A força-tarefa da Operação Lava-Jato de Curitiba enviou ofício à Corregedoria do MPF relatando que uma auxiliar do procurador-geral da República, Augusto Aras, realizou manobra ilegal para copiar bancos de dados sigilosos das investigações.
Em resposta aos fatos ocorridos na semana, três integrantes da Lava-Jato pediram demissão por discordarem da gestão de Aras.
A auxiliar acusada é subprocuradora-geral da República Lindora Araújo.
Ela é a responsável pela negociação do acordo de delação premiada com Rodrigo Tacla Duran.
A subprocuradora esteve em Curitiba na quarta e na quinta-feira, em reuniões com a força-tarefa.
Segundo procuradores, a visita dela seria para realizar uma espécie de “inspeção informal” nos trabalhos da Lava-Jato.
Segundo o ofício enviado à corregedoria, Lindora “buscou acesso a informações, procedimentos e bases de dados da força-tarefa em diligência efetuada sem prestar informações sobre a existência de um procedimento instaurado, formalizado ou escopo definido”.
Lindora vinha cobrando os procuradores de Curitiba sobre investigações mais antigas que estariam em ritmo lento.
Afirmando que gostaria de examinar o acervo da força-tarefa e que seria acompanhada por Elizeta Maria de Paiva, corregedora do MPF, mas que Elizeta não teria conseguido viajar acompanhando-a por motivos de saúde, a subprocuradora justificou sua intenção fazendo referência ao “alto volume de trabalho” que atrasava as investigações.
Contudo, os procuradores da Lava-Jato, em telefonema para Elizeta, teriam recebido a resposta de que não havia procedimento algum na Corregedoria sobre o tema tratado.
“Na ocasião, a Excelentíssima Corregedora-Geral informou que não há qualquer procedimento ou ato no âmbito da Corregedoria que embase o pedido de acesso da Subprocuradora-Geral aos procedimentos ou bases da força-tarefa. Informou ainda que eventual embasamento para o pedido de acesso deveria ser indagado à Subprocuradora-Geral”, diz o ofício.
Questionada sobre o assunto, a PGR afirmou em nota que Lindora realizou “visita de trabalho” à força-tarefa para saber o atual estágio das investigações e que ela já havia solicitado, em ofício, o fornecimento da base de dados da Lava-Jato de Curitiba, mas que ainda não houve resposta.
Sobre o compartilhamento da base de dados, a PGR afirmou: “Não se buscou compartilhamento informal, mas compartilhamento formal com acompanhamento de um funcionário da Sppea (Secretaria de Perícia, Pesquisa e Análise), órgão vinculado à PGR. A solicitação de compartilhamento foi feita por meio de ofício no dia 13 de maio. O mesmo ofício, com o mesmo pedido, foi enviado para as forças-tarefas de Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro. Diante da demora para a efetivação do compartilhamento, a reunião de trabalho serviria também para se compartilhar o material com a Sppea. A medida tem respaldo em decisão judicial que determina o compartilhamento dos dados sigilosos com a PGR para utilização em processos no STF e no STJ”.