Observe bem o gráfico abaixo, que trata da aprovação do presidente junto às famílias com renda entre 5 e 10 salários.
Apesar de constituírem minoria numérica, essas famílias fazem um tremendo barulho nas redes sociais e formam o que se constituiu denominar “classe média”, um termo que, no Brasil, ganhou uma conotação oposta a que tem nos Estados Unidos.
Enquanto nos EUA, o termo classe média é associado à grande massa de trabalhadores do país, no Brasil, em função de um quadro muito mais dramático de desigualdade e miséria, a classe média é sinônimo, muitas vezes, de elite.
Entretanto, ela não é elite, apesar de muitos se verem assim, sobretudo quando confrontam suas conquistas com a dos mais pobres.
Seja como for, o famigerado “antipetismo” sempre se concentrou nesses setores sociais, o que se transmutou em voto em Bolsonaro em 2018.
O declínio do prestígio de Bolsonaro, porém, junto a esses eleitores, é brutal: em abril do ano passado, 43% das famílias com renda de 5 a 10 salários achavam o governo bom ou ótimo, e apenas 28%, ruim ou péssimo.
Hoje, esses números se inverteram: 33% consideram o governo bom ou ótimo (o que ainda é um bom número, todavia), mas 50% acham o governo ruim ou péssimo.
Uma evolução parecida ocorreu junto às famílias com renda entre 2 e 5 salários, que formam um setor social ainda mais relevante numericamente: Bolsonaro tinha rejeição de apenas 27% neste segmento em abril do ano passado; hoje sua rejeição é de 43%.
Vale notar que, entre as famílias mais pobres, a situação de Bolsonaro também não melhorou, apesar do Auxílio Emergencial, que significou, para muitos, uma ajuda nunca antes vista (embora tenha apenas compensado perdas muito maiores para a maioria das famílias).
Entre as famílias mais ricas, com renda superior a 10 salários, o prestígio de Bolsonaro também se deteriorou dramaticamente, com sua rejeição subindo de 28% em dezembro de 2019 para 52% em junho de 2020.
O Datafolha trouxe ainda um histórico da aprovação dos últimos presidentes, desde Collor, após um ano e meio de governo. Bolsonaro apresenta um dos piores índices. Tem rejeição mais baixa do que a de Fernando Collor, que em um ano e meio de governo já havia tungado a poupança dos brasileiros, e produzido uma das maiores recessões da nossa história.
Entre eleitores com ensino superior, houve uma oscilação para baixo da rejeição, que continua, porém, muito alta, em 53%; a nota bom e ótimo, neste segmento, chegou a seu nível mais baixo, 29%.
Interessante observar ainda que, entre eleitores menos instruídos, junto aos quais o presidente havia se recuperado em abril e maio, houve novamente uma piora acentuada de seu prestígio.