Os dados da última pesquisa Datafolha, divulgados em sua complitude nesta segunda-feira (29), dão conta de que 78% dos brasileiros consideram o regime militar uma “ditadura” e que o apoio à “democracia” bate seu número mais alto na história da República.
Segundo a estratificação da pesquisa, esse índice de apoio à democracia aumenta conforme a renda da pessoa, embora encontre seu valor mais alto entre aqueles que recebem entre 5 e 10 salários mínimos, e o mais baixo (69%) entre os que recebem até 2 salários mínimos.
Para 15% dos que recebem até 2 salários mínimos, “tanto faz” o regime de governo.
Para 66% de quem tem só até o ensino fundamental, “a democracia é a melhor forma de governo”, mas para 19% o regime é indiferente, enquanto 9% acreditam que uma ditadura poderia ser melhor em certas circunstâncias.
A pesquisa também sondou a opinião sobre o legado do regime militar. Em número crescente desde os últimos dados levantados, 62% pensam que o legado é mais negativo que positivo, contra um decrescente número de pessoas que acreditam terem havido mais realizações positivas do que negativas.
Desta vez, o número de pessoas que acreditam que a ditadura tenha deixado “mais realizações positivas” aumenta conforme a renda familiar mensal e a escolaridade.
22% de quem recebe até 2 salários mínimos considera haver mais realizações positivas que negativas na ditadura, enquanto 36% dos que recebem mais de 10 salários mínimos pensa o mesmo.
A proporção se dá também diante dos níveis de escolaridade: 23% de quem tem só o fundamental acredita haverem mais realizações positivas, enquanto 27% de quem tem ensino superior pensa igual.
Contudo, entre os que acreditam haverem mais realizações negativas, estão 66% dos que têm ensino superior. O número é de 58% para quem tem apenas o fundamental e 64% para quem tem apenas até o médio.
Perguntados se houve ditadura no Brasil, 78% responderam que “sim, houve”.
A respeito disso, o índice é bastante estável e homogêneo: 78% dos que recebem entre 2 e 10 salários mínimos pensam assim.
Apenas no caso de quem recebe mais de 10 salários mínimos há diferença: 79% destes admitem que “sim, houve uma ditadura”.
72% dos que têm ensino fundamental concordam que houve uma ditadura, com 80% de quem concluiu o ensino médio pensando o mesmo, e 82% de quem concluiu o ensino superior tendo a mesma conclusão.
A propósito destes números, quanto mais jovem mais certeza de que houve uma ditadura: 85% das pessoas entre 16 e 24 anos afirmam ter havido uma ditadura, enquanto 73% dos que têm 60 anos ou mais pensam o mesmo.
O número de pessoas que afirma “não ter havido uma ditadura”, contudo, referente ao recorte etário, oscila entre 12 e 15% para as idades de 16 a mais de 60 anos, com muitos respondendo “não saberem” se houve.
A pesquisa sondou também a opinião da população sobre a possibilidade de uma nova ditadura.
Neste sentido, o número manteve-se estável em relação a levantamentos anteriores, estabelecendo que 49% dos entrevistados pensam não haver “nenhuma chance” de nova ditadura no Brasil, contra 25% que pensam haver “um pouco de chance” e 21% que acreditam haver “muita chance”.
Somados, 45% acreditam haver alguma chance de ditadura no Brasil.
A maioria das pessoas que recebem até 2 salários mínimos acredita haver pelo menos alguma chance de uma nova ditadura no país: 51%.
O número decresce de acordo com a renda, com 42% daqueles que ganham entre 2 e 5 salários mínimos compartilhando da opinião.
39% entre os que ganham 5 e 10 salários mínimos pensam igual, e apenas 32% dos que ganham mais de 10 salários mínimos acreditam em alguma chance de ditadura.
Pela escolaridade, os números são relativamente polarizados entre quem tem até o superior: 49% imaginam haver alguma chance de uma nova ditadura no Brasil, contra 41% que afirmam não haver chance alguma e 10% que “não sabem” se há.
50% dos que têm ensino médio também acreditam não haver chance alguma, mas 46% apostam na existência da possibilidade.
Entre os que têm ensino superior, 58% afirmam não haver “nenhuma chance” de nova ditadura no Brasil.
A pesquisa levantou ainda a opinião dos entrevistados sobre tortura, controle de conteúdo das redes sociais, controle do governo sobre sindicatos, o fechamento do Congresso Nacional, o fechamento do Supremo Tribunal Federal, a proibição da existência de partidos e greves, a censura e a prisão de suspeitos sem autorização da justiça.