas importadas.
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